Fabio Pedreira 01/06/2017King of Thorns Fala, galera, lembra do Jorg, aquele garoto, sem coração, malvado, que mata qualquer um sem escrúpulos apenas para conseguir o que quer? Pois bem, ele vai casar. =O
Sim, isso mesmo, ele vai casar e é assim que se inicia o segundo livro da Trilogia dos Espinhos. Inclusive o livro se passa todo em um único dia, que é justamente o dia do casamento de Jorg (agora com seus 18 anos) com a pequena Miana, a filha de um lorde que, apesar de ser muito nova, de besta não tem nada.
Porém, apesar de o livro se passar todo em um dia, ele, assim como seu predecessor, conta com capítulos com acontecimentos anteriores (4 anos atrás para ser mais especifico, assim como o primeiro), contando as andanças de Jorg e seus irmãos de estrada. E é justamente essa estrutura a parte que mais incômoda no livro.
Isso porque não é apenas nesses capítulos que voltamos ao passado, mas durante o dia do casamento também temos várias lembranças de dias anteriores, o que ao meu ver, além de acabar quebrando a narrativa, deixa a história meio confusa, deixando o leitor perdido caso não preste atenção.
Mas, tirando esse “pequeno” problema a narrativa continua seguindo em um ritmo alucinante com uma narrativa que continua prendendo o leitor e o deixando curioso a cada momento. Em cada capitulo você se depara com uma reviravolta ou uma revelação que te deixa instigado, principalmente da metade do livro para o final, onde tudo começa a se encaixar. E aqui temos um diferencial, pois não vemos a história apenas do ponto de vista de Jorg, mas também sobre o olhar de Katherine (a mulher pelo qual Jorg nutre um desejo enorme) e seu diário, contando principalmente seu ódio pelo jovem.
O livro continua repleto de ação, não é à toa que apesar de ser o dia do seu casamento, Jorg se encontra com um exército inimigo bem à sua porta, pronto para atacar o castelo e tomar sua parte do reino para si. Mas claro que o jovem não deixa barato e parte para o ataque (contando inclusive com o apoio de sua noiva).
É difícil classificar o personagem, herói não é; anti-herói, não sei; vilão, muitas vezes; sortudo e sempre com um plano? Com certeza. Desde o primeiro livro notamos como Jorg conta com a sorte e sempre tem um plano na manga para resolver a situação ou se antecipar a ela, e aqui não é diferente. Porém, dessa vez ele se encontra muito mais inescrupuloso, dotado de um poder muito grande, e não se limita a usá-lo quando pode.
Mas em certos momentos podemos notar que ele não é de todo mal, se importando com alguns dos seus irmãos de guerra, como Sir Makin, o único em que Jorg parece realmente confiar, e no pequeno Gog, uma criança adorável que pode controlar o fogo e que está sempre acompanhado de Gorgoth, um troll enorme que protege Gog.
Os personagens continuam bem escritos, com motivações simples, mas bem elaborados, com características bem definidas para cada um. E o que continua também são as referências aos equipamentos atuais e do futuro, de uma forma até mais ampla que no livro anterior, tornando possível conhecer um pouco mais dos motivos que levaram à catástrofe que mudou toda a humanidade. Mais amplo também nesse livro está a magia, que no primeiro aparece de forma mais sutil, mas aqui torna-se um fator importante na narrativa, ditando o rumo de certas situações pela qual Jorg passa.
Por fim, o livro é uma ótima pedida, continuando de forma magistral os acontecimentos do primeiro, e preparando espaço para um final da trilogia que promete muito mais maldade e sangue. Tendo como ponto negativo apenas a estrutura confusa no início, como se fosse um quebra-cabeça que só vai se tornando possível de perceber perto do final em diante, e isso atrapalha um pouco a leitura impedindo assim o livro de ganhar uma nota máxima.
Que venha a continuação e o fim da trilogia dessa obra incrível que é uma mistura de Game of Thrones com The Witcher.
Abraços.