Os Filhos da Noite

Os Filhos da Noite Dennis Lehane




Resenhas - Os Filhos da Noite


6 encontrados | exibindo 1 a 6


AleixoItalo 22/02/2016

Dennis Lehane já escreveu romances policiais no melhor estilo noir, já abordou traumas de infância em Sobre Meninos e Lobos — que foi ao adaptado para o cinema por Clint Eastwood — e conduziu uma alucinante investigação policial em um manicômio, com Paciente 67 — que deu origem ao filme A Ilha do Medo de Martin Scorcese. Com três adaptações de suas obras para o cinema e dono de uma narrativa limpa, direta e violenta, Lehane promete em seu romance mais recente, uma típica história da máfia. Porém, embora propagandeado como um Scarface, Os Filhos da Noite deixa muito a desejar.

Passado na década de 20 em plena Lei Seca dos EUA, o livro conta a história de Joe Coughlin, típico adolescente conturbado de Boston que vive cometendo pequenos delitos e acaba se apaixonando pela garota de um poderoso mafioso local. Tal fato muda a vida de Joe, colocando-o para sempre de fora das margens da lei. O livro pode ser divido em duas partes distintas: uma que narra a adolescência de Joe desde seu envolvimento com Emma Gould, o grande amor de sua vida, e culmina com sua prisão; outra que narra a ascensão do império de Joe em Tampa.

A primeira parte do livro é de longe a melhor, pesada e fascinante, ela ressalta bem os momentos que definiram a vida de Joe, como a paixão por Emma, a relação conturbada com o pai e o envolvimento com criminosos, enfim, um fiel retrato da juventude e sua eterna rebeldia sem causa. O que se encaminhava para uma excelente obra, cai de ritmo e descamba, quando na segunda metade do livro, somos apresentados a um inteligentíssimo Joe Coughlin, acabado de sair da prisão e enviado para tomar o controle de um território hostil, onde se apresenta como um personagem legal, gente boa, não adepto à violência e sempre disposto a perdoar. Os dois Joe’s mostrados no livro, parecem personagens completamente diferentes, e é inverossímil a conquista de um verdadeiro império do crime, pelas mãos de um Joe bonzinho, conseguida através dos laços de amizade. A ideia de um gangster do bem não vende.

Os diálogos de Lehane sempre foram marcantes e com Joe não é diferente, ele sabe que é um gangster, que faz parte do crime, mas isso não reflete em suas ações. Joe comete erros crassos para o mundo em que está inserido, chegando ao ponto de perdoar inimigos implacáveis e vingativos, e mesmo assim consegue sempre aumentar sua riqueza. É complicado imaginar imaginar um gangster no topo da hierarquia, contando apenas com amigos verdadeiros. Todavia, os pontos fortes de Dennis Lehane continuam presentes no livro: a boa narrativa, diálogos sagazes e um bom nível de violência são elementos presentes em todo momento e tudo isso embasado pelo excelente trabalho de ambientação que o autor faz, com grandes acontecimentos históricos entremeados à trama: a Lei Seca, a guerra fria entre EUA e Cuba, a ascensão da Klu Klux Klan, complementam a obra e seguram as pontas bem o bastante para a narrativa não se tornar um desastre.

Enfim, Os Filhos da Noite já teve seus direitos comprados e deve ser mais um dos livros do autor à irem para as telonas, mas conta com muitos altos e baixos para se destacar entre as excelentes obras de Lehanne. Leia sem o peso de comparação com outras grandes obras sobre a máfia e provavelmente o livro soará melhor.

site: https://epilogium.wixsite.com/merasliteratices
comentários(0)comente



Yohan 25/03/2014

Gângster e foras-da-lei
Em seu resumo, o livro trata da vida de homens que trabalham com produtos ilegais. Havendo em boa parte da história, tiroteios, ganância, amor, trapaças.
O livro é interessante pois ele nos faz voltar à época da Lei Seca.
comentários(0)comente



Literatura Policial 26/10/2014

Resenha "Os filhos da noite", de Dennis Lehane
No parágrafo de abertura de Os filhos da noite (Companhia das Letras, 480 páginas, R$ 49,50), um homem espera pelo momento em que será lançado ao mar. Seus pés foram mergulhados numa banheira cheia de cimento. Este homem, às portas de uma morte terrível, é Joe Coughlin, protagonista deste nono romance de Dennis Lehane e, se a perspectiva de um destino tão horrendo (imaginem: ser jogado no mar com os pés mergulhados numa BANHEIRA CHEIA DE CIMENTO) não é o suficiente para capturar a atenção do leitor, eu sinceramente não sei o que é.

