Minha Velha Estante 24/05/2018Resenha da Adriana Medeiros“Nós aqui somos ladrões de outro tipo, Lamora. A farsa e o engodo são as nossas ferramentas. Não acreditamos em trabalho árduo quando uma cara falsa e uma bobagem bem-bolada podem ser tão mais eficazes.”
Locke é um ladrão fantástico, inteligente, que age sozinho, mas é essa sua engenhosidade que faz com que ele seja rejeitado pelo seu primeiro ‘tutor’ e siga a sua vida. Passado o prólogo, vamos encontrar Locke já adulto com os seus comparsas, os anti-heróis Jean, Pulga, Galdo e Calo, que foram criados e treinados pelo Padre Correntes, que aplicarão vários golpes na nobreza de Camorr. Mas não se engane Locke e a sua trupe não são ladrões comuns, eles são verdadeiros especialistas na arte de roubar, os mais talentos já vistos em toda a região. O livro é narrado alternando passado e presente.
“A regra de Locke Lamora era a seguinte: uma boa trapaça exigia três meses de preparação, três semanas de ensaio e três segundos para ganhar ou perder para sempre a confiança da vítima.”
Locke fica famoso e passa a ser chamado de Espinho: uma figura lendária capaz de atravessar paredes, espadachim imbatível, responsável por roubos fantásticos, mas isso é mais um exagero do povo já que Locke mal sabe usar uma espada, não tem sorte no amor e é bem magrinho.
Mas a história tem uma reviravolta quando se inicia uma estranha onda de assassinatos de líderes de gangues e Locke terá que salvar os seus amigos.
O livro é muito bom. Um pouco lento no início, confesso. No prólogo, em alguns momentos ele chega a ser monótono. Mas vale à pena seguir em frente e se surpreender em como a história de Locke e suas aventuras pode ser fascinante e não deixar você largar o livro.
“Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós.”
Os personagens são muito bem construídos, com características bem marcantes de personalidade. Nada de seres fantásticos, surreais, eles são seres humanos de verdade sem firulas. Honestidade à parte é difícil não torcer por eles! Cheio de detalhes, o autor cria um mundo único onde Locke vive suas aventuras; nomes de cidades, de lugares e de pessoas bem exóticos que são quase impronunciáveis à princípio, mas que passam a fazer parte do seu vocabulário rapidinho. Bela capa. Ótima diagramação, revisão impecável, a Arqueiro está de parabéns!
Com um enredo originalíssimo, As mentiras de Locke Lamorra é uma grata surpresa! Vale à pena conferir!
O próximo livro da série é "Mares de Sangue".
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