Os tambores de São Luis

Os tambores de São Luis Josué Montello
Josué Montello
Josué Montello




Resenhas - Os tambores de São Luis


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alinepickles 22/04/2024

Os Tambores de São Luís foi sem dúvidas a minha melhor experiência literária do ano, a narrativa é tão envolvente que constantemente eu me vi caminhando pelas ruas do centro ao lado de Damião. Os fatos e personagens históricos citados no livro dão uma solidez indescritível que nos fazem recorrer a pesquisa o tempo todo e nos imergem ainda mais na história. Foi um livro que me despertou as mais variadas sensações, e não raro eu me peguei sorrindo, chorando, me emocionando, sentindo raiva e impotência diante dos fatos narrados com tanta precisão. Deveria ser leitura obrigatória a todo maranhense, e virou meu livro favorito da vida.
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Valéria Cristina 10/03/2023

Um dos melhores livros que li...
Em uma narrativa não linear, a história se passa em apenas uma noite, em São Luís, no Maranhão. Enquanto percorre a cidade, ao som dos tambores da Casa-Grande das Minas, em direção à casa de sua bisneta onde está para nascer seu trineto, Damião percorre também sua vida.

Ao relembrar o caminho vencido até ali, quando aos oitenta anos se prepara para receber mais uma criança, Damião nos desenha o retrato da sociedade maranhense do século XIX: escravocrata, racista e elitista. Desde sua infância na fazenda Boa Vista, a passagem pelo quilombo, a chegada ao seminário na Capital até sua maturidade atual, ele põe-nos em contato com a realidade dos escravizados: a bárbara situação de homens e mulheres de todas as idades submetidos a outros homens no jugo do cativeiro. A infâmia, a desumanidade, o sofrimento, os maus-tratos sem igual são as tônicas da vida desses seres que foram brutalmente degradados ao longo de três séculos.

À par disso, temos contato com a rica e ancestral cultura africana dos vodus que dançam ao som dos tambores, evocando as raízes de África que seus filhos são olvidam. As festas populares, com suas manifestações folclórica, também fazem parte desse quadro composto por Josué Montello.

Em seu caminho pela cidade, Damião descreve com minúcias a geografia da capital do Maranhão com suas praças, ruas, sobrados, portos, sua fauna e sua flora exuberantes, bem como seus habitantes. Misturadas a personagens fictícias, conhecemos figuras notáveis da época: Donana Jansen e Dona Ana Rosa Ribeiro, ambas cruéis senhoras de escravos; os poetas Gonçalves Dias, Sousândrade e diversos políticos dessa época do Brasil Imperial.
Ainda, acompanhamos alguns dos principais acontecimentos políticos daquele momento histórico. A promulgação da lei do ventre livre, da lei Feijó e da lei dos sexagenários, todas absolutamente ineficazes. Também seguimos a promulgação lei que aboliu a escravidão e caos que causou: pessoas, agora livres, despojadas de teto e comida, sem amparo nenhum pulularam nas ruas de São Luís, gerando uma enorme crise social. Após esse evento, vemos a Proclamação da República e os embates entre monarquistas e republicanos.

Ao longo de toda a narrativa, observamos os sentimentos que animam Damião, desde a impotência que o acomete diante da situação em que se encontram os negros no Maranhão, as tristezas pelas perdas e fracassos, as alegrias pelos ganhos e conquistas, os amores e os desamores, até a sobriedade, a placidez e a realização da velhice.

E nós, leitores, muitas vezes com lágrimas nos olhos e em contato com personagens inesquecíveis (Damião, Julião, Barão, Genoveva Pia, Padre Policarpo, Benigna, Santinha), nos perguntamos o tempo todo: como uma terra de paisagem tão exuberante pode abrigar tanto horror, tanta dor e injustiça? Como seres humanos puderam perpetrar tamanha crueldade contra outros seres humanos? Entendemos, também, porque o racismo estrutural se formou no país e ainda persiste.

Ao fim, refletimos que nunca é demais ler a respeito desse período nefasto da História, pois é preciso conhecê-la para jamais repeti-la.

Josué de Sousa Montello (São Luís, 21 de agosto de 1917 — Rio de Janeiro, 15 de março de 2006) foi um jornalista, professor, teatrólogo e escritor brasileiro. Trabalhou como diretor da Biblioteca Nacional, do Museu da República, e do Serviço Nacional de Teatro, escreveu para a revista Manchete e o Jornal do Brasil, além de trabalhar no governo do presidente Juscelino Kubitschek. Foi diretor do Museu Histórico Nacional de 1959 a 1967.
Entre suas obras destacam-se Os tambores de São Luís, de 1965, a trilogia composta pelas novelas Duas vezes perdida, de 1966, e Glorinha, de 1977, e pelo romance Perto da meia-noite, de 1985.
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Raphael 03/02/2022

Romance definitivo sobre a escravidão e o pós-escravidão
20º livro de 2021 ? Os Tambores de São Luís
Autor: Josué Montello
Edição Especial com o apoio da SECMA.
[Resenha atrasada]

Nota: 5,0/5,0 ? Estatura de clássico, o romance definitivo sobre a escravidão e o pós-escravidão

São Luís do Maranhão, 1915. É noite. Da Casa Grande das Minas, na Rua de São Pantaleão, ressoam os tambores rituais, ?graves, nervosos, compassados, guardando intacto o seu batuque primitivo?. A escravidão, formalmente, não existe há quase três décadas, embora as suas marcas sejam facilmente identificáveis ali mesmo, entre os circunstantes, muitos dos quais sentiram no dorso a violência do chicote e padeceram as agruras do cativeiro. Entre eles, enredado por uma aura de respeitabilidade, construída pelos longos anos de luta pelo fim deste crime social, encontramos um negro octagenário, que, no momento, enlevado pela cadência dos instrumentos, sente algo de indefinível, como que reintegrando-se ?ao mundo mágico de sua progênie africana?. Ecoa em sua alma o clamor da ancestralidade. É Damião, herói deste romance.

Ficamos sabendo, logo de início, que a trineta de Damião está para nascer a qualquer momento e que ele, deixando a Casa das Minas, tenciona ir ao seu encontro, deslocando-se à pé até o bairro da Gamboa, que dista dali algo em torno de dois quilômetros. Ao longo da noite e do romance, acompanharemos Damião ao longo desse trajeto, sempre acompanhados pelo ressoar evocativo dos tambores ancestrais, que nos conduzirá através de suas reminiscências, fazendo ressurgir diante dos nossos olhos toda a violência e injustiça de um Brasil escravocrata.

Assim tem início esta obra monumental de Josué Montello, um romance histórico de fôlego cuja narrativa épica dura o tempo de uma noite e a noite de um século, no trânsito permanente entre o passado e o presente, entre o sentido do agora e o mergulho na carne de um negro escravizado que ousou ascender socialmente. Neste mergulho, o leitor, atônito, verá passar diante dos seus olhos uma galeria de mais de 400 personagens, entre figuras inventadas e personalidades históricas ficcionalizadas.

Desdobrar-se-á, portanto, a saga de um negro que, tendo nascido na senzala de uma fazenda do interior maranhense, conheceu as agruras da escravatura, padecendo no tronco e na cafua; que experimentou a fuga e a resistência nos quilombos; que, uma vez capturado, viu o pai preferir ser estraçalhado pelas piranhas, misturando o seu sangue às águas de um rio, a retornar ao jugo do chicote; um negro que, a despeito do ódio e da crueldade que lhe votava o seu senhor, acabou sendo bafejado pela sorte ao conseguir se colocar sob a proteção da Igreja ? ou mais propriamente de um bispo ? o que lhe abriu caminho para a alforria e para uma relativa ascensão social através da cultura. Uma ascensão, frise-se, conquistada a duras penas, lutando contra uma sociedade furiosamente racista que tudo fazia por adestrá-lo, por subjugá-lo e, se não lograva fazê-lo, por humilhá-lo. A condição de Damião, a certa altura, faz-me lembrar a pena de Darcy Ribeiro, que deixou gravado em O Povo Brasileiro o seguinte trecho: ?Ascendendo à condição de trabalhador livre, antes ou depois da abolição, o negro se via jungido a novas formas de exploração que [?] só lhe permitiam integrar-se na sociedade [?] na condição de um subproletariado, compelido ao exercício de seu antigo papel, que continuava sendo principalmente o de animal de serviço.? Animal de serviço não chegou a ser... mas houve momentos em que muitos dos escravos de São Luís, por desafortunados que fossem, estavam em melhor situação que Damião, pois pelo menos tinham o que comer.