Lehane, autor da série Kenzie/Gennaro histórias de detetive que dialogam com a tradição hardboiled dos mestres do romance policial norte-americano e dos avulsos Sobre meninos e lobos e Paciente 67 que ganharam elogiadas adaptações cinematográficas entra dessa vez no mundo dos gangsters na era da Lei Seca. A trama segue Joe Coughlin, filho fora-da-lei de um proeminente capitão da polícia de Boston, em sua ascensão dentro do crime organizado, dos pequenos assaltos a bares clandestinos em sua cidade natal aos altos escalões da máfia em Tampa, na Flórida.

Os filhos da noite é, antes de tudo e essencialmente, a história de Joe. É através dos olhos dele que vamos acompanhando o desenrolar dos acontecimentos assaltos a banco, guerras entre chefões do crime, os meandros do tráfico de bebidas e, pouco a pouco, tomando conhecimento desse mundo paralelo que se descortina bem longe das vistas dos homens de bem. Um mundo que pulsa sob o manto da noite.

Desde o início da narrativa, Joe está acostumado com essa vida noturna (esse conceito está presente no título original da obra, Live by night). É a vida que ele sempre almejou para si: longe de preocupações mundanas com as contas do mês, a hipoteca, a escola das crianças, e cheia de experiências com as quais os não iniciados jamais sonhariam. Sua jornada é um mergulho na face mais sombria do sonho americano, onde categorias como bom e mau perdem o sentido; faz-se apenas o necessário para a obtenção dos melhores resultados. Trair, delatar, matar o que for. A exploração da subjetividade de Joe, suas contradições e incertezas, bem como sua natureza astuta e confiante, e o modo peculiar como ele lê as situações e pessoas a sua volta, impulsionam a leitura de Os filhos da noite. Lehane é um daqueles escritores com a capacidade de tornar seus protagonistas vivos, dar-lhes uma voz muito particular, dissecá-lo para o leitor.

> Leia a resenha completa no site literaturapolicial.com

site: http://literaturapolicial.com/2014/09/22/resenha-os-filhos-da-noite-de-dennis-lehane/
comentários(0)comente



raonypimentel 02/07/2017

Um épico que traz à vida a celebração do vício como uma virtude nacional
Em 1920 passou a vigorar nos Estados Unidos a Lei Seca, fruto da ratificação da 18ª Emenda à Constituição do país, promulgada pelo até então presidente Woodrow Wilson. Durante um período total de 13 anos, 11 meses e 24 dias, a Lei Seca esteve vigente por todo o país, contribuindo para um agravo na crise econômica enfrentada nesta década, atingindo seu auge em 1929. A Lei Seca proibia explicitamente a fabricação ou qualquer outro meio de distribuição e venda de bebidas alcoólicas em todo o país, gerando fortunas para os mafiosos da época.

Este é o cenário escolhido por Dennis Lehane para dar vida à Joe e seus comparsas em seu mais novo livro “Os Filhos da Noite”, lançado no Brasil em 2013 pela Editora Companhia das Letras.

O livro conta a história de Joe Coughlin, o filho mais novo de um proeminente capitão de polícia de Boston, que definitivamente não tomou para si os caminhos do pai.

Na década de 30, Joe teve o seu destino confrontado ao conhecer pela primeira vez a atraente e misteriosa Emma Gould, durante um assalto realizado por ele e seus companheiros.

No exato momento que Joe colocou os olhos em Emma foi "atração" à primeira vista. Charmosa, atraente, sagaz e cautelosa, Emma sempre soube manipular os homens em sua vida, e por esta razão era amante de Albert White, o mais famoso traficante da região e dono da maior parte dos bares clandestinos existentes no sul de Boston.

Joe acaba se envolvendo com Emma e toda a sua vida passa a ser uma aventura brutal e cruel. Durante uma tentativa de fuga, Joe é erroneamente acusado de assassinar dois policiais, e por influência de seu pai, consegue uma redução em sua pena, se tornando um recluso em uma das detenções mais cruéis e perigosas do Estado.

A trama acompanha ainda a vida de Thomas, pai de Joe, que luta diariamente contra a dilaceração da lei e faz seu trabalho de maneira primorosa para tentar apreender os criminosos e marginais que efervescem as ruas tomadas por destilarias subterrâneas e bares clandestinos.

