Haag 18/08/2015
O que é justiça? (RESENHA DA COLEÇÃO COMPLETA)
Bom, Death Note é um mangá da dupla Takeshi Obata e Tsugumi Ohba (mesmos criadores de Bakuman) e foi publicado nas páginas da Jump de 2003 até 2006, finalizando ao todo com 12 volumes. Também recebeu uma (controversa) adaptação para anime com 37 episódios.
No Brasil o mangá foi publicado pela JBC no formato normal em 2007, e em 2013 foi relançado na sua edição Black Edition, que hoje é chamado de “formato Big”, tendo 2 volumes compilados em 1, sendo finalizado com 6 volumes. Além de ter tido novels e especiais também publicados por aqui.
Sou fã de Death Note, é fácil um dos meus 5 mangás favoritos em minha coleção (talvez perca apenas para Kenshin, mas é Kenshin né). Foi o primeiro mangá que eu realmente sentei para ler naquela coisa do “formato japonês e mimimi” isso em 2009 quando um amigo me emprestou. Porém só agora com o relançamento é que consegui ter essa obra na minha estante (e graças a minha namorada perfeita que me deu de presente). Vou tentar evitar os spoilers, mas tem coisas que é necessário falar para poder analisar o mangá.
A obra (se alguém ainda não conhece) conta a história de Light Yagami, um estudante que certo dia encontra um Death Note, que como o nome sugere, é um caderno da morte, com a capacidade de matar todos aqueles que tiverem seu nome escrito nele. Com posse desse caderno, Light decide livrar o mundo de todas as pessoas más que cometam crimes, e assim se tornar o deus da justiça desse novo mundo criado por ele. Porém, para realizar esse sonho, primeiro ele precisa se livrar daqueles que não concordam com seu pensamento e que o consideram apenas um serial killer, como a policia japonesa e o mundialmente famoso detetive L.
Vou começar analisando a qualidade antes da obra. Nessa versão Black Edition, a JBC caprichou bastante. Como eu disse antes, são 2 volumes em 1, então é um mangá grosso, quase um livro. O papel é gostoso de folhear e bem firme, infelizmente não encontrei em nenhum lugar qual é o papel usado. Ele tem páginas coloridas no começo de cada edição, além de ter os freetalks dos autores e uma galeria com as capas dos volumes originais. Aqui vem um ponto negativo, a meu ver erro da JBC, essas galerias de capas estão em preto e branco, poxa, Death Note tinha capas lindas, poderiam ter colocado coloridas (falo das capas que aparecem no final do volume).
Já li DN umas 10 vezes sem mentira, e essa última releitura foi interessante, pois procurei ler de modo mais critico, e acabei percebendo algo que me passava despercebido.
A história é eletrizante, com diálogos inteligentes e bem construídos de forma a tentar prender o leitor. O “elenco” central que seria Light, L, Misa e Ryuk é cativante, são personagens que conquistam quem está lendo e até mesmo nos faz querer que tudo termine bem e todos vivam felizes. Os personagens secundários também conseguem se desenvolver dentro da trama sem chamarem muita atenção e as mudanças na história, principalmente na primeira fase, vão acontecendo de modo rápido e ágil, mas sem parecerem forçadas.
Entretanto, é quase que unanime que a qualidade do mangá decai demais em sua reta final, mais precisamente após a morte de L. Acho que o detetive é um personagem muito forte na obra, desenvolvido de maneira a ser praticamente a mesma pessoa que Light, como se os dois se completassem. Já Near e Mello não conseguiram ser tão cativantes quanto L, talvez muito disso por precisarem viver com a comparação.
Confesso que sempre achei que a culpa da queda de qualidade fosse por causa disso, mas dessa vez criei outra opinião sobre o verdadeiro motivo: a desconstrução de Light e da história.
Desde o começo nós já sabíamos que Light não iria vencer, por mais que o rótulo de “vilão” não exista em Death Note, Kira não é o tipo de personagem que vá realizar seu sonho no final da obra. Após a morte de L, Light se tornou deus, ninguém mais poderia com o nível em que Light estava, poderiam ser criados diversos sucessores de L, não iria funcionar, pois eles não passavam de sucessores. Então o que fazer? Simples, rebaixar Light ao nível dos sucessores.
Light se tornou burro na reta final do mangá, nem parecia mais o mesmo personagem. Erros idiotas voltados apenas para o final, ignorando completamente tudo que já tinha sido criado sobre Light até então, por diversas vezes eu pensei: porque ele não fez isso? Porque ele não matou fulano? Toda uma construção de personagem foi se desfazendo apenas para que ele pudesse ser derrotado.
Ao mesmo tempo, as deduções de Near começaram a ficar cada vez mais forçadas. Ok, sei que ele é excepcional, mas mesmo assim forçava demais. Informações começavam a ser deixadas de lado por puro “é assim e ponto”, claro, ele tinha sua linha de investigação que apontava para Light, certo, porém quando ele encontrava uma barreira sólida montada por Kira, ele simplesmente ignorava e já sabia o que tinha acontecido, sem nenhum pensamento elaborado como era feito no inicio da série.
Death Note em sua reta final virou um “Light vai perder” e deixou de lado muito do que tornou a série incrível.
O final é bom, independente dos erros para chegar nele, o final consegue convencer a todos e dar um desfecho digno para Light e sua ambição. Porém sempre vai deixar aquele gostinho de “poderia ter terminado no L”. O Mugi comentou esses dias que Death Note poderia ter se encerrado no volume 7 (ou 4 da Black Edition) com um empate entre L e Kira, e eu também acho, seria provavelmente a melhor opção.
Mesmo assim, Death Note é uma das minhas séries favoritas e leitura obrigatória para qualquer colecionador. Só não vou dar o 5 por causa da escorregada na reta final.
Nota: 4,99 / 5
site: https://itadakimasuanimes.wordpress.com/2015/08/18/review-12-death-note-black-edition/