Já comentei diversas vezes aqui no blog que não me canso de distopias, mesmo depois de tantos livros ainda consigo encontrar obras que se sobressaem e a trilogia da autora Jennifer Rush foi uma das que me chamou atenção desde que a vi no Goodreads. Não exatamente uma distopia e tão pouco apenas um thriller com ficção-científica, a história apresentada por Rush surpreenderá pelo tom e envolverá pelos mistérios.
Tudo o que Anna conhece de sua vida é o laboratório no subterrâneo de sua casa afastada de uma pequena cidade. Sua mãe morreu quando ela era pequena e seu pai trabalhou durante toda sua vida para a Agência. Anna ainda se lembra da primeira vez que desobedeceu o pai, entrou no laboratório e descobriu os quatro garotos, Nick, Cas, Trev e Sam. E com o passar dos anos Anna estabeleceu uma rotina de visitas durante a noite e de uns anos para cá trabalho durante o dia junto ao seu pai. Pequenas coisas que nunca tirou a dúvida sobre sua cabeça, porque os garotos estavam ali. Porém Anna aprendeu que nunca deve se questionar sobre os propósitos da Agência para os garotos. A paixão platônica por Sam e a amizade com Trev fazem a vida de Anna mais tolerável, assim como o diário da mãe, mas as perguntas que Sam fez sobre seu acesso a arquivos pessoais a deixa intrigada, assim como as letras que viu em seu corpo. Quando o pai recebe um telefonema de Connor, o contato do projeto na Agência, Anna fica tensa. E se ele levá-los embora? Quando Connor chega com uma equipe grande de homens armados Anna tem certeza de que há algo errado, mas não tem tempo de pensar em que. Quando menos espera Sam, Cas, Trev e Nick subjugam os guardas. Eles não estavam apagados com o gás. Sam enganou Anna por meses para conseguir canudos e uma forma de fugir. A fuga é um banho de sangue e com a ajuda do pai de Anna eles conseguem escapar. O único pedido dele é que levem Anna com o grupo. Sem memória, com poucas pistas do passado, fugindo da Agência que os prendeu e apagou suas vidas os rapazes tem pouco tempo para descobrir que eles são apenas a ponta de um iceberg e que Anna está mais ligada a todos do que imaginava.
É a partir dessa premissa que a autora desenvolve a apresentação de uma trama que mistura magnificamente elementos da ficção-científica com o ritmo ágil dos thrillers e o tom sombrio de tramas distópicas. Rush à medida que desenrola a fuga dos garotos constrói uma trama nas entrelinhas de forma perspicaz e inovadora, que instiga o leitor a seguir em frente. Mistérios, traições e segredos correm pela narrativa intricada da autora e só não soa mais rica do que já é porque ficamos um tanto limitados pela voz narrativa de Anna. Seria perfeito ter o lado de Sam e seu processo de recuperação da memória. A ambientação é tão vívida e ágil quanto a narração, com descrições precisas a autora leva o momento e as mudanças de cenário de forma clara ao leitor.
Ao desenrolar a trama com cinco personagens envolvidos na trama central Rush arriscou, mas conseguiu conduzir a história de forma harmoniosa, mantendo o ritmo ágil sem perder o fio nem por um segundo. É válido inclusive dizer que a trama ganhou mais profundidade e desenvolvimento justamente por ter cinco personagens no centro. A autora conseguiu construir de forma definida todos os personagens, cada um com suas nuances e personalidades que se aliaram numa trama que pouco a pouco reconstruiu o passado e definia o futuro. Sam é um ótimo personagem, e como disse anteriormente a história teria ganho com sua voz narrativa. Nick também é muito interessante, talvez o mais e com uma personalidade mais densa e rica do que os outros. Cas e Trev não ficam atrás com sua amizade com Anna, que por sua vez surpreende amadurecendo e se tornando uma forte personagem. O fim foi tenso, com reviravoltas imprevisíveis e uma promessa para o próximo livro.
Leitura rápida, com trama instigante e ágil, marcada por ótimos personagens e um conceito muito interessante. Jennifer Rush construiu uma trama que passeia pela ficção-científica com ritmo de thriller, surpreendendo o leitor com uma história criativa e perspicaz. A edição da (...)
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