Thomas é envolvido no mundo de Joe onde a relação dos dois passa a ser explorada de maneira estratégica e exemplar, uma vez que Thomas busca se manter fiel à sua honra e precisa desobedecer seus preceitos morais para tornar possível a vida de Joe durante seu período pela prisão.

“Os Filhos da Noite” é considerado um épico que traz à vida a celebração do vício como uma virtude nacional, e garante aos leitores muitos capítulos de pura ação, aventura e mistério, enquanto explora a lealdade entre os grupos da sociedade, a corrupção existente no poder policial e o crime organizado pelo mundo.

A aventura vivida por Joe é emocionante e promete aos leitores grandes surpresas ao longo de sua história, enquanto o personagem transita entre o submundo clandestino de Boston até os bairros latinos de Tampa e os refúgios da Cuba.

Dennis Lehane tem sua carreira carregada de positivas críticas por seus trabalhos, sendo este o autor de obras de bastante sucesso pelo mundo, a exemplo de Apelo às Trevas, Sagrado, Gone, Baby, Gone, e o mais popular de todos: Sobre meninos e lobos, cujo adaptação para o cinema foi premiada com duas estatuetas do Oscar. O autor ainda é conhecido pelo Paciente 67, livro que deu origem ao filme "Ilha do Medo", estrelado por ninguém menos que Leonardo DiCaprio.

site: http://canalindicex.blogspot.com.br/2014/03/os-filhos-da-noite-dennis-lehane.html
comentários(0)comente



Euflauzino 07/08/2018

O gângster que não queria sê-lo
Como alguém com a rígida formação irlandesa, filho de pai capitão de polícia, irmãos promotor de justiça e policial, pode tornar-se um mafioso, um gângster? Resposta: família desestruturada! E não é essa uma das maiores mazelas da sociedade, inclusive nos dias atuais?

Ao final do primeiro livro da série Coughlin – “Naquele dia” – constatamos todo sofrimento pelo qual a família Coughlin atravessa os anos 20. A Lei Seca continua, estamos no final dos anos 20, e o terreno é fértil para que o contrabando de bebidas floresça e faça de seus organizadores homens ricos e poderosos. A máfia e seus códigos é quem comanda a maior parte do comércio ilegal e quem não acata sua decisão paga com a vida.

E é neste contexto que Joe Coughlin, um jovem fora da lei, deixará de ser um simples bandido, decepcionado pelos dissabores familiares, para se tornar uma lenda. Não é necessário ler o livro anterior, aqui temos a trajetória do filho caçula do Capitão de Polícia de Boston, Thomas Coughlin. Trata-se de Os filhos da noite (Companhia das Letras, 480 páginas) de Dennis Lehane.

Não sou expert em matéria de livros sobre a máfia, li bastante deles, fictícios ou não, e me interesso pelo assunto como um bom curioso, assim como me declaro apaixonado pelo cangaço. Então o que vou dizer é pessoal: “ninguém escreve um bom diálogo entre mafiosos como Lehane (partindo do princípio de que ainda não me familiarizei com a escrita de Mário Puzo)”. Lehane já inicia o livro com um parágrafo de tirar o fôlego:

"Alguns anos mais tarde, a bordo de um rebocador no golfo do México, os pés de Joe Coughlin foram mergulhados em uma banheira de cimento. Doze atiradores esperavam a embarcação se distanciar o suficiente da costa para jogá-lo no mar enquanto ele escutava o resfolegar do motor e via a água revirada embranquecer na popa. Ocorreu-lhe então que quase todas as coisas dignas de nota que haviam acontecido em sua vida — fossem boas ou ruins — tinham sido postas em movimento naquela manhã em que seu caminho cruzara pela primeira vez o de Emma Gould."

Atraindo nossa atenção de forma primorosa, queremos saber o que acontecerá na vida deste futuro cadáver. Dá para percebermos que Emma Gould tornar-se-á peça importante na formação do caráter de nosso protagonista. Eles se conhecem em um assalto. Ela é a garçonete do local onde Joe e seus comparsas, os irmãos Dion e Paolo Bartolo, receberam a dica de que seria fácil subtrair.

"Ela chegou bem perto da pistola dele e disse: “O que o cavalheiro vai querer hoje para acompanhar seu assalto?”.
(...)
“Qual é o seu nome?”
“Emma Gould”, respondeu ela. “E o seu?”
“Procurado.”
“Por todas as moças ou só pela lei?”"

