Manoela Guimarães @estantedamanu_ 01/08/2020
Livro Até o Dia em que o Cão Morreu e adaptação cinematográfica Cão sem Dono
Até o dia em que o cão morreu é o romance de estreia do escritor Daniel Galera e foi adaptado para o cinema por Beto Brant e Renato Ciasca, com o título de Cão sem dono.
O narrador e protagonista dessa história não tem a sua identidade revelada, assim chegamos ao fim dessa leitura sem saber o seu nome. Ele é um homem de 25 anos formado em letras, que fala inglês e russo e mora em Porto Alegre. Vive de forma bem minimalista, seu apartamento alugado fica no 17º andar e é praticamente vazio, tendo apenas um colchão, um sofá, uma cadeira e um cozinha que ele não chega a descrever.
Nosso narrador não tem hábitos saudáveis, comi pouco, fuma e bebe muito, o que ocasiona uma eterna dor de estômago. Atualmente está desempregado e em seu último emprego lecionava inglês, mas foi demitido porque faltava demais. Preferi viver isolado e para isso nem telefone possui. Visita os pais praticamente a cada quinze dias. O personagem sem nome poderia trabalhar ou tentar uma bolsa de mestrado, mas ele não tem vontade e nem ambições. Seu único interesse é manter o apartamento, o que consegui com a ajuda financeira do pai.
Um dia ao voltar para casa encontra um cachorro faminto e acaba levando-o consigo e o criando de forma livre. O cão vai passear na rua e volta quando tem vontade. “Não sou dono dele, ele é meu amigo.” Marcela, uma modelo que ele conheceu em uma formatura, praticamente o obriga a dar um nome ao animal, que passa a ser chamado de Churras. Ela frequenta o apartamento dele 2 a 3 vezes na semana, mas não chega a ser um relacionamento declarado. Assim como o cachorro, Marcela aparece quando quer, passa a noite e depois vai embora.
A moça trancou a faculdade de administração e apesar de não gostar, trabalha como modelo, pois almeja juntar dinheiro para o seu futuro. Ela planeja viajar pelo mundo e até comprar uma casa. A diferença de personalidades deles é gritante, mas se entendem no sexo. Apesar do narrador não desejar nenhum envolvimento pessoal e nenhuma mudança em sua vida, ele chega a admitir para si que se importa com Marcela e quando ela passa 3 semanas sem aparecer ou dar notícias devido a um problema grave ele sente a sua falta.
Outros personagens coadjuvantes na trama é o senhor Elomar, porteiro do prédio que pinta quadros e faz esculturas de argilas e Lárcio, um motoboy que em decorrência de um acidente acaba se aproximando de Marcela e do narrador.
O livro apresenta algumas reflexões e veremos a vida do ponto de vista do narrador, de acordo com suas escolhas e excentricidades. O livro é bem construído, a leitura é fluida e mostra a transição de um recém formado para a vida adulta. Foi o meu primeiro contato com o autor e gostei muito dessa experiência literária.
Na adaptação, Cão sem dono, lançada em 2007, o protagonista ganha o nome de Ciro e é interpretado pelo ator Júlio Andrade, enquanto a Marcela é interpretada por Tainá Muller. Tanto no livro como no filme podemos perceber a presença do sotaque gaúcho. Ambos trazem a carga emocional da história. A versão cinematográfica é fiel a obra literária nos seus principais aspectos, apenas diferenciando em alguns detalhes. O filme é bom, mas eu ainda prefiro o livro.
Sinopse do Livro: “Depois de alugar um apartamento vazio no centro de Porto Alegre, um homem de cerca de 25 anos gasta os dias olhando a cidade pela janela, bebendo cerveja e caminhando pela vizinhança. Até que um cachorro aparece em sua porta, e uma modelo chamada Marcela entra em sua vida. O impasse do narrador também tem um caráter particular: a dificuldade de escolher entre um cotidiano cheio de privações, mas sem riscos emocionais, e as possibilidades infinitas dos afetos. É aí que o mundo se torna mais complexo e interessante. É aí, também, que as paixões cobram seu preço. Com um estilo minimalista e em algumas passagens virtuosístico, Galera conduz o leitor com um vagar nada gratuito: em suas pequenas acelerações e grandes pausas, é como se Até o dia em que o cão morreu reproduzisse o tempo interno do seu personagem – a lenta evolução, quase despida de acidentes, até que suas certezas iniciais comecem a esmorecer. As últimas páginas, narradas por Marcela, iluminam com sutileza o instante em que tudo pode estar prestes a mudar. É então que, numa história tão marcada pelo signo da morte, a vida enfim dá o ar de sua graça. Até o dia em que o cão morreu foi adaptado para o cinema por Beto Brant e Renato Ciasca, com o título de Cão sem dono.”
Livro: Até o dia em que o cão morreu
Autor: Daniel Galera
Ano: 2007
Páginas: 104
Editora: Companhia das Letras
site: https://estantedamanu.com/2020/07/31/resenha-desafio-deu-a-louca-nos-encalhados-ate-o-dia-em-que-o-cao-morreu-daniel-galera/