/QMD/ 20/11/2013
Sophia já trocou mensagens em guardanapos.
Por conta do sucesso no Facebook, não foi difícil colocar este livro na lista dos desejados, estourar o porquinho e comprar este livro na pré-venda. Também foi bem fácil ler este livro logo que ele chegou, em menos de uma hora. Hoje, a resenha de "Eu me chamo Antônio", de Pedro Gabriel.
Eu me chamo Antônio é sobre a vida boêmia de um personagem. É sobre cada um dos amores desse cara, sobre os meus amores e sobre seus amores também. Antônio é aquele amigo que todo mundo sempre quis ter, pronto para dividir seu tempo, seu ombro e seu chope. É poeta, é ilustrador e é ilustrador de poesias.
Antônio tem uma vida bem comum, com as mesmas decepções e sonhos que a grande maioria das 350 mil pessoas que o seguem no Facebook. Logo, partir de uma história ou acontecimentos se faz desnecessário. Tudo no livro gira em torno de pequenas frases, pensamentos, trocadilhos e figuras de linguagem, rabiscados em guardanapos pelo autor, Pedro Gabriel.
Pedro Gabriel nasceu para as palavras. Isso fica visível a cada trocadilho bem feito, a cada letra trocada que ganha novo significado, a cada espaço em uma palavra longa que se transforma em duas palavras pequenas. Saber brincar com as palavras também não basta. Ele brinca com frases. Brinca com sentimentos. Brinca com o leitor, o fazendo de gato e sapato na dança da "desilusão amorosa" com o "ainda assim, preciso de um amor".
Além de dar novos valores a cada letrinha, dá um valor enorme aos seus guardanapos. É algo simples e sem-graça (?), mas que ganha requinte e bom gosto quando suas micropoesias são desenhadas em nanquim. Nada de letras pregadas ou o analogismo da máquina de escrever. Ele cria curvas que remetem ao grafite, ao urbano, à mulher amada. Cada pedaço da frase se mistura com alguns desenhos (pessoas, símbolos, objetos, astros...) e cria coisas únicas, singulares. Estilo próprio, baby.
Outra sacada bacana é Pedro assumir que nos confunde, às vezes, com sua letra curvada, que brinca de tipografia. O dicionário de legendas com todas as frases bem escritas acabou sendo útil em alguns momentos.
Imaginei que o livro traria boas doses de conteúdo extra ou, ao menos, um monte de guardanapos de Pedro Gabriel e seu Antônio. Porém, várias páginas são ocupadas com fotografias que, apesar de complementar o texto ou darem um plano de fundo para alguns escritos, deixam o tempo com o livro ainda menor. Penso que seria legal uma coletânea com mais guardanapos, mais páginas. Todos os registros do poeta, quem sabe. Um segundo, terceiro, quarto volumes... Não me canso dele, Intrínseca!
site: Mais: http://www.quermedar.com/2013/11/antonio.html