É gasolina jogada pra apagar fogueira, romance incendiário na certa. O grande problema é que Emma não é bem uma pessoa confiável, aliás ela é amante do big boss local, Albert White. Esconde segredos de uma vida dissoluta para os quais pai de Joe tenta alertar.

"(...) “O pai dela costumava ser cafetão, e o tio matou pelo menos dois homens até onde nós sabemos. Mas, Joseph, eu poderia ignorar isso tudo se ela não fosse tão...”
“Tão o quê?”
“Tão morta por dentro.” Seu pai tornou a consultar o relógio e mal conseguiu disfarçar o tremor de um bocejo. “É tarde.”
“Ela não é morta por dentro”, disse Joe. “Tem algo adormecido dentro dela, só isso.”
“Adormecido?”, falou seu pai enquanto Emma voltava para a mesa com seus casacos. “Filho, isso nunca mais vai acordar.”"

Seguir os conselhos de seu pai não era o forte de Joe, afinal de contas nada do que vinha dele ou dos seus poderia ser levado em conta.

Quando uma mulher certa vez perguntou a Joe como ele podia vir de um lar tão esplêndido e de uma família tão boa e mesmo assim ter virado gângster, sua resposta teve duas partes: (a) ele não era gângster, era um fora da lei; (b) vinha de uma casa esplêndida, não de um lar esplêndido.

Em novo assalto à mão armada, Joe é traído e sentenciado a vários anos de prisão. Mais uma vez recebe ajuda de seu pai na redução de sua pena e alguns novos conselhos de como sobreviver dentro do inferno:

"(...) “Na sua primeira semana lá dentro, alguém provavelmente vai ameaçar você. Ou na segunda, no máximo. Você vai ver o que ele quer nos olhos, quer ele diga ou não.”
Joe sentiu a boca muito seca.
“Então alguma outra pessoa, um cara bacana de verdade, vai defender você no pátio ou no refeitório. E, depois de fazer o outro sujeito recuar, vai lhe oferecer proteção pelo resto de sua pena. Escute o que vou dizer, Joe: é esse cara que você precisa machucar. Machucar tanto que ele nunca mais consiga ficar forte o suficiente para machucar você. Mire no cotovelo ou no joelho. Ou nos dois.”
Os batimentos cardíacos de Joe chegaram a uma artéria em seu pescoço. “E aí eles vão me deixar em paz?”
Seu pai lhe deu um sorriso contraído e começou a menear a cabeça, mas o sorriso desapareceu e o meneio de cabeça foi junto. “Não, não vão.”
“Então o que vai fazer eles pararem?”
Seu pai desviou os olhos por um instante, com a mandíbula contraída. Quando tornou a encarar o filho, tinha os olhos secos. “Nada.”"

Joe consegue sobreviver dentro da prisão vendendo sua alma a Maso Pescatore, um dos capo da máfia, que promete inseri-lo no universo de sua corporação criminosa. Ao se ver livre novamente, Joe procura Pescatore que o coloca como intermediário no contrabando de bebidas, condenando seu pai a prestar alguns favores ilícitos. E assim Joe vai galgando posições dentro da organização.

A violência torna-se parte da vida de Joe, uma segunda pele, e com a ajuda de seu braço direito Dion Bartolo vai se transformando no único contrabandista da região, até que alguém acima de Joe percebe que é preciso cortar as asas deste sonhador. É aí que os que estão a sua volta começam a sofrer.


site: Leia mais em: http://www.lerparadivertir.com/2018/08/os-filhos-da-noite-vol-02-serie.html
Andrea 09/08/2018minha estante
Eu não me interesso muito pelo tema (normalmente, não gosto de histórias envolvendo tribunal, advogados, máfia, essas coisas), mas numa coisa concordo: o poder da escrita do Lehane. Podemos usar o "leria até a lista de supermercado" sem hesitação.


Euflauzino 09/08/2018minha estante
pois é, li o livro anterior desta saga que é "naquele dia", é enorme e a gente se perde na escrita dele. não é um livro clássico sobre gângster (apesar das cenas chocantes), mas sobre relacionamentos. amei de paixão!


Andrea 10/08/2018minha estante
Cenas chocantes têm, se não em todos, na maioria dos livros dele, né? Acho que o mais "leve" que li até hoje foi o Ilha do Medo, mas ele é tão pesado psicologicamente, que meio que uma coisa compensa a outra.


Euflauzino 12/08/2018minha estante
o mais pesado dele que li foi "sobre meninos e lobos", este sim me marcou demais.


Andrea 12/08/2018minha estante
Ele é mesmo, eu nem consegui assistir o filme.




6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR