Carlos.Eduardo 06/12/2022
Teresa e a filosofia do prazer
Essa é a primeira vez que me dediquei a ler um livro desse gênero. Experiência deveras interessante, devo dizer. Teresa Filósofa é um livro bastante surpreendente, dentro do que se propõe. Há lascívia desde a primeira página, mas há também uma inquietação curiosa sobre a moral do sexo, se pudermos chamar assim.
Teresa, uma jovem que, desde que consegue se lembrar, sente impulsos que a levam a buscar o prazer carnal sem nem mesmo saber o que isso significa. Acompanhamos então a curiosidade da protagonista sobre o pecado da carne, mas também sua inquietação sobre o mundo.
As conclusões de Teresa são interessantes, a saber, a principal delas: se Deus tudo fez, ele também fez o prazer. Logo não é pecado nós entregarmos a esse prazer natural e voluptuoso vez ou outra, pois isso é da natureza e não estamos acima do criador para suplantar essa mesma natureza. Tanto o é que, quando nossa protagonista se vê privada da possibilidade de se dar prazer através da masturbação, quando encerrada no ascetismo do claustro monástico, seu corpo definha.
O livro é, portanto, não somente sobre o desabrochar sexual de Teresa, é também, principalmente, sobre seu desabrochar filosófico. Teresa é questionadora por natureza, curiosa por natureza e em nenhum momento nega essa característica.
Sendo um livro escrito no século XVIII, deve-se atentar que a linguagem e a moral expostas em sua narrativa não são necessariamente confortáveis ao leitor atual, mas mesmo assim é uma leitura que traz alguma diversão e certas reflexões interessantes.