Vida querida

Vida querida Alice Munro




Resenhas - Vida Querida


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Ana Sá 16/10/2021

Uma escrita simples de tinta ácida
Meu primeiro contato com a canadense que, ao vencer o Nobel em 2013, foi anunciada ao mundo como a "mestra do conto". Pelo que li na internet, "Vida Querida" (2013) talvez venha a ser seu último livro, por opção.

A obra é dividida em duas partes: primeiramente, há um conjunto de 10 contos; depois, na parte intitulada "Finale", Munro apresenta ao leitor quatro textos assumidamente autobiográficos, que não são exatamente contos.

A parte autobiográfica foi a que menos gostei. Admiro a coragem de se mostrar ao leitor, mas a infância e a adolescência da autora não me despertaram interesse; a meu ver, ela teve uma família e uma vida meio padrão norte-americano, não me atraiu muito, apesar de ter aspectos curiosos.

Já os contos "pra valer" são instigantes. Adultério, amizade, luto, culpa, solidão, família, morte, velhice, infância. Mulheres submissas ou insatisfeitas com seus casamentos. Desajustados sociais que se encontram. Narradores crianças. Homens que eu incluiria facilmente na minha lista de "Boy Lixo da Literatura Contemporânea".

Em síntese, as narrativas exploram de forma muito sutil diversas fragilidades humanas. Quase nada é escancarado, cabendo ao leitor fazer juízos morais que a autora não vai desenvolver. Como se Munro nos dissesse: "Você achou tal personagem inconsequente? Você considera fulano um boy lixo? É você quem está dizendo...". Ela narra o que é do modo que é, quebrando expectativas e causando incômodo. Uma frase, uma escolha, um gesto... De repente, algo tira a calmaria do leitor! Uma escrita simples de tinta ácida.

Meus contos favoritos foram, com certeza, "Que chegue ao Japão" (protagonista mulher, escritora, casada e mãe, muito interessante!), "Cascalho" (um conto pesado, envolvendo infância), "Orgulho" (dois conhecidos que se unem pela solidão) e "Dolly" (um retrato curioso do amor na velhice). Estes aqui já fincaram a unha na minha memória literária!

Não gostei de todos os contos não. Um ou outro até me cansou, foram chatos mesmo, ou não me transmitiram muita coisa. Mas, no geral, que prazer experimentei ao conhecer o estilo de Munro! A autora consegue brincar como ninguém com o conflito entre "aparência" e "essência" que marca a vida social de muitos de nós. Pretendo ler mais!

Não menos importante: os contos são ambientados no Canadá, mas com muitas referências temporais ao período da Segunda Guerra, havendo personagens vinculadas a ela de alguma forma.

Para acabar, escolhi uma frase que, a meu ver, ilustra bem o tom do livro:

"Ela tinha aquele ar de leveza, como se estivesse esperando a vida começar".
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Vania.Evangelista 14/03/2022

Um misto de pureza e choque de realidade.
Está obra reuni uma coletânea de 10 contos, ficcionais e autobiográficos. Contos que apresentam em sua narrativa a infância - velhice, amizade, ódio, solidão, morte e luto... tudo de maneira profunda e delicada. Cada conto reflete sobre o quanto nossa vida é cheia de acontecimentos, conflitos e descontentamentos que mostram as diversas formas da fragilidade humana e suas relações.
GiSB 19/03/2022minha estante
Quero conhecer a escrita da Alice munro. Só ouço falar bem dela. E adoro contos.




02/08/2014

Vida
Fiquei encantada neste meu primeiro encontro com Alice Munro. Conheci uma escritora com uma sensibilidade incrível que me fez ficar alegre e triste ao mesmo tempo , já que esta seria sua ultima obra. Dona da maior rede de livrarias do Canadá, Alice consegue descrever a solidão interna , aquela que sentimos, mas não conseguimos expressar em simples palavras , coisa que ela conseguiu tão bem. Durante toda sua careira literária Alice só escreveu contos, portanto quando vc estiver diante de qualquer livro de Alice, leia! São contos pra lá de maravilhosos! Em Vida Querida, que não foge a regra e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2013, o livro se divide em duas partes, contos e relatos autobiográficos. São histórias tristes e ao mesmo tempo de uma beleza extraordinária. Ao final deste livro, tomado por um sentimento emocionado , você começará uma busca incessante para adquiri seus exemplares anteriores, sei disso, pois fiz a mesma coisa. Esta foi minha simples visão, foi como eu senti Alice entrando em minha vida. Uma mulher educada, sensível, uma lady que de aparência tão frágil nos ensina a pular , literalmente como na capa do livro, nesta passagem maravilhosa que é a vida.
Renata CCS 18/09/2014minha estante
Oi Sú,
Recentemente tive meu primeiro encontro com Alice Munro com a obra "Felicidade Demais". Tb fui fisgada por essa incrível escritora!


18/09/2014minha estante
Que delícia né Renata, fiquei apaixonada pela Alice no primeiro livro. Vou procurar mais livros dela, ela é incrível, beijos!


J@n 25/09/2014minha estante
Nunca fui muito fã de contos, mas ALice Munro está chamando minha atenção. Sua resenha veio confirmar isso.


29/09/2014minha estante
Ela é muito boa mesmo Jan,vc com certeza vai gostar!




Ellen Rayane 28/07/2022

Às vezes eu me esqueço dos contos... Gosto muito deles... Alguns mais do que outros, mas é um bom livro, recomendo!
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Wanderson 25/05/2021

Sensibilidade e cadência própria
Alice Munro é muitíssimo talentosa. Mas não sei bem o que dizer ao recomendar a leitura de suas histórias. Não há grandes finais ao estilo dos best sellers. Os personagens não são descritos em profundidade. Em geral alguma característica ou algum feito é desenvolvido pela autora em meio a outros acontecimentos que cruzam as histórias e parecem assumir o plano principal, até se revelar que o que parecia acessório era de fato mais do que pareciam.
É um modo de narrar todo dela.
Seu ritmo, o valor das descrições que parecem evitar ênfases e aprofundamentos mas que nos colocam, em parte, na mente e nos olhos dos personagens. Munro prefere dar pistas, falar de soslaio. Ela não tem pressa em fisgar o leitor. Este, tem que estar curioso, interessado no humano, no drama que será revelado depois de alguma névoa - que também tem grande responsabilidade no estética narrativa.
Seus heróis tem medo. Suas heroínas são pessoas comuns que tanto podem ter maturidade na juventude quanto inocência juvenil na velhice.
Pessoas boas são capazes de ações cuja repugnância nem chega a ser explorada. Ou são, mas daquele jeito que exige atenção de quem lê.
Alice Munro (e Lídia Jorge) me acodem nas pausas das leituras despreocupadas, dos romances rasos com descrições diretas e científicas que não exigem envolvimento desacelerado.
A cadência das histórias de Alice Munro não é urbana, mesmo quando se dão nalguma metrópole.
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Luana 20/01/2021

Nunca tinha lido nada da autora mas é um livro lindo, até pra quem não gosta muito de contos como eu, vai achar ele gostoso de ler.
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SalmaC 18/10/2021

Pra ser sincera, não sei o que comentar sobre esse livro, o motivo de eu ter começado a ler foi pelo título e pq eu estava querendo me aventurar mais em livros de contos...
Foi uma leitura muito difícil pra mim, quase o abandonei diversas vezes, alguns contos são bons e outros não, a escrita da autora é ótima, mas a maioria dos contos foram tão cansativos... Meu favorito foi o "Com vista para o lago", e eu gostei mais do final do livro, o "Finale", de contos biográficos, a última página me emocionou mais do que eu imaginava.
Se eu recomendo o livro? Depende. Se você AMA contos e tem MUITA paciência, sim. Porém, se ainda não leu nenhum livro de contos e ta querendo começar com esse, não...
Mas é aquilo, se você realmente está com muita vontade de lê-lo não deixe que nenhum comentário/resenha te impeça, vá e tire suas próprias conclusões.
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Gláucia 23/11/2014

Vida Querida - Alice Munro
Os contos são representados por pequenos episódios na vida das pessoas, como se fossem recortes de suas vidas que de alguma forma foram significativos e marcantes. E parecem ter um tema em comum: encontros e desencontros.
A narrativa é limpa e despretensiosa, logo nas primeiras linhas a autora consegue nos apresentar seus personagens de forma eficiente e quase profunda, sem entrar em muitos detalhes. Mais a frente saberemos o que se passa por trás de suas atitudes e temos pistas de seus desfechos, nunca tão conclusivos.
Apesar de ter achado os contos muito bons, por me sentir bem envolvida pela maioria, após passar ao conto seguinte já não me recordava bem do anterior.
Os quatro últimos contos fazem parte do finale e são narrativas autobiográficas mas não me pareceram assim; são bem mais impessoais que os contos anteriores.

"Que Chegue ao Japão"- mãe escritora e sua filha partem numa viagem de trem para passar uma temporada longe do marido (e pai). Teremos uma festa, pessoas estranhas, um desconhecido, um encontro, um desencontro, um reencontro (ou não).

"Amundsen"- mãe e filha viajam num trem. teremos um desconhecido, um encontro, um grande susto.

"Deixando Maverley"- um marido, uma esposa doente, uma tímida caixa de cinema filha de família religiosa e conservadora. O tempo passa, temos um desencontro, um reencontro, uma partida, a solidão.

"Cascalho"- um casal, duas filhas, uma separação, um novo lar num trailer... um lago, uma cachorrinha e uma criança que não sabe nadar.

"Recanto"- a família postiça, opressão e tirania, uma tia musicista, um velório, um réquien.

"Orgulho"- uma menina rica, um homem solitário com lábio leporino. O tempo passa, temos um reencontro, antigos programas de TV, uma doença, um desencontro, pássaros numa praça, uma esperança.

"Corrie"- uma rica herdeira coxa, um arquiteto oportunista, anos de engano, a descoberta.

"Trem"- um homem vários encontros e desencontros.

"Com Vista Para o Lago"- uma mulher, um esquecimento, um médico especialista, um sanatório.

"Dolly"- um casal, uma vendedora de cosméticos, um passado, um novo futuro?
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Carla Verçoza 04/08/2023

Vida Querida foi meu primeiro contato com a obra da autora e gostei muito. Boa escrita, boas histórias, personagens bem construídos. Alguns relatos autobiográficos, uns contos muito bons e outros menos um pouco, mas no geral é um ótimo livro. Recomendo e pretendo ler mais coisas da Alice Munro.
Nota 8/10

(SPOILERS) Breve resumo dos contos, com Spoilers:

Conto 1: QUE CHEGUE AO JAPÃO
Mulher, poeta, casada e com uma filha, conhece um homem em uma festa. Quando o marido vai para outra cidade à trabalho, ela e a filha vão para Toronto ficar na casa de uns conhecidos enquanto esses viajam. Ela tem intenção de encontrar o homem da festa lá. Na viagem de trem para Toronto conhece um ator com quem ela trai o marido.

Conto 2: AMUNDSEN
Moça, professora, vai de Toronto para uma cidade no interior, trabalhar numa escola para crianças com tuberculose. Lá ela conhece o diretor, médico, que em um momento a convida para jantar. No segundo jantar ele a leva para o quarto e dormem juntos, ela ainda era virgem.
Há promessa de que ele se casará com ela em breve, pede que ela guarde segredo. Após alguns meses ele combina de irem à cidade vizinha para se casarem. Chegando lá, ele desiste e diz q vai mandá-la de volta para Toronto. Ela fica arrasada ao pegar o trem de volta. Anos depois se encontram em Toronto e ela relembra esse amor.

Conto 3: DEIXANDO MAVERLEY
Um guarda, veterano da guerra e casado com uma mulher doente por problemas cardíacos, recebe uma tarefa de acompanhar uma moça, Leah, do cinema, onde trabalha, até em casa. Leah é uma jovem de 16 anos, de uma família estranhamente religiosa. Impedida de estudar para ajudar em casa, o pai não deixa que assista filmes nem ande sozinha. Um dia, Leah desaparece. Fica-se sabendo mais tarde que ela fugiu e se casou com o filho do pastor. Tiveram filhos, o marido saxofonista e alcoólatra. Enquanto isso, a esposa do guarda piorou. Foram para outra cidade tratar, onde ela ficou internada e entrou em coma. O guarda começou a trabalhar no hospital para estar perto da esposa. Leah, por sua vez, se envolveu com o novo pastor e perdeu a família e a guarda dos filhos.
Um dia, o guarda encontra Leah no hospital: ela tbm estava trabalhando lá. A esposa dele falece. E ele se recorda de Leah, das perdas que ela tbm teve.

Conto 4: CASCALHO
Moça relembra época da infância, quando a mãe se separou do pai e foi morar com outro homem em um trailer, junto com ela, a irmã mais velha e um cachorro. Em um momento que ela e a irmã passeavam com o cão perto de um lago, acontece um acidente e a irmã morre. Ela passa a vida convivendo com os sentimentos desse episódio.

Conto 5: RECANTO
Menina vai morar com os tios enquanto os pais vão trabalhar na África. Os tios são mais conservadores que os pais, o tio oprime bastante a esposa, a vive em função de agradar e obedecer o marido. Um dia uma violinista vai tocar na cidade e a menina fica sabendo que é irmã do tio, mas o tio não gosta do estilo de vida da irmã. Numa noite que o marido estava fora, a esposa convida os vizinhos e os músicos para um café em casa. Acabam se demorando muito e o marido chega em casa, surpreendendo a pequena reunião. Não gosta. Uns dias depois, a irmã morre. No velório, o irmão prepara um número de um hino escolhido por ele, enquanto a esposa devota se sente mais liberta.

Conto 6: ORGULHO
Rapaz, com lábio leporino, relembra época da vida quando conviveu com Oneida, uma bela garota filha de um homem rico. Eles acabam se aproximando quando ela fica órfã e adquirem o hábito de ver tv juntos na casa dele. Um dia ele ficou doente e ela passou dias na casa dele para cuidar. Depois sugeriu que morassem juntos, como amigos, que ninguém ia imaginar outra coisa. O que feriu seu orgulho. Ele disse que venderia a casa e acabou alugando um apto no mesmo prédio que ela.

Conto 7: CORRIE
Corrie é uma moça rica, manca devido à pólio quando criança. Sem mãe, o pai morre. Howard se aproxima dela e começam a ter um caso, ele é casado. Um dia ele diz que uma conhecida o estava chantageando, pedindo dinheiro para não contar à esposa sobre os dois. Ela paga semestralmente para a moça, através de uma caixa postal que Howard deposita o dinheiro. Um dia, anos depois, a chantagista morre. Corrie se dá conta que na verdade nunca houve chantagem, Howard que lhe roubava o dinheiro.

Conto 8: TREM
Ex-soldado retorna da guerra, mas resolve saltar do trem antes de chegar ao destino onde era esperado. Começa a caminhar e termina na propriedade de uma mulher, Belle, que vivia sozinha com a propriedade caindo aos pedaços. Ele começa ajudar nos reparos e acaba ficando. Por anos. Quando Belle adoece, ele a leva para o hospital em Toronto. Um dia, antes da visita diária à Belle, ele acaba encontrando o dono de um prédio e aceita um emprego de zelado, simplesmente sumindo de Belle. La ele reconhece uma mulher do passado dele e, após isso, decide novamente ir embora e pegar o trem.

Conto 9: COM VISTA PARA O LAGO
Idosa precisa consultar médico para memória em outra cidade. Vai até lá um dia antes para encontrar o local. Roda pela cidade sem sucesso, até que um morador sugere que ela veja se não é no asilo. Ela vai até lá e não encontra a saída.