Sob a proteção do bispo e do Padre Tracajá, este um mulato, Damião estuda para ser padre. Destaca-se em todas as cadeiras do Seminário, converte-se em um aluno notável e a erudição adquirida lhe granjeia afetos e desafetos, na medida em que seu desenvolvimento notável colhe também o despeito de colegas e professores. Por fim, a Igreja corta-lhe as asas, impedindo a sua ordenação. Acabrunhado, não se rende Damião. Faz-se latinista e professor, mas paga um preço alto ao denunciar, da cátedra, diante de uma turma de alunos brancos, as injustiças da escravidão, com o sangue a queimar-lhe de indignação com a brutalidade do assassinato de uma negra que ousara acoitar escravos fugidos.

A trajetória de Damião, no entanto, está longe de ser linear. Consciencioso do crime perpetrado contra os negros, revolta-se. Humano, vacila e vivencia um perene conflito interno, ressentindo-se da acomodação a que sua situação privilegiada lhe convidava, quando a cultura auferida lhe impunha um dever moral: insurgir-se contra a ordem escravista e fazer algo pelos seus irmãos e irmãs que ainda padeciam a violência do cativeiro..

Para mim, em particular, enriqueceu muito a experiência de leitura ter podido ir a São Luís do Maranhão enquanto lia o romance, caminhar pelas mesmas ruas que Damião caminhou, observar os casarões que eram ao mesmo tempo testemunhas e cúmplices daquele Brasil escravocrata, contemplar as fachadas dos sobrados e olhar para os beirais enquanto apurava os ouvidos, à procura da ?bulha brejeira? dos bem-te-vis, tão destacada pelo narrador montelliano. E ter podido conhecer a Casa de Cultura Josué Montello, ouvir sobre a vida e a obra do escritor, conversar com pessoas que conviveram com ele, conhecer o seu processo de escrita ? e saber, por exemplo, que Montello costumava escrever sobre um mapa da cidade de São Luís, generoso no detalhar do trajeto percorrido pelo seu herói romanesco, indicando cada rua, cada beco, cada travessa, cada casarão, enquanto fazia emergir do romance a cidade secular. Montello, sem dúvida nenhuma, constrói um grande retrato de São Luís, digna moldura de uma narrativa que tem estatura de clássico da literatura brasileira, mas que infelizmente é em grande medida desconhecida.

Com apuro estético ? apesar de me ter causado algum incômodo o uso de artigo definido antes de nomes próprios, fora do contexto da oralidade, própria dos diálogos ? e sem adquirir um tom panfletário, ?Os Tambores de São Luís? se constitui também como um romance-denúncia. Diz sobre o povo que somos, sobre o negro na escravidão e no pós-escravidão, diz sobre o racismo.

E o final deste romance ? as duas últimas páginas, os últimos parágrafos... esse final, meus caros, consegue fazer com que um romance de que eu já vinha gostando muito, ao longo de toda a leitura, crescesse ainda mais. Sem sombra de dúvida, uma das melhores leituras de 2021.
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Elis 09/01/2022

Livro surpreendente
Josué Montello é um escritor maranhense fenomenal. Essa foi a primeira vez que tive contato com a escrita dele e me apaixonei. No livro "Os Tambores de São Luís", Josué Montello narra a história de Damião, escravo em uma fazenda lá de Turiaçu (interior do Maranhão). Ao decorrer da narrativa, o leitor encontra cenas de tirarem o fôlego, tanto por serem muito felizes, como por serem muito tristes. A trajetória de Damião é muito envolvente, e o leitor fica com sede de leitura. O final da história conta com uma reviravolta surpreende, de cair o queixo. Vale muito a pena embarcar nessa aventura.
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kiki.marino 25/07/2021

Escravidão  "a doença  do Brasil "
Além  de uma ficção  histórica  competente  Josué  Montello  conseguiu criar uma obra bem estruturada,  que tece a vida de Damião um negro alforriado, desde  a infância ,vida  adulta, até a velhice  sob os tambores  da Casa de Minas,nas ruas de São Luís do Maranhão . Que traz relatos de sua vida através  reflexões e questões  humanistas ,religiosas ,políticas  e filosóficas  sobre  a sociedade colonial brasileira e essa "doença" arraigada  e que se mantém  até estes dias  de elitismo ,injustiça  discriminação  racial em nosso país .

Damião  filho de líder  de quilombo :Julião,  que prefere a morte  a voltar a escravidao. Um fato marcante que é  testemunha  e que carrega para toda a vida . É  interessante  como o escritor traça está semelhanca/diferença e dualidade  entre pai  e filho ,da busca da liberdade , resistência  através  da luta/violência ou passiva/educação. O filho opta  pelo segundo  mas um penoso e sofrido processo para encontrá-lo .

O caminho religioso  ao tentar se tornar padre ,onde também  encontra barreiras e decepções em uma Igreja Católica que é envolta pelo elitismo colonial,do domínio do dinheiro  e dos olhos fechados para a violência e escravidão a  que os negros são  submetidos.

O escritor  escolhe não    banalizar  a violência  ou causar uma comoção  vazia e de piedade ao leitor. Mas ao decorrer decorrer da trama  acompanhamos  uma gama de personagens  interessantes como Genoveva  Pia, "Barão ", Padre Tracaja , com seus ideais e destinos ,impactam e transformam  a vida de Damião, de um homem  só à uma comunidade .

O livro também traz um passeio pelos fatos
históricos da época ,tal como: A epidemia de varíola Guerra  do Paraguai ,Guerra dos  Balaios ,até  a polêmica "Lei Áurea ". De pessoas reais  que se tornaram  lenda urbana como Donana  Jensen e outros casos reais  ficcionalizados.

Uma leitura sólida  sobre a formação do Brasil assim como literária.

Obs: Damião é  um personagem que não  gostei até  o fim,porém a verdadeira  heroína mártir deste livro  é  Genoveva  Pia.
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Bruno.Rafael 15/07/2021

Um livro regionalista que conta muito sobre a história do Brasil
Os tambores de São Luís conta a história de vida do ex-escravo Damião, um octogenário que está prestes a conhecer seu trineto. É através de sua caminhada entre sua casa e a de sua bisneta que ele relata a sua vida, através de pensamentos e ora ou outra voltando para o presente. Já aí podemos ver a criatividade no estilo da escrita de Josué Montello, que na maioria dos capítulos, brinca com o uso do tempo, mostrando um fato desconhecido que ocorre no ínicio do capítulo, e em seguida, voltando para o passado para justificar o início e partindo para um novo desenlace da narrativa no futuro. Parece confuso e até difícil de explicar, mas ele escreve de uma forma que esse método por ele aplicado se torne simples e instigante para a leitura. E ainda, sem palavras e expressões difíceis, tudo em uma linguagem simples e acessível. E por vezes, com muito humor, mas logo, entrando em um assunto sério, ele vai alternando entre esses momentos. O livro contém trechos que são memoráveis!

A história se passa, majoritariamente, no período colonial do Brasil, no estado do Maranhão, indo desde a revolta dos negros na Balaiada até os primeiros anos do período republicano, e isso sob os sons dos tambores da Casa das Minas de São Luís, daí o título do livro. Este é um livro que conta sobre a cultura, as comidas, as lendas, as paisagens, o ambiente (sempre ao som dos Bem-te-vis), entre tantas outras características que são típicas do Maranhão, o que torna esse livro bem regionalista, mas por outro lado, conta sobre eventos marcantes que ficaram marcados na história do Maranhão, como a Balaiada, e que ao mesmo tempo reverbera na própria história do Brasil. E outros eventos que são mais de cunho nacional, como as Leis do Ventre Livre e a dos Sexagenários, que o autor sabe incorporar muito bem no contexto regional, nos dando uma dinâmica desses eventos em um âmbito mais familiar, mais doméstico, o que é o contrário do que, no geral, os livros de história do Brasil fazem, dando um panorama mais amplo. E isso é muito interessante para quem é maranhense, porque vai conhecendo a história do seu lugar de origem, e também para quem é de outro estado, porque passa a conhecer a história do seu país sob uma ótica regional. E digo isso, porque Montello faz uma obra de ficção entremeada por vários fatos históricos e pessoas reais, que são exemplos, o julgamento da Baronesa de Grajaú que matou um de seus escravos a pancadas, a histórica rinha entre os bispos e os governantes do Maranhão, a conhecida história da Princesa Isabel e sua assinatura da Lei Áurea, e de pessoas, temos o escritor Sousândrade, a Baronesa já citada, alguns governantes... e essa mistura de fatos reais com a ficção deixa a obra riquíssima, fazendo dela uma obra de entretenimento e estudo histórico. Isso requer muita pesquisa e criatividade do autor, e não é fácil de fazer, mas Josué Montello o fez de maneira espetacular. Vale também o destaque da diversidade de personagens, saindo dos estereótipos clássicos de escravos e dos brancos. Em vários momentos, ele retrata isso muito bem, mostrando que há escravos que querem liberdade, enquanto outros querem continuar nas suas vidas com suas Sinhás, e brancos que metem as chicotadas, mas há também aqueles que lutam pela liberdade e são fraternos com a condição deles.

A história do livro não é apenas a de Damião, é também a saga de toda uma população, a dos escravos, e mais especificamente, a saga dos escravos maranhenses em um pouco mais de 600 páginas. É a história de luta contada através do sangue escorrendo depois das chicotadas, da fuga de quem não aguentava mais os castigos, da escolha da morte a ter que continuar a viver em desgraça. Morte, muitas mortes são contadas neste livro e elas são de uma importância grande para a narrativa. A história desse livro é também a história horrenda de todo o mal que o Brasil fez aos negros, sejam eles escravos, sejam eles já com suas cartas de alforria, e Damião viveu os dois lados, e soube que em qualquer tempo e em qualquer condição, não adiantava nada o quanto ele subisse em seu status socialmente, a pele preta dele estava sempre lá, a lhe dizer que não era seu conhecimento e suas habilidades excepcionais como ser humano que era visto primeiro, mas a sua pele e a condição de que como negro, não merecia o devido respeito e honra que lhe era de direito, pois em terra de branco, preto sempre seria preto, e devido a cor da sua pele, os brancos sempre lhe incumbiriam a condição de donos deles. As coisas melhoraram muito, depois de 1888, mas o pré-conceito ainda continua sendo preconceituoso.

Josué Montello, através de sua obra-prima, demonstrou estar no mesmo patamar dos grandes escritores maranhenses como Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, quiçá, entre um dos grandes escritores nacionais. As editoras poderiam dar mais atenção para esse autor esquecido e lançar edições de Os tambores de São Luís que sejam dignas dessa grande obra, para que novos leitores conheçam esse autor e seus livros. É um autor que foi capaz de retratar muito bem o Maranhão, particularmente São Luís, seu povo e sua cultura, mas também nosso Brasil e seu povo aguerrido, principalmente os negros, que foram a base do que nós conhecemos como país atualmente. Grande autor, grande obra!
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Luzia67 07/09/2020

Esta é a edição especial. Clássicos da literatura brasileira são sempre otimos de ler. Aqui vc passeia pela velha São Luís, ainda no tempo da escravidão e sente na pele o sofrimento deste povo sofrido, que veio na marra para erguer este país.
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><'',º> 07/01/2020

Os tambores de São Luís é a obra-prima romanesca de Josué Montello. É a crônica de uma época, sem deixar de ser obra de ficção; é um relato de ordem histórica, onde também avultam os sobradões de azulejos, os portais de pedra, os mirantes, os balcões sobre a calçada de cantaria, as sacadas de ferro, o velho casario, as ruas, as praças, os becos da cidade.

Fonte: Introdução de resenha postada pelo Passei Web disponível na íntegra em

site: www.passeiweb.com/estudos/livros/os_tambores_de_sao_luis
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Dan 04/09/2019

"Eu sei que meu sangue é da mesma cor do sangue desses escravos" D. pedro
Primeiro dizer que essa obra é um painel cultural de toda são luis do maranhão.. desde os tambores do querebetã da casa das minas até os lampiões de gás que demarcam as ruas lucilando todo centro histórico.
Damião pode ser entendido como um resquício presente em todo cidadão ludovicense que muitas das vezes não sabe, mas como cidadão dessa terra, tem o vinculo do passado.

Toda saga tem intensidade, repleta de reviravoltas, opressão, preconceito, sangue violência; tudo pra ilustrar um sec xix de caos entre casta dominante e subordinados escravos. Josué compõe um enredo colocando personagens fictícios e reais para se relacionarem dando mais carisma para a história.
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Jackau 25/08/2019

Livro fascinante que contaa de maneira crua e realista a escravidão no nordeste.
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Bruno 23/08/2019

Viciante!!!
A história faz uma minha do tempo sobre a vida dos negros no Maranhão, no entanto, não é nada monótona na verdade ela prende o leitor cada vez mais para descobrir o que irá acontecer com o Damião! (Pra quem é maranhense, principalmente ludovicense, a narrativa torna-se mais empolgante, já que tem-se uma ideia da realidade colonial ludovicense ao passear pelas ruas do centro histórico).
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><'',º> 13/06/2019

O livro “Os tambores de São Luís” é um dos principais romances de Josué Montello. Através de Damião, o leitor acompanha a saga do negro brasileiro, suas lutas, dramas e tragédias que vão desde a chegada do negro ao Brasil, vindo em navios negreiros, passando pelos horrores da escravidão, da luta pela abolição do cativeiro, até alcançar os preconceitos dos quais são vítimas. Assim, Montello refaz imagens dos tempos do cativeiro e retrata ambiente cultural, político, econômico e as tensões que marcaram as relações entre senhores e escravos.

