BC 31/12/2013
O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima... mas reanima.
Tomo a liberdade de escrever um comentário que mescla a história do filme com o livro, mas com destaque maior para o filme.
No domingo (29/12/13) li o livro e percebi a delicadeza da história de uma adolescente que sente medo ao se descobrir interessada por outra garota e, ainda assim, de algum modo tenta se aceitar e aceitar o amor incomensurável que sente.
Descobrira o livro ao acaso, depois de ouvir falar do filme, que fui hoje, segunda (30/12/13), conferir se era mesmo bom. Tamanha minha surpresa: se fosse comparável, o filme é melhor! Como não é, pois se tratam de mídias diferentes e como tal devem ser tratados, ambos levam a nota máxima.
O filme, para mim, mostra mais a ideia de que às vezes quem ama é obrigado a guardar seu amor desmedido em uma caixinha e deixá-lo escondido no mais fundo e escuro espaço de seu coração, visto que nem sempre é possível esquecê-lo por completo. Mesmo doendo-se por dentro, quem ama deve "se virar" como puder para conseguir suportar a dor de um amor que deixou de ser correspondido. O que diz no livro, de que o amor "nos destroça", fica bastante claro no filme.
Diferentemente do livro, o filme mostra como a protagonista tenta lutar para suportar a dor do amor perdido e, ao mesmo tempo, o desejo de reconquistá-lo. Deixa claro também que a separação não foi algo provocado apenas por um dos lados, mas pelos dois, pois não houve o diálogo necessário e nem mesmo compreensão suficiente de ambas. Apenas insinuações, mentiras e raiva.
O que difere em ambas as história é a forma como as moças são separadas de vez: no livro é uma fatalidade e o reconhecimento de um amor desmedido; no filme apenas o começo de "uma nova fase" na vida.
Tanto uma quanto a outra história conseguem tratar com muita delicadeza as agruras que podem provocar o amor nas pessoas, mas sob pontos de vista diferentes, a meu ver. Nenhuma das duas histórias diz que o melhor seja "não amar", mesmo porque não amar é buscar não viver a vida em sua plenitude. É melhor amar e sofrer sem ter vergonha de si mesm@.
Enfim, a história retratada pelo filme e pelo livro não é uma militância LGBT (ou seja qual for a sigla), mas, sim, sobre uma história de amor. Esse amor que não tem fronteiras e nem mesmo escolhe gênero, pois amar é humano e independe de quem é ou pode vir a ser seu/sua parceiro/a. O importante é amar sinceramente.
"... O amor é abstrato demais, e indiscernível. Ele depende de nós, de como nós o percebemos e vivemos. Se nós não existíssemos, ele não existiria. E nós somos tão inconstantes... Então, o amor não pode não o ser também.
O amor se inflama, morre, se quebra, nos destroça, se reanima... mas reanima. O amor talvez não seja eterno, mas a nós ele torna eternos..."
Azul é a cor mais quente - Julie Maroth - p. 157.