Carol2203 14/09/2023Um ladrão que rouba demais.
"Se ele tivesse com o pescoço
cortado e um Galeno estivesse
tentando costurá-lo, Lamora
roubaria a agulha e o fio e morreria
rindo."
No início, a história pode parecer um pouco confusa, já que os capítulos vão se alternando entre o passado e o presente. Mas assim que tudo se encaixa, é perfeito.
Locke Lamora é um homem de estatura média, de aparência comum e nada de excepcional, à primeira vista. Como se os deuses o tivessem sido feito para ser ignorado. Mas, também é o responsável pela figura que aparenta ser um mito: "O Espinho de Camorr".
" - Correntes costumava falar que não
havia liberdade igual à de ser
constantemente subestimado."
O que diferencia Locke, é que ele foge do arquétipo de personagem "frio e calculista", que não se importa com ninguém para conseguir alcançar seus objetivos. Ele é engraçado, empático, confiante e acaba se ferrando bastante por causa das próprias tramas. Até azarado no amor ele consegue ser. É criativo e teatral, e me faz pensar se não deveria classificá-lo como artista, em vez de ladrão. (Eu amo esse personagem)
O crime dele é estelionatário, e se não fosse azarado no amor (como comentei antes) ele poderia ser o Golpista do Tinder da ficção.
"Você é um terço de más intenções,
um terço de pura avareza e um oitavo
de serragem. Imagino que o resto
deva ser o cérebro."
Além disso, essa história não é exatamente o que eu chamaria de épico, mas ao mesmo tempo ela é muito empolgante. Tanto em cenas de ação ou de reviravoltas eu sentia uma "energia" enorme. Eu até ri com um esquema de Locke que passou a perna em mim direitinho.
Tiveram algumas partes que eu achei um pouco arrastadas, mas elas logo se mostraram importantes para cenas empolgantes que falei antes. Cheguei a conclusão que uma ou duas páginas de contexto ao longo da história valem por tudo que elas vão linkar no futuro, nas partes empolgantes. Vale a pena mesmo.
Preciso ressaltar também que Locke não é a única coisa criativa do livro, pois todo ele é. Outros personagens também arquitetam desfechos que me surpreenderam, e até mesmo coisas simples, como a história de Capa Barsavi e seu tapete. As mulheres que aparecem aqui são bem desenvolvidas e adorei várias, mesmo que não tenham tanto destaque quanto o grupo principal.
E Camorr, onde se passa a história, parece um lugar muito vivo e cheio de cultura. Amei as descrições dela. Um ambiente muito propício para a paz entre a nobreza, os ladrões e os comerciantes... e para as pessoas que querem acabar com ela.
P.S.: Jean Tannen e Locke Lamora vão ficar na lembrança como personagens muito queridos. E quero muito conhecer a Sabeta no próximo.