Os Tempos Hipermodernos

Os Tempos Hipermodernos Gilles Lipovetsky




Resenhas - Os Tempos Hipermodernos


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Karlinne 08/12/2015

Tempo contra o tempo
O livro foi escrito com a colaboração de Sébastien Charles, que faz uma “introdução” ao pensamento de Lipovetsky no primeiro momento da obra. Em seguida, Lipovetsky versa sobre o que denomina de Hipermodernidade ou Tempos Hipermodernos. Com este conceito, o autor demarca a nova ordem econômica, cultural e social em que o individualismo e o consumo de massa se fazem imperativo.

Na Hipermodernidade, a produção e consumo de massa não estão reservados apenas a uma parcela de privilegiados, mas atinge todas as camadas da sociedade. Nesse momento, surge uma sociedade voltada cada vez mais para o tempo presente, submetida a uma lógica de sedução.

Falar de Tempos Hipermodernos é fazer referência a um momento histórico em que temporalidade é a dominada pelo efêmero, pela experiência fugaz. Indica a emergência, como aduz o autor, "[...] de uma temporalidade social inédita, marcada pela primazia do aqui-agora" (p.51).

Para Lipovetsky, são as principais características desse cenário a rápida expansão do consumo e da comunicação de massa; o enfraquecimento das normas autoritárias e disciplinares; a consagração do hedonismo e psicologismo; o surto de individualização; a perda de fé no futuro revolucionário; e o descontentamento com as paixões políticas e as militâncias.

Segundo o autor, passamos da era do pós para a era do superlativo, do hiper, na qual instala-se a implantação da cultura do mais: mais flexível, mais mutável, mais rentável, mais inovação. Sobre esse momento, Lipovetsky afirma que:

“[...] o tempo é escasso e se torna um problema, o qual se impõe no centro de novos conflitos sociais. Horário flexível, tempo livre, tempo da terceira e quarta idade: a hipermodernidade multiplicou as temporalidades divergentes. Às desregulamentações do neocapitalismo corresponde uma imensa desregulação e individualização do tempo. O culto ao presente se manifesta com força aumentada [...]”. (p.58)

Dessa forma, em termos gerais, “[...] O que define a hipermodernidade não é exclusivamente a autocrítica dos saberes e das instituições modernas; é também a memória revisitada, a remobilização das crenças tradicionais, a hibridização individualista do passado e do presente. Não apenas a desconstrução das tradições, mas o reemprego delas sem imposição institucional, o eterno rearranjar delas conforme o princípio da soberania individual" (p. 98).

Em resumo, a Hipermodernidade nos revela um paradoxo: concomitantemente ao aumento do hedonismo individual, assiste-se o aumento da ética da responsabilidade. E, ao convite dessa responsabilidade, não podemos nos calar.
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Mi Hummel 24/10/2012

Os Narcisos da Era Hipermoderna...


" Narciso é, doravante corroído pela ansiedade, o receio se impõe ao gozo e a angústia, à libertação" Sébastien Charles, p. 19.

O livro é, em suma, o resultado dos estudos de Gilles Lipovetsky sobre a sociedade Hipermoderna: marcada pelo hedonismo, imediatismo, consumismo e a febre pelo presente. Mas, não é apenas isso.

Gilles e Sébastien ( que toma conta do primeiro capítulo fazendo suas apreciações sobre os estudos de Gilles)debruçam-se sobre o fenômeno do "hiper" e suas contradições: afinal, embora o sujeito hipermoderno centre-se no culto ao "Eu" e na satisfação de seu próprio gozo nunca se viu tanto desenvolvimento nos direitos humanos,no voluntariado e na consciência ambiental com vistas à vida futura.

Achei muito interessante o paradoxo. E, mais ainda o fato de que, o "futuro" transformou-se em objeto de consumo. ( o hipermodernismo é um fenômeno - se assim podemos dizer - atemporal. Ele quebra as barreiras do tempo.)

Lipovetsky enfatiza a desfragmentação do sujeito hipermoderno que não conta mais com a segurança das estruturas coletivas - família, escola, religião, Estado - e, esta intensa individualização teria acarretado um sentimento de insegurança que levaria os sujeitos ao estress, a ansiedade, depressão, suicídios e claro, o consumismo como remédio para a satisfação do vazio existencial... E, de fato, nunca se viu tantos excessos: bulimia, anorexia, culto ao corpo através de inúmeras intervenções plásticas, enfim, compulsões derivadas do culto ao efêmero.

Achei as considerações bastante pertinentes à Era em que vivemos. Lipovetsky compara tais sujeitos à Narcisos - menos enamorados de si mesmos, mas mais amedrontados com o futuro que se delineia e o ambiente em que vivem: violência, caos, desemprego, doença e velhice.

É como se o homem do passado, subitamente, houvesse aberto a caixa de Pandora...Sem saber o que fazer com o que libertou dali, tende aos excessos...Mas, resta sempre a esperança. É ler para entender as divagações e tecer suas próprias conclusões.

É uma obra que deve ser lida. E relida para pleno entendimento. A obra pede um lugar em sua biblioteca particular, caso você se dedique ao estudo da comunicação...





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