Pedro Bastos 16/01/2012Papo entre homensÀ primeira vista, pelo título, parece mais um livro "fofinho" destinado ao público feminino. Uma história de amor "bonitinha". Pois é, mal sabe o leitor que "Malu de Bicicleta" é mais masculino do que se pensa. Representa bem o papel do homem nas relações amorosas; ou pelo menos como, às vezes, nos sentimos e nos comportamos diante das mulheres.
É claro que nem todo cara é galinha assumido como Luiz, o protagonista do livro, embora em cada caso amoroso seja possível encontrar algum tipo de identificação para com o leitor. Já com as leitoras, o reconhecimento de que o personagem é bem real pode dar-se através de experiências passadas: que mulher nunca ficou com um canalha?
"Malu de Bicicleta" poderia até ter uma pegada erótica, mas as descrições das relações sexuais que Luiz teve com suas namoradas acabam sendo mais divertidas do que pornográficas. Faz parte do contexto, pois o livro é todo dialogado com o leitor, um papo de homem para homem. "Papo reto", como dizemos nós, cariocas.
O mistério da traição de Malu, uma das namoradas, perde-se no meio da história, mas em nenhum momento fica esquecida. Pelo contrário; o narrador, Luiz, retoma várias vezes que no momento certo ele chegaria até lá. É bom ressaltar, no entanto, que tudo o que é relatado da vida dele e dos seus casos sexuais não interferem no final do romance, apenas justificam. E é este a receita básica de "Malu de bicicleta": uma história leve (ou pesada, de acordo com seu grau de conservadorismo), despretensiosa, e com um final surpreendente.