Timebound

Timebound Rysa Walker




Resenhas - Timebound


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Lauraa Machado 14/04/2019

Muita explicação, pouca ação
Nota verdadeira: 2,5.

Eu amo história. Amo viagem no tempo. É claro que eu tinha que dar uma chance para esse livro, mas tenho que admitir que não esperava grande coisa. Quando vi que a Darkside tinha publicado ele aqui no Brasil, então, fiquei ainda mais apreensiva, porque nunca li um livro deles que fosse mais do que só okay. E é isso que este primeiro livro da trilogia Chronos é. Só okay.

Tem várias coisas ruins aqui, mas acho válido começar falando sobre o que tem de bom. A ideia da viagem no tempo, os detalhes e as regras de tudo foram super bem pensados. O próprio medalhão e como ele funciona, infelizmente, não fazem tanto sentido, mas o resto - e principalmente todas as limitações da viagem - faz. Essa é o ponto alto do livro.

Mas também tem seu lado ruim. De 362 páginas (na minha edição), só depois da 250 tem viagem no tempo. E, sabe, para um livro com esse tema, eu realmente não teria aconselhado a autora a esperar tanto para colocar seu leitor no meio da ação. Esse não é nem de longe meu primeiro livro no tema, mas foi o que teve a viagem no tempo mais sem graça e anti-climática que já vi. Ação mesmo, só tem por umas quarenta, cinquenta páginas. Durante todo o resto, vou confessar que fiquei bem entediada.

A ideia de como funciona a viagem no tempo é incrível, mas a autora usou praticamente o livro inteiro para explicá-la. Não chega a ser um livro didático, mas é tanta explicação, questionamento e discussão sobre o assunto durante as primeiras 250 páginas, que cheguei a acreditar que só teria alguma ação mesmo no segundo livro. E o pior é o prólogo, que é interessante e promete alguma cena emocionante, mas que demora muito para realmente acontecer.

O fato é que a autora não é muito boa escritora, apesar de ser criativa. Esse foi outro problema, já que eu não conseguia imaginar as cenas direito! Não faço questão de autor mega detalhista que descreve absolutamente tudo, mas Rysa Walker é vaga demais, a ponto de eu não ter tido ideia do que estava acontecendo, mesmo em algumas cenas importantes. Parecia que ela tinha medo de falar certas coisas abertamente, com todas as palavras - ou pelo menos algumas palavras.

A "montagem" da cena, do lugar e onde os personagens estavam também foi um problema desde o começo, mas ficou pior quando ela foi para o passado; a realidade da protagonista é fácil de imaginar para quem tem praticamente a mesma, mas algo que aconteceu há mais de um século atrás fica mais difícil. Não tem qualquer ambientação aqui, tanto que, por muito tempo, também achei que a historia poderia se passar normalmente no futuro. Mas o pior é não sentir qualquer satisfação de estar em outra época, algo que uma amante de história e viagem no tempo como eu espera de livro assim.

A escrita da autora também se mostrou bem incompetente na hora de criar e desenvolver um romance. Além de todos os personagens serem extremamente bidimensionais e parecidíssimos um com os outros, as atitudes e conclusões deles não fazem sentido nenhum! Eu poderia explicar exatamente, mas não quero dar spoilers. Vou só falar que tem muito beijo sem explicação (ou sentimento, mas essa é outra crítica), de um jeito que chega a ficar bem desconfortável para o leitor, mas que a protagonista (e a autora, aparentemente) achou super normal.

Preciso alertar sobre um detalhe aqui que seria bem bacana se a autora tivesse tido a mínima noção de não colocar: só porque alguém é homem, não significa que não existe abuso. Essa ideia de que garotos nunca recusam beijo ou sexo de qualquer garota minimamente bonita, ainda que seja uma completa estranha e mais velha que eles, é bem tóxica. Rysa Walker precisava rever o que consentimento significa, além de parar de usar ameaça de estupro como algo comum e normal. Só aconteceu uma vez, mas foi bem deslocado e nada abordado, o que só piora.

Ainda que não fosse por todos os comentários problemáticos e o fato de que a protagonista e um dos carinhas do triângulo amoroso tiveram o instalove mais instantâneo do universo, não seria um bom romance, porque não tem nada de romântico aqui. Nenhuma cena deles tem emoção - mas, para ser bem honesta, nenhuma outra cena tem também, - então é impossível torcer por eles, ficar minimamente animada com qualquer avanço romântico ou se importar com o futuro desse "namoro".

Não sei o que passa na cabeça de autores para colocar patéticas desculpas de romance e achar que tá legal. Se não tivesse o romance, essa história já seria bem mais interessante. Mas um casal apelativo para forçar questão emocional no enredo estragou tudo que poderia ter sido salvo aqui. Quer dizer, a Kate não pareceu se importar com a própria mãe em momento algum, mas o cara que conheceu há uma semana e ela já ama, claro, significa tudo para ela.

Outro comentário problemático do livro foi em relação à mulher que trabalha para o carinha, que é da Guatemala. Além do clichê bem desnecessário e péssimo aqui, a autora não fez a menor questão de conferir as quatro palavras em espanhol que resolveu usar - e usar para dizer que ele super falava espanhol bem. Pagou mico, sério.

Este livro não é bom. Se fosse só pelo enredo e escrita, mereceria só duas estrelas. Dei meia a mais pela ideia da viagem no tempo e suas restrições. Espero que o segundo seja melhor, mas não tenho muitas esperanças. Pelo menos, mais divertido, ele poderia ser.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR