Isis Costa 19/12/2021Bem introdutórioAqui temos uma obra falando sobre um vírus mortal que aniquilou quase toda a raça humana. Surgindo então, um novo país, chamado Nova América, governada por um Rei que determinou a total segregação entre homens em mulheres. As famílias completas que restaram foram povoar a Cidade de Areia, a cidade mais importante da Nova América. Os órfãos, porém, tinham outro destino. As meninas eram levadas para as Escolas. Já os meninos eram levados para campos de trabalho forçado. E é em uma dessas Escolas que conhecemos Eva.
As meninas chegam bem novinhas e aprendem de tudo um pouco. Aprendem, acima de tudo, a temer os homens. As Escolas ensinam que os homens são maus,
ludibriadores, não se pode confiar neles! Apenas o Rei é digno de confiança. Ao atingir certa idade, as meninas passam a ser formandas. Elas acreditam que após a formatura vão ser enviadas para o outro lado do lago, onde aprenderiam um ofício para, em seguida, serem enviadas para a Cidade de Areia.
Eva acredita cegamente no sistema. Ela acha que tudo o que a Escola ensina é lei absoluta, e que o Rei é um homem honrado que só quer o bem da população de Nova América. Só que Eva estava muito enganada! Ao nadar até o outro lado do lago para tirar a prova de uma suspeita plantada em sua cabeça por uma aluna fugitiva, Eva descobre algo aterrorizante.
“Havia fileiras de garotas em camas estreitas, a maioria com barrigas enormes sob os lençóis brancos. Algumas tinham o meio do corpo enfaixado. Uma tinha cicatrizes que serpenteavam pelo tronco, de um rosa escuro e inchadas. No canto oposto do quarto, outra garota se contorcia de dor, tentando libertar os pulsos. Sua boca estava aberta, gritando alguma coisa que eu não conseguia ouvir através do vidro.”
Após a fuga, Eva está diante do desconhecido e da realidade que ameaça ir contra suas crenças. No início, é interessante acompanhar os dilemas mentais, mas à medida que os pequenos conflitos surgem, a garota não usa nenhum deles para amadurecer. Arden, outra fugitiva, tem comportamento e ideias mais avançadas, mas limitar a história ao ponto de vista de Eva, logo a tornou tão fraca e sem fundamento como qualquer outro.
Então, surge o romance com um garoto fugitivo. Por mais gentil que ele aparente ser, a mente manipulada de Eva deveria querer afastá-lo, mas todos os passos depois desse encontro são tomados visando o grande amor entre os dois.
“Eva” não falará de política ou se dará o trabalho de focar nos abusos e violência aqui implícitos. Tampouco dos desastres ambientais, do perigo trazido pela ambição do homem. É, unicamente, um romance contado pelo ponto de visto de uma garota desagradável, ambientado num mundo caótico para complicar sua vida romântica.
O final do livro me decepcionou um pouco, mas como possui continuação até que compreendo a autora, ela deixa alguns fatos importantes para serem aprofundados no próximo volume. Acredito que em Uma Vez a autora consiga se aprofundar mais na história e nos pontos que ficaram bem vagos. Sendo assim, darei uma nova chance.