arrobasamara 07/09/2023O historiador ao pesquisar documentos inquisitoriais em Udine encontra uma frase de que uma pessoa foi condenada por acreditar que o mundo tinha origem na putrefação, se interessou e pesquisou mais até se deparar com a história de Domenico Scandella, o Menocchio, nascido em 1532, era um moleiro, que se dizia muito pobre, poucas vezes saiu de sua aldeia de Montereale, não sabia grego ou latim, no entanto era autodidata, sabia ler, escrever (e imaginar muitas coisas).
Menocchio viveu no contexto do domínio da Igreja Católica começa a ser questionado com ideais reformistas, principalmente ideais luteranos. No entanto ele próprio não era um luterano, ou anabatista.
Embora em contato com alguns livros e também conhecimentos passados de forma oral por outros, Menocchio não reproduzia simplesmente o que ouvia, tinha suas próprias ideias como acreditar que no princípio o mundo era nada, a água do mar junto com a espuma se coagulou com o queijo, dai teria nascido os vermes, que se tornaram homens e os anjos... Não acreditava na virgindade de Maria, ou na divindade de Jesus, via Deus como uma espécie de pai que delegava tarefas. Menocchio criticava as "pompas" da Igreja, exaltava a tolerância religiosa e dizia que "amar ao próximo é um preceito mais importante que amar a Deus", na verdade é até um pouco ter certeza do que exatamente Menocchio acreditava já que ele próprio se contradizia muito.
Em 1583 foi denunciado ao Santo Ofício pelo pároco de Montereale por suas heresias e tentativas de proselitismo, é iniciada então a investigação e os interrogatórios.
Um clássico e referência da micro história, é uma leitura muito interessante e rica em detalhes, em nenhum momento se tornou uma leitura chata pra mim.