A Regra do Jogo

A Regra do Jogo Cláudio Abramo




Resenhas - A Regra do Jogo


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Arthur.Katrein 07/09/2015

Lançado em 1988, um ano após a morte do autor, A Regra do Jogo apresenta uma seleção de artigos, crônicas e comentários do jornalista Cláudio Abramo. Famoso como figura chave no processo de modernização de dois dos maiores jornais do Brasil, o autor nos conta nesse livro uma pequena história do jornalismo impresso brasileiro, a relação da mídia com o estado, além de oferecer destaque a questões éticas, técnicas e acadêmicas.

Centenas de artigos e crônicas entrecortam os seis capítulos do livro, que permite ao leitor conhecer melhor a personalidade do autor. Os artigos selecionados abrangem tanto as primeiras publicações da década de 50, mais sóbrios e factuais, até os grandes discursos amargos do final dos anos 80. Com alto teor político, as crônicas exibem em Abramo um Trotskista declarado, cuja relação com a esquerda política é mostrada como de amor e ódio, uma mistura de crítica ácida pela desunião e incapacidade dos movimentos com uma manifesta confiança nos valores.

Esses textos políticos de Claudio Abramo assemelham-se muito às Cartas Políticas de José Saramago: ambos pendem para a esquerda no espectro político, ambos lidam com países em constante luta contra figuras ditatoriais da direita, ambos testemunhas de difíceis processos de redemocratização, e ambos desapontados com o papel da oposição. De fato os textos finais de Abramo são uma narrativa cativante do final dos anos 80 no Brasil, em que é negado à população eleições diretas, em que o primeiro governo civil em 20 anos escolhe Sarney como vice e tem o presidente Tancredo Neves morto pouco antes da posse.

Contendas políticas à parte, nas narrativas do livro não compostas por publicações em jornais, Abramo concede aos leitores uma aula de jornalismo. A famosa ‘’ética do marceneiro’’ aproxima o jornalista do cidadão, engloba a ética jornalística em uma ética maior, que é a humanista. Defende uma formação especializada para a profissão jornalística, valorizando a construção do profissional através da prática; e por conta disso, alfineta os grandes teóricos, de McLuhan a todo o campo da semiótica. Mas acima de tudo, com uma formação cultural e científica bastante sólida (mesmo sem ter cursado o Ensino Superior), Abramo reitera a importância da leitura para a existência do bom jornalista. Sem conhecimento não pode haver bom jornalismo.

Em termos técnicos, a fluidez eloquente do texto de Abramo faz com que este pareça um depoimento falado, e de fato isso auxilia no processo de transmissão dos sentimentos. Pode-se compreender o amargor, a tristeza, o cinismo, a esperança que o autor tenta expressar a cada linha. O trabalho de Abramo como correspondente internacional rendeu belos textos sobre a União Soviética e uma série de matérias sobre a Espanha fascista, evidências claras de um talento literário amadurecido.

A regra do jogo, definida e praticada, pode ser resumida em honestidade e competência. Claudio Abramo recomendava sobriedade e moderação para o jornalista que trabalhasse em um veículo cuja linha editorial ia contra seus ideais políticos; ’’é uma empresa particular [...] é o direito dela’’, escreveu. No entanto, não pode faltar competência e caráter honesto ao profissional, caso contrário estará a cometer infrações graves, não perante a ética jornalística, mas na ética humana.
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Mara Vanessa Torres 08/04/2010

"Definida e praticada, eis a regra do jogo"
Resenha publicada em: http://ceutagecomceut.blogspot.com/2010/04/regra-do-jogo.html

Março de 2008. Em meio a um turbilhão de ideias sistematicamente organizadas em livros, eu encontrei um homem. Um homem feito de palavras ácidas, lúcidas, significativas, repletas de argumentos que ultrapassam os fatos tão brilhantemente descritos. Nas 272 páginas de “A Regra do Jogo” (Companhia das Letras, 1988, 4° edição), conheci Cláudio Abramo.

Jornalista excepcional, leitor contumaz e intelectual indiscutível, Cláudio Abramo modificou a ‘célula tronco’ de dois dos mais influentes jornais do país, O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo, além de ter contribuído para um novo conceito da prática jornalística, que se popularizou como “a ética do marceneiro”. Em seus textos, Abramo priorizou o esclarecimento dos fatos, ao invés de narrativas meramente informativas. Com uma formação humanística exemplar – não cursou nenhuma faculdade, mas cresceu lendo expoentes da literatura clássica (na maioria dos casos, no idioma original), era poliglota e perseguidor implacável do cepticismo racional.

