Roberta 24/12/2023
Um final de merd* para um livro merd*
Essa leitura só não foi um desperdício completo pela minha mais pura felicidade em ter conseguido ler toda ela em inglês. Fora isso, não sei se posso dizer que valeu a pena.
A trilogia foi decaindo e decaindo conforme os livros iam passando. Eu fui de me interessar genuinamente pelo universo e torcer pelo desenvolvimento dos personagens no livro 1 para não aguentar mais ler isso, por que não termina de uma vez, no livro 3.
Apesar de o universo ser de fato bastante intrigante, o que salvou o livro 1 e foi passável no livro 2, não tive como usar o mesmo critério no livro 3. Em Shadow and Bone, estamos ainda descobrindo o mundo fantástico, tudo é muito novo e excitante, então você acaba passando pano para o quanto a Alina é sem sal, mas conforme a narrativa avança e simplesmente NADA acontece com a protagonista, você começa a se questionar...
Sério, eu passei esses três livros tentando compreender qual era o propósito da personagem, o que ela queria de verdade, qual era a sua motivação, e quando eu finalmente compreendi, fiquei tão emputecida que só queria lançar o meu Kindle contra a parede de frustração (eu só não fiz isso porque meu Kindle lindo e precioso não merece esse destrato, mas vontade não me faltou).
A Alina simplesmente não é boa em nada, não faz nada direito, não aprendeu com nada, não teve uma evolução. Passou os três livros com a mesma mentalidade e terminou a trilogia da maneira mais sem graça e deprimente de todas. Foi uma agonia sem tamanho ver essa personagem passar toda uma narrativa presa em pensamentos pequenos e não fazer um mínimo de esforço em melhorar, em evoluir. Não sei se foi um erro da autora escolher a primeira pessoa do singular para narrar a história ou se foi a escolha da protagonista. Talvez tenha sido uma mistura dos dois. Mas tenho certeza de que a história teria sido mil vezes mais interessante se tivesse sido contada por qualquer outro (QUALQUER OUTRO) personagem. Acho que até o Mal teria sido mais divertido de ler. Qualquer um menos a Alina.
Pensa em uma pessoa chata. Mas chata pra 🤬 #$%!& . Com um complexo de inferioridade, beirando a uma síndrome do impostor, que não é em si um problema se tivesse sido bem construído na trilogia, mas serviu apenas para fazer com que o leitor ficasse mergulhado em mediocridade. O que mais me irritou, quase me tirou do sério, foi a autora entregar para a Alina oportunidades de ouro e NÃO APROVEITÁ-LAS. A Alina não se esforçava para fazer nada, não se preocupava em treinar, em aprender, em se desenvolver, e quando chegava na hora de mostrar o seu poder, ela se deixava vencer na primeira dificuldade. Ela nem TENTAVA. Simplesmente entregava o jogo. Assim, sem lutar. Porque ela é tão complexada que ela não acredita ser capaz, ela não consegue lidar com as dificuldades. A única coisa que ela faz é se esconder e se lamentar e esperar e se queixar quando as coisas dão errado porque ELA PERMITIU QUE TUDO DESSE ERRADO PRA COMEÇO DE CONVERSA.
E se o problema fosse só a Alina, mas não foi só isso. Os outros personagens também. Por mais interessantes que fossem, que pudessem se tornar, eles não tinham espaço para se desenvolver. Não ajudou que a narrativa quase não tivesse diálogos, foi quase que inteiramente um narrador observador, ou, no caso, uma narradora observadora acompanhando os acontecimentos sem fazer parte deles, sem se envolver. Dessa forma, não consegui construir com os outros personagens nenhuma relação, não consegui desenvolver emoções muito fortes por nenhum deles. E da mesma forma que eles surgiam, eles iam, e de novo eu tive a impressão de que a autora só tomou essas decisões para dar um toque dramático, como um episódio de tortura ou de morte, por exemplo, mas como não havia tido um envolvimento, não fez diferença na narrativa. Não gerou nenhuma emoção. Simplesmente... nada.
O final, então, foi o final mais merda que podia ter existido. E o pior de tudo é que fez sentido. Eu consegui compreender no fim das contas qual era a intenção da autora, como falei antes. O propósito da personagem se cumpriu na série, 100%.
Eu costumo avaliar os livros dessa maneira, sabe? Eu tento não julgar as decisões ou o caráter do protagonista e demais personagens. Busco ler as histórias com muita atenção aos detalhes, observando qual é o propósito dos personagens, e se o propósito é atingido, se a intenção do autor é acertada, então eu entendo que o livro cumpriu a sua finalidade.
Mas eu não consegui avaliar esse livro de maneira positiva. Simplesmente não deu. Eu achei um desperdício tão grande criar um universo como ESSE e colocar uma protagonista tão MEDÍOCRE para narrar a história. Tudo perdeu seu brilho, deixou de ser interessante ou de estimular emoções em mim. Eu só conseguia ver aquela menina perdida brincando de ser heroína quando ela podia muito bem ter ficado lá no buraco de onde ela saiu.
Não teria feito diferença ALGUMA.
Porque não foi ela que fez a história, a história foi feita por ela. E ISSO é uma coisa que eu não pude perdoar. Detestei essa trilogia, detestei os livros. Uma pena, mesmo, porque eles estavam na minha lista de leitura há anos. Eu olhava para eles na estante e coçava de vontade de ler. Criei expectativas, e elas foram detonadas sem dó nem piedade.