A Invenção das Asas

A Invenção das Asas Sue Monk Kidd




Resenhas - A Invenção das Asas


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Ana Aline 23/03/2016

A Recordação de Como Conquistamos Liberdade...
Quando comecei a ler a invenção das asas pensei que não iria gostar, não me lembrava do porque esse livro tinha chamado minha atenção e nem mesmo sobre o que ele falava. Mas, enfim eu lí e adorei então vamos a resenha.

O livro é dividido em partes e os capitulos alternam entre a narrativa de "Hetty" ou seu nome de escravo "Encrenca" e Sarah Grinké. Uma é uma escrava de apenas dez anos e outra a filha da sinhá que esta completando onze anos. Encrenca é filha da escrava Charlote a costureira da sinhá, ela é uma garota especial e é apaixonada pela mãe que lhe conta historias da Africa de onde os escravos eram tirados ao longo da narrativa encrenca amadurece e se torna uma mulher forte e guerreira,

Sarah Grinké foi criada pra ser uma tipica sinhá de Charleston foi educada para isso, mas ela se sentia diferente sabia que estava destinada a deixar sua marca no mundo, Seu pai era Juiz e sua mãe uma sinhá bem durona. Sarah adorava ler os livros do seu pai sobre leis e o seu favorito era sobre Joana Darck. Ela ficou com problemas na fala quando com seis anos de idade viu uma escrava ser açoitada no patio de casa.

No aniversário de onze anos de Sarah seu presente foi uma dama de companhia escrava, a Hetty. Ela não queria aceitar o presente de forma alguma e foi ai que ela decidiu suas ambições mesmo não sabendo ao certo como consegui-las.

O livro conta varias partes da história do movimento antiescravagista nos U.S.A. que realmente aconteceram.

Esse livro é incrível, ele nos lembra de como temos que encontrar a nossa voz e como podemos ser o que quisermos se persistirmos em nossos objetivos.
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Juliana 14/02/2016

Sonhar Sempre. Desistir, Jamais!
Se você não tem asas, você não consegue voar e nem chegar a lugar algum. Você deve aceitar a sua vida do jeito que ela é e agradecer a Deus por isso. Com certeza Sarah e Encrenca não pensavam dessa forma. Ambas queriam mudar o seu destino e escrever uma nova história no futuro. Encrenca era escrava. Sarah era sua sinhá por falta de escolha e abominava completamente a escravidão. Mas sendo mulher e filha de uma família extremamente tradicional, como poderia enfrentar mundo e lutar pelo direito dos escravos e das mulheres? Uma história com muitas lições sobre fé, esperança, luta e humanidade. Ninguém pode ser dono de ninguém e esse livro nos mostra exatamente isso. Leitura super recomendada!
Leia a resenha completa em nosso blog!

site: http://ohqueridavalentina.blogspot.com.br/2016/02/livros-aleatorios-2-invencao-das-asas.html
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Kauane 18/12/2015

Com a mesma sensibilidade de "A vida secreta das abelhas", Sue Monk Kidd escreveu realmente uma obra-prima!
O livro retrata de forma pura as relações escravagistas e traz um misto de sentimentos - amor, culpa, ódio, desejo, coragem, tristeza, indignação - que envolve o leitor. A autora sugere muito com tão pouco! Logo no início, Hetty conta seu verdadeiro nome, como ela reconhece a si mesma: “Encrenca era meu nome de berço [...] Se você tinha um nome de berço, pelo menos tinha alguma coisa da sua mamã”. E com essa simples declaração já fui imersa no pensamento de o quanto os escravos foram privados de tudo, até do seu próprio nome.

Desde o início da história, a autora expõe sutilmente diversas contradições entre atos e palavras e entre ideais e desejos. A Sinhá ensinava aos seus escravos versículos da Bíblia que reforçam "o assunto preferido de Deus, obediência" enquanto distribuía safanões e bengaladas. O pai de Sarah é juiz e autor de "Justiça da Paz e Leis Públicas da Carolina do Sul", no qual há um documento de alforria legal, e, no entanto, mantêm 14 escravos em sua casa. Sarah já era feminista desde quando criança, embora ainda não soubesse, mas desejava desesperadamente o casamento para não ser como uma tia sem marido e adequar-se às expectativas da sociedade sobre o seu gênero e classe social.

A voz de todas as personagens soa cativante e essencial para a construção da história. Geralmente, não me agrada ler algo escrito de forma incorreta. No entanto, a autora fez até isso de forma brilhante, dando tamanha expressão às falas das personagens! É inevitável não se apaixonar por Hetty "Encrenca" e sua postura passiva e, ao mesmo tempo, desafiadora. Charlotte e sua força e esperança (Desde a primeira cena da Charlotte, a imaginei como a mãe do Ray Charles, no filme, forte e independente). Sarah, que apesar de sua inércia (originada de uma criação que sempre a calou e repreendeu), passa por seus conflitos internos e evolui até tornar-se ousada o suficiente para assumir quem ela é - e desejar possuir a si mesma -, recusar algo que desejava, divulgar seus ideias mesmo que estes não fossem apreciáveis na sua época e tornar-se uma abolicionista e feminista no século XIX.