Conto 10: DOLLY
Um casal de idosos pensa sobre a morte e planeja morrer juntos. Acabam adiando por uns anos a resolução. Um dia aparece uma mulher do passado dele, que gera um rebuliço na vida do casal.

Conto 11: O OLHO
Menina relembra época em que tinha uns 5 anos. Os irmãos nasceram e mãe ficou ocupada demais para ela. Sadie, uma moça da cidade, foi trabalhar na casa deles e a menina se apegou a ela. Um dia, Sadie morreu atropelada e a garota foi com a mãe no velório. Tinha medo de ver o cadáver, mas acabou olhando e vendo um olho se mexer.

Conto 12: NOITE
Um outro conto sobre lembranças da infância. Aqui ela recorda quando era menina e, em um verão que estava em casa, começou a sofrer de insônia. Começou então a passar as noites perambulando pelo quintal, até que numa dessas vezes encontrou o pai e tiveram uma conversa.

Conto 13: VOZES
Ao recordar a época da guerra, quando era criança, ela se lembra da mãe, moravam fora da cidade, insatisfeita, gostava de bailes. Se lembra de um episódio em que foi só baile com a mãe. Chegando lá viu uma mulher exuberante, que veio a saber ser uma prostituta. Mas a lembrança maior foram as vozes dos soldados ingleses que estavam lá, consolando uma jovem, também prostituta.

Conto 14: VIDA QUERIDA
Relato autobiográfico da vida da autora desde a infância no período da guerra. As dificuldades financeiras, a doença da mãe, a vizinhança, a cidade. Achei bem bonito.
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Paulo 08/07/2020

A força da simplicidade
Os contos contidos nessa coletânea dão a falsa impressão de que escrever é uma tarefa simples. Nada nessas páginas é afetado ou imponente, acredito que essa seja a verdadeira força do livro, a linguagem simples, as histórias cotidianas nos envolvem de uma maneira que é como se estivéssemos ouvindo falar de um vizinho que não se conhece muito bem, ou um amigo que deixou de fazer parte de nossas vidas. É despretensioso, mas merecem ainda sim serem contadas. E são belas e emocionam. Simples assim.
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Lucas Anderson 01/06/2020

Estilo complexo e profundo
Confesso que me surpreendi muito! Primeiro, foi uma leitura sofrida, em alguns momentos, uma narrativa arrastada. Mas, quando terminei a leitura e parei para refletir, percebi que os contos parecem recortes de romances. Parece que lemos/participamos das histórias das personagens há algum tempo.
O livro pede um leitura mais atenta e paciente, olhando os mínimos detalhes. Enfim, uma obra complexa, mas de estilo único. Munro é de uma genialidade vista em poucos, por adentrar no profundo das personagens mesmo em um conto! Ela consegue extrair o máximo desse gênero.
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LER ETERNO PRAZER 05/02/2022

