Tauami 24/06/2016
Acho que bateu a bad…
“Parafusos, zumbis e monstros do espaço… Mas que raio de nome é esse?!”. Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça quando topei com esta, que é a primeira obra publicada de Juscelino Neco.
Dolfilander é um nerd idealista preguiçoso. Depois de abandonar a faculdade de jornalismo para escrever um romance épico de ficção científica, ele dispara por acidente um parafuso que fica cravado no meio de sua testa de modo inoperável e se torna um agente secreto de uma organização não-governamental. Achou loucura? Juscelino nem começou a esquentar os motores dessa história.
Junto com um traço simplificado, remetendo o leitor a obras underground, Jucelino cria uma história surpreendente nos termos mais divertidos possíveis. Não temos certeza, em nenhum momento, para onde o álbum nos levará. Elementos da cultura pop que povoaram adolescência de toda uma geração, educada por filmes B e pelo Cartoon Network, são sobrepostos uns sobre os outros de uma forma extremamente cômica e tarantinesca, fazendo com que queiramos chegar ao final o mais depressa possível para saber como essa insanidade vai acabar. É como se a HQ impusesse o ritmo da leitura, tanto pelas ilustrações quanto pelo roteiro.
Jucelino é um artista foda! Em outros trabalhos menores, que ele divulga em seu blog pessoal, a faceta tragicômica que eu acreditei ter percebido em Parafusos, Zumbis e Monstros do Espaço se confirmou. Durante todo o desenrolar do álbum, percebemos a insignificância do protagonista. Quando ele questiona as situações em que ele está inserido, vemos que isso é usado como recurso para trazer aos olhos o quão ridículo ele é.
Isso se estende as vestimentas, a motivação e ao modo de combate dele. Esses elementos juntamente com a resolução da trama, me fez sentir um leve vazio existencial, criando em mim a ideia de que Jucelino buscou encarnar todas as frustrações – sonhos não vividos e um mundo não explorado – de uma prole bombardeada por informação e metas, mas desprovidas de meios.
Parafusos, Zumbis e Monstros do Espaço é um trabalho grandioso em muitos sentidos, que se disfarça em meio ao no sense do próprio mundo em que foi concebido. Tendo 112 páginas e lançado pela Editora Veneta, essa HQ serve com esmero tanto para aqueles que buscam um entretenimento rápido quanto para outros mais interessados em viagens existenciais vertiginosas.
Agora, tudo o que eu consigo imaginar é como seria essa montanha-russa em cores… Espero que Jucelino se proponha a fazer isso. Logo.
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