A Regra do Jogo, livro organizado por Cláudio Weber Abramo [filho do jornalista], agrupa matérias, entrevistas, opiniões e informações escritas por Cláudio no decorrer de sua trajetória jornalística. Dividida em seis capítulos, a obra abarca o contexto histórico vivido pelo mundo nos idos de 1940 ao final da década de 1980 sob a ótica reflexiva do jornalista, sempre disposto a levantar dados sobre o que escrevia, justificando-os à luz do factual, bem como dando à ética profissional o tempo de duração adequado: 24 horas do dia. Cláudio Abramo não encontrava limites quando o assunto era disseminar o esclarecimento, provocar a consciência. Atacava mandantes e lacaios do meio político, empresarial e cultural, bem como o cidadão comum que insistisse em permanecer alienado, asfixiado pela rede de mentiras mantida pelo sistema dominante.

O grande diferencial da obra – que conta também com prefácio do jornalista Mino Carta – é oportunizar às outras gerações posteriores um retrato jornalístico amplo, honesto, longe da idolatria que muitos profissionais da mídia incorporam e do conteúdo supérfluo que tem assolado nossa imprensa. Para Cláudio não interessava em fazer fortuna por meio de matérias compradas e nem galgar espaço [e status] através de ‘favores entre amigos’. Para o jornalista, o profissional da comunicação é apenas um mediador social; alguém que deve estar interessado em elucidar os fatos, em levantar questionamentos.

Cláudio Abramo defendia o investimento na formação e especialização dos novos jornalistas. Para ele, a técnica era um fator diferencial, mas nem de longe o mais importante. É na prática diária, na labuta das redações, que os melhores profissionais são formados, aperfeiçoados e lapidados. Em suas próprias palavras: “Para ser jornalista é preciso ter uma formação cultural sólida, científica e humanística”. Cláudio acreditava que as universidades ainda eram precárias e defendia a desburocratização do sistema de ensino implantado pelas mesmas. A estratificação do ensino [ocorrida com a criação de fórmulas e conceitos fechados, como o lead, por exemplo] tem arrancado à espontaneidade, a liberdade e o tato na hora de localizar e expressar um acontecimento, fato que tem estado presente na imprensa contemporânea, que faz uso de plágios constantes e falta de uma posição mais interpretativa/investigativa na exposição dos fatos.

Era contra isso que Cláudio Abramo lutava. E esta talvez seja a maior herança deixada a todos nós, profissionais do Jornalismo, que comemoramos no último dia 07 de abril o reconhecimento profissional sem nos questionarmos se ele tem sido, efetivamente, real e significativo. Estamos nós, estudantes e jornalistas, vivenciando o “sentimento de pertença” dentro do nosso espaço acadêmico e do nosso ambiente de trabalho? A prática jornalística tem transmitido confiança à população? A expressão “função social” tem se restringido apenas aos livros e compêndios teóricos?

Talvez, Cláudio precisasse de apenas duas linhas para esboçar uma opinião sensata: “O jornalista não tem ética própria. Isso é um mito. A ética do jornalista é a ética do cidadão. O que é ruim para o cidadão é ruim para o jornalista.”
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Flávio 24/02/2011

Ingênuo e equivocado
Cláudio Abramo faz parte da História do jornalismo brasileiro e é uma das pessoas mais gabaritadas para contar esta história. O livro "A Regra do Jogo" é excelente para contextualizar o leitor em vários momentos da participação da imprensa nos momentos-chave da política brasileira, mas peca por sua ingenuidade.

A sensação que tive é que Abramo passa a maior parte de seu relato esbravejando com uma raiva infantil de tudo o que acha errado no jornalismo brasileiro (em que, por muitas vezes, tem razão), mas lhe falta capacidade em propor soluções práticas, normalmente suas ideias são muito fantasiosas.

Acredito que falta, também, um pouco de estilo na redação. Parece um depoimento falado, jogado, o que dá leveza ao texto, mas o torna fácil de ser esquecido.
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Dose Literária 20/09/2012

http://www.doseliteraria.com.br/2012/06/regra-do-jogo.html
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Rodrigo 08/04/2016

REGRA DO JOGO
CLÁDIO ABRAMO é jornalista brasileiro de sua maior paixão,o jornalismo e mostra a regra do jogo.que mostra sua vida de jornalista responsável pela modernização dos jornais da folha de são PAULO
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