Alice Muro é uma escritora Canadense, em 2013 foi contemplada com Prêmio Nobel de Literatura, o que foi uma grande surpresa para muitas pessoas, uma vez que Alice escreve apenas contos e o Nobel nunca havia sido destinado a um escritor do gênero. Desde então, Munro ganhou mais espaço na mídia, tendo seus livros traduzidos e reeditados em vários idiomas.
Em 2013 a Companhia das letras publicou "Vida Querida" no Brasil, livro que a autora declarou como sua última obra. Em uma entrevista ao jornal National Post a escritora disse, em outras palavras, que escrever é uma atividade muito solitária e por isso ela provavelmente pare, para deixar de ser solitária.
"Vida querida" e uma livro composto de quatorze contos, divididos em duas partes, sendo a segunda parte, chamada de Finale, onde encontramos 4 contos autobiograficos. Em todos os EUA contos são abordados temas cotidianos como o amor, o casamento, a morte, o adultério, a infância, a juventude, a velhice e a solidão. A maioria dos personagens são pessoas simples, que trabalham, cuidam dos filhos e sofrem com fatos que aconteceram no passado e que sempre trazem dores para o presente. Suas personagem femininas estão sempre em destaque, todas se sobressaem na narrativa, mostrando características fortes, lutadores e sempre senhoras de si.
Nos contos que compõem o "Finale", somos apresentados a algumas memórias de Alice, de várias etapas de sua vida. Nessas pequenas narrativas também encontramos temas comuns, como a descoberta do sexo oposto, a infância, a morte, a escola, a família, a compaixão e até mesmo alguns pensamentos inadequados. O que achei bem interessante, e acredito que tenha sido a parte que mais gostei, lógico sem desmerecer aos demais
Os demais, são contos muito bons, bem escritos, bem conduzidos, levando em consideração que um conto e uma história bem curta rápida, onde seu início, desenvolvimento tem que ser rápido, Muro mostra uma imensa capacidade de nos prender, tornando suas pequenas histórias com temas tão cotidianos bem gostoso de se ler, a leitura não fica monótona, ela consegui dar um desenvolvimento rápido, mas sem atropelo, fica gostoso de se ler.
Foi uma gostosa leitura.
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Higor 01/10/2016

Sobre a vida querida de Alice Munro
Anunciado pela própria autora como o seu último livro, ‘Vida Querida’ acabou por receber a missão de encerrar a carreira de Munro com um gran finale – o que nem é muito difícil, levando em consideração todas as coletâneas, que são arrebatadoras, mas, infelizmente, embora bom, este talvez seja o livro mais fraco dela (dentre os quatro que eu li, claro).

A maneira bela e suave de escrever permanece intacta, deixando-nos extasiados com tamanha qualidade e cuidado em cada detalhe. Os cenários são facilmente imaginados; os personagens que têm sua vida interrompida também estão presentes, e mais uma vez vamos conhecer os mais diversos sentimentos em seu ápice, quando nem sabíamos que uma pessoa seria capaz de tal atitude em conseqüência dele.

A destemida Greta de ‘Que chegue ao Japão’ nos mostra o que podemos esperar nas últimas histórias de Munro: contos cheios de sentimentos causados por abandono, loucura, traição, amor, chantagem. Temas bem pensados, mas por que não repetidos? ‘Dolly’ e ‘Conforto’ (presente na coletânea 'Ódio, amizade, namoro, amor, casamento') abordam o mesmo assunto: o suicídio coletivo, porém frustrado por algum motivo inesperado. É um assunto desconcertante, porém com o frescor de Munro, que não faz com que o leitor se frustre.

O problema que pode vir a incomodar, na verdade, é o tamanho dos contos. Eles são mais curtos que o esperado, e o leitor certamente se pergunta pelo motivo dessa eventualidade no último livro. Não que a histórias sejam ruins, apenas aparentam serem mais compactas ou que sofreram com a impaciência da autora em lapidá-la.

Ao ler os quatro últimos contos, denominados de Finale, que são autobiográficos, a impressão que fica é a de que mais parece que estes foram escritos primeiro, e a autora precisava de uma coletânea para inseri-los, e não queria fazer mais contos sobre sua vida, e então se vou compondo o que ela fez em outras 13 coletâneas. O x da questão é que parece ter havido um prazo, e ela correu.

O que importa é que a qualidade não caiu por conta disso, e o livro não vai perder o brilho para quem está se aventurando pela primeira vez na escrita de Munro através de ‘Vida Querida’, mas, para quem já leu mais de um livro, pelo menos, vai sentir que falta algo.

O finale não deve ser um livro melhor que os demais, e sim mais um livro de contos, o 14º da carreira de Munro, afinal, sua bibliografia não é irregular e com livros que transitam entre os muitos bons e os dispensáveis. A vida querida de Alice Munro é, em suma, isso: contos. Mais de 100, para ser específico, a serem apreciados por todos.

Este livro faz parte do projeto 'Lendo Nobel'. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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