Publicado em 1975, a narrativa começa na noite em que está para nascer o trineto de Damião. Por não ter encontrado um carro de aluguel que o levasse ao outro lado de São Luís, Damião atravessa a cidade a pé a fim de conhecer o trineto que está nascendo. E são as batidas dos tambores de Mina, vindo da Casa das Minas, que o acompanham nesta travessia. Tudo isso permeado por passagens históricas da escravidão na segunda metade do século XIX.

A história se passa em feed-back, com os pais do personagem fugindo do cativeiro com os filhos Damião e sua irmã. A obra regata a luta de Damião contra a escravidão e suas piores consequências. Sua chegada a São Luís e a tentativa frustrada de se tornar padre, impossibilitada pelo preconceito das classes dominantes mesmo sendo reconhecidamente um homem de inteligência incomum. Na capital, casa e tem um casal de filhos. Enquanto a filha lhe dá netos, bisnetos e um trineto, o filho muda-se para os Estados Unidos e nunca mais dá notícias.

Em meio a tudo isso, o amor de Josué Montello por São Luís. São ruas, becos, casarões e, claro, seus tambores, as vozes dos negros escravos que ecoam nas noites da cidade.

Fonte: ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

site: www.academiamaranhense.org.br/cortejo-relembra-cenario-do-livro-os-tambores-de-sao-luis/
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><'',º> 13/06/2019

O escritor maranhense apresenta toda a saga do negro, desde a sua origem africana, sua viagem nos navios negreiros, até a chegada em nossa terra. 'Os tambores de São Luís', cuja narrativa transcorre durante uma noite e algumas horas da manhã seguinte, conta, em tom épico, uma história de três séculos de lutas e insurreições.

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Ana Karolê || @anakaroline_gc 12/02/2019

Uma paixão sob o som dos Tambores de São Luís.
Numa noite de 1915, Damião sai de casa para ver seu trineto nascer do outro lado da cidade de São Luís. Embebido em nostalgia, o negro passa pelas ruas e sobrados relembrando cada passo de sua história, desde sua concepção africana, a escravidão à liberdade física, mental e amorosa.
Nesse caminho, Damião esbarra em um crime dentro de um bar: o assassinato de dois homens, o dono do lugar e um negro bem-apessoado. Com medo de más interpretações, Damião segue seu caminho sem imaginar que aquela cena poderia mudar o restante de sua vida.
Tambores é uma saga negra. Embora o livro inicie as 22h e termine as 9h do dia seguinte, Montello nos leva do presente ao passado para contar os ciclos da história do Maranhão que se entrelaça com a vida de Damião. São mais de 400 personagens que contam as origens, lutas, tragédias e anseios de um povo negro numa sociedade em que a escravidão pertencia à ordem natural das coisas.

"A liberdade não pode ser um privilégio da raça branca, porque é uma aspiração natural da condição humana. Toda restrição à liberdade constitui uma violência contra essa aspiração.” (273)

Ler Montello foi um sonho! A imaginação e descrição do romancista torna o livro formidável. Uma grata leitura. Serena e intensa em cada palavra posta.
Vê-lo retratar o cenário, o ambiente cultural, a política, economia e religião da época, é incrível. Ao andar nas ruas descritas por Damião, ver os sobrados, pude perceber a mudança que a cidade sofreu no decorrer dos anos.
Indico o livro a todos, mas se você for maranhense, NÃO TEM COMO NÃO LER. Josué Montello é um orgulho. Permita-se conhecê-lo. Permita-se conhecer São Luís. Confesso que pra mim era impossível estar mais apaixonada por esta terra. Uma paixão sob o som dos Tambores de São Luís.

"(...) não sabia dizer ao certo de onde vinham aqueles tantantãs compassados, tocados por mãos de negros. Era o mesmo batecum inconfundível, que todos os ouvidos podiam ouvir, mas que só os negros realmente escutam, com vivências nostálgicas de sua origem africana." (125)

Desafio: DLL19
Tema: O livro mais antigo da sua estante

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