Rose 18/03/2017Cheguei ao final desta trilogia com grandes expectativas, afinal não é todo dia que você se pega torcendo por um personagem sanguinário como Jorg. Aliás, não é todo dia que um personagem sanguinário é o mocinho da história...
O livro começou de forma lenta, e foi um pouco difícil entrar no clima, ainda mais porque já tinha um certo tempo que eu havia lido o livro 2. Talvez o fato deste volume não ter tantas lutas, tenha contribuído para o ritmo mais lento.
Fato é que agora Jorg quer ser Imperador, e para isso, acompanhamos sua caminhada de três formas: pela história de Chella (a necromante) e de como ela vê sua vida e o próprio Jorg. Entre o Jorg no presente e Jorg há cinco anos atrás, quando ele estava na corte do avô materno.
É justamente esta alternância entre o passado e o presente de Jorg, que Lawrence vai aos poucos encaixando as peças, e o leitor entendendo a história. É verdade que isso pode causar confusão em muitos leitores, ainda mais leitores que talvez não estejam acostumados com isso. Para mim não houve problema, pelo contrário, era ótimo ir entendendo as coisas, ligando os pontos.
Jorg está agora com 20 anos, e decide ir à Vyene participar da Centena, um congresso que acontece a cada quatro anos e que decide quem será o Imperador. Como ele tem direito a um voto e de levar um conselheiro, por conta das terras herdadas após a vitória sobre Egan, é claro que ele não ia desperdiçar isso.
Durante a viagem até Vyene, algumas coisas acontecem, como por exemplo o tal do Rei Morto também desejar ser o Imperador. Ah, não tema, a identidade do Rei Morto será esclarecida, e devo dizer, eu não desconfiava de quem era.
Enquanto segue para a Centena, Jorg precisa manter-se vivo, o que é bem complicado, visto a quantidade de inimigos que ele tem. Mas sua preocupação também está em manter as pessoas que ama a salvo. Sim amigos, Jorg sabe amar. Ele tenta provar que as profecias são falsas, e mesmo não tendo total noção, ele está procurando sua própria redenção.
Daquele menino indefeso que foi deixado nos espinhos para morrer, até a caminhada para ser o Imperador (será que ele consegue?), temos todo o amadurecimento de um personagem totalmente contraditório.
"Conheço um homem que está tentando, respondi. E se eu não tivesse aprendido, então sim, eu salvaria todas elas. Sem meias medidas. Algumas coisas não podem ser cortadas ao meio. Não se pode amar alguém pela metade. Não se pode trair ou mentir assim."
Jorg foi um personagem que me surpreendeu desde o primeiro volume. Fiquei passada com a frieza e maldade dele. Ele não exitava em matar, mas de alguma forma, que não sei explicar, o autor conseguiu que eu simpatizasse com Jorg. No segundo livro minha admiração por ele aumentou, até por conta do lado mais humano dele apresentado pelo autor. Não que ele tenha virado um anjo, longe disso... Mas há de se destacar a força de vontade de Jorg.
"A vida pode arrancar o que é vital a um homem, surrupiar um pedaço de cada vez, deixando-o de mãos vazias e a míngua ao longo dos anos. Todo homem tem seus espinhos, não os que saem dele, mas os que estão dentro dele, profundos como os ossos."
O final foi algo que eu confesso, não esperava. Me pegou totalmente desprevenida. Uma série onde o personagem principal é um assassino frio, disposto a tudo para chegar onde deseja, mas que ao longo de sua caminhada, percebe que afinal, nem tudo ele deseja sacrificar.
Quem tiver oportunidade não deve deixar de conhecer Jorg, e não se espante se você também começar a torcer por ele.
Sobre a parte gráfica, não tenho muito a dizer além de uma pequena palavra: Darkside!
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