Cris Paiva 02/09/2015
Quando esse livro foi lançado todo mundo falou bem, disse que era lindo, maravilhoso e que era o tal. A autora não quis escrever algo excepcional, mas uma história de amor despretensiosa entre o herói do colégio e uma garota comum, até meio feiosinha. E cumpriu com o que se propôs. Acho que até por isso, conseguiu tantos seguidores apaixonados.
Fern é ruivinha, cheia de sardas, baixinha, usa óculos, aparelho e é filha do pastor da comunidade. Ela tem um melhor amigo, seu primo Bailey, que tem distrofia muscular e usa uma cadeira de rodas. Os dois são inseparáveis. Desde que criança ela tem uma quedinha pelo Ambrose, o herói local, campeão do time de luta livre do colégio. O Ambrose é aquele rapaz atlético que todos os alunos aspiram ser, e causa inveja na concorrência.
Fern é uma boa amiga, esse é o grande problema dela. Ela ajuda a sua amiga, Rita, a escrever umas cartas para conquistar o Ambrose, no melhor estilo Cyrano de Bergerac. Ambrose se apaixona pela garota das cartas, que não tem nada a ver com a Rita, e quando descobre quem é a verdadeira autora ele fica realmente magoado e se sentindo traído.
Ao final do colégio, movido pelo impacto do 11 de setembro, decide se alistar no exército e leva junto com ele, seus quatro melhores amigos, e companheiros do time de luta livre. Os cinco partem para Iraque para lutar contra o ditador Saddam Husseim e Fern fica na cidade se sentindo culpada por ter magoado o Ambrose, mas segue com a própria vida.
Se passam dois anos e seu pai, o pastor recebe uma noticia inesperada em uma madrugada. Uma bomba atingiu um comboio no Iraque e matou quatro dos cinco jovens que partiram para a guerra. Ambrose foi atingido por estilhaços da bomba e foi internado em estado grave.
Depois de uma longa e demorada recuperação, Ambrose volta para a cidade, mas não consegue encarar as pessoas do local. Primeiro, porque se sente culpado, afinal foi ele quem convenceu os amigos a partirem para a guerra com ele. Em segundo porque seu rosto foi destruído pela explosão. Ele não tem mais rosto normal, sua orelha agora é de plástico, não tem mais cabelo, e ficou com um olho cego. Não lembra nem de longe o modelo de cuecas que costumava ser.
Ele começa a trabalhar no turno da noite na padaria do pai, assim ele consegue evitar praticamente todo mundo e não fica trombando com pessoas por ai. O problema é que a Fern é caixa do mercado onde fica a padaria, e ela passa algumas boas horas trabalhando junto com ele e infernizando a vida do pobre coitado com recadinhos no quadro de avisos. As vezes ele responde, outras ele dá um gelo nela, mas a insistência da Fern, com a uma ajudinha providencial do Bailey e um karaoke, vão tirando o Ambrose da concha. Os dois amigos parecem achar o máximo que ele tenha uma orelha removível e parecem não se importar com sua cara remendada à la Frankenstein, e ele começa a ver que existe uma vida após a sua "morte".
O romance, ou quase-romance do casal é fofo, mas o Bailey foi de longe quem roubou todas as cenas. Eu ficava esperando o menino com sua cadeira de rodas e capacete de mineiro aparecer para me deliciar com seu bom humor e seu jeito único de encarar a vida.
Como eu disse no começo, não é um romance excepcional, mas é muito bonito e merece se lido, quer seja pelos personagens principais ou pelos secundários. A autora soube contar uma boa história em um livro filho-único. Nada de séries por aqui, graças a Deus!