Amanda 23/07/2014Estação CarandiruSe tem uma coisa que eu AMO são seriados médicos. E acabei descobrindo, graças ao Drauzio Varella, que também amo livros desta temática. Acho que se eu não odiasse estudar e não fosse tão preguiçosa, provavelmente eu seria médica.
É o segundo livro que leio do doutor, e devo dizer antes de tudo que ele escreve muito bem. Apesar do jargão médico, o vocabulário é muito simples e faz a leitura fluir rapidamente. Eu consigo imaginar o Drauzio sentado ao pé de uma lareira contando os casos que ele narra em Estação Carandiru, o maior presídio do Brasil.
Começou apenas como um trabalho voluntário para conscientizar os presos sobre o vírus HIV através de palestras, mas acabou tornando-se um trabalho de quase 20 anos, com muitos personagens inusitados e verdadeiros, e amizades que duraram até fora das grades.
O livro é espetacular... Depois das 40 primeiras páginas. Isso porque o começo é bem insosso devido a descrição da localização do presídio e das dependências do mesmo. Características e posicionamentos dos pavilhões, por exemplo, coisas que você nem vai lembrar ao longo da história.
Após ver tantos filmes americanos e Orange is the new Black, eu meio que formei a ideia de uma prisão, e o livro acabou com ela. Ninguém usa macacão laranja, não tem aquelas camas confortáveis e grades bem pintadas. O livro trás diversas fotos extremamente reais. Claro, tem algumas celas que são até bem cuidadas, com a tintura da parede parecendo nova, e tem até uma tevezinha. Mas essas são celas que o preso aluga, e que podem custar até 2 mil reais. As ‘verdadeiras’ não são nem um pouco bonitas de se ver.
Jargões do presídio como um ‘laranja’ ou ‘ganso e ‘sangue-bom’ fazem parte do dia-a-dia do médico, assim como a restrita Lei do Crime – criadas pelos presos para ajudar no convívio diário de quase 7 mil pessoas.
As histórias por trás dos pacientes atendidos são impressionantes, uma verdadeira caricatura da pessoa humilde que acabou se perdendo pelo sistema. HIV, tuberculose e silicones com infecção dos travestis até ciúmes, roubos, assassinatos, traições e um massacre no presídio que matou mais de 110 pessoas são descritos nestas impressionantes páginas.
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