Fiquei impressionada e senti um amor maior ainda pelas personagens ao saber que elas, de fato, existiram. Eu, leitora e feminista, nunca ouvi o nome de Sarah Grimké ser citado em nenhum outro lugar, nem por sua contribuição para os direitos das mulheres e nem pela causa abolicionista. O que me faz concordar que as conquistas das mulheres foram repetidamente apagadas da história. Obrigada, Sue, por recordar essa história e levá-la de forma maravilhosa a tantos leitores!
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Marquesca 23/11/2015

Muita emoção e luta por um só ideal
Esse é um daqueles livros que você só entende a sua completa magnitude quando o lê. Nele você encontrará um enredo sensível, inspirador e grandioso que emociona e encanta qualquer leitor. Com uma trama delicada, envolvente e personagens fortes e determinadas, o livro me conquistou logo nas primeiras páginas.
A Invenção das Asas” conta a história de duas garotas que aparentemente não tinham nada em comum, mas que se tornaram amigas. E ao longo de 35 anos, elas se aproximam e se afastam, cada uma delas lutando como pode para ter seus anseios realizados, mas ambas com a mesma ambição profunda e latente: conseguir a liberdade. Indo muito além da busca pela liberdade, Sarah e Encrenca batalham contra a escravidão e pelo direito de igualdade das mulheres (isso tudo lá no início do Século XIX).
Vale a pena e a melhor parte é que a história foi baseada em fatos e pessoas reais. É claro que temos uma alta dose de ficção, mas, saber disso deixa tudo ainda mais emocionante.
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Portal JuLund 05/10/2015

A Invenção das Asas, resenha @EditoraParalela
Sarah Grimké é filha de um rico aristocrata e ao completar 11 anos ganha uma escrava de presente, Encrenca, uma menina de 10 anos, possuírem coisas tudo bem, mas possuir outra pessoa é algo inaceitável, só que não era esse o pensamento no século XIX.

Baseado em uma história real o livro segue o desenvolvimento de Sarah e Encrenca, claro que foram pincelados inúmeros detalhes para dar mais leveza à história de uma das maiores abolicionistas dos Estados Unidos.

Leia a resenha completa em:

site: http://portal.julund.com.br/resenhas/invencao-das-asas-resenha-editoraparalela
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Lucas.Dallarmi 08/09/2015

Excelente
Livro tranquilo, leve por ter a história transmitida dentro da perspectiva de duas personagens, emocionante e trata de um assunto muito interessante que é a questão da escravidão nos Estados Unidos. Um livro, sem dúvida, que não se pode deixar de ler.
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Rita L. - 25/07/2015

A autora inicia o romance contando uma lenda afro-americana que diz que o povo da África era tão livre que as pessoas podiam voar...
Sob a ótica dos personagens Sarah e Hetty “Encrenca” Grimké é narrada de forma emocionante uma parte da história da escravidão em Charleston, no Sul dos Estados Unidos.
Sarah e Encrenca têm sobrenome igual, mas não são irmãs, nem parentes, embora pertençam a mesma “família”. Sarah é de uma família rica e dona de escravos, porém, ela desde criança abomina a escravidão, ainda assim é obrigada no seu aniversário de 11 anos a aceitar Encrenca, uma criança como ela, de 10 anos como dama de companhia-escrava. Elas enfrentam cada uma à sua maneira e condição o sistema de escravidão em que estão inseridas.
As meninas apesar de tudo tornam-se amigas se protegem e ajudam. Conseguem burlar determinadas leis e regras, como a que proíbem que pessoas escravas sejam ensinadas a ler e escrever. É o que Sarah faz por Encrenca e também por outras crianças, mas infelizmente é descoberta e castigada. A escravidão mesmo sendo um regime cruel e desumano, havia também entre os escravos: os invejosos, bajuladores, delatores, etc.
Sarah deseja ser advogada para contribuir na abolição da escravidão e também nos direitos das mulheres, encontra um jeito para Encrenca continuar treinando a leitura. Na primeira tentativa de libertar sua amiga, ela escreve uma carta de alforria baseada numa lei que seu pai, juiz fez, e que encontrou nos livros da biblioteca do pai onde muitas vezes lia os livros às escondidas. De novo ela é descoberta e punida.
Encrenca é muito apegada a sua mãe Charlotte, que é uma ótima costureira. Ela costura para toda a família de Sarah.
O tempo passa devagar com poucos acontecimentos importantes.
Charlotte, Mary, Nina, Dinamarca Vesey, os Quarker e grupos de pessoas que trabalharam em prol da libertação dos escravos, são em minha opinião, personagens que contribuíram fortemente no desenvolvimento dessa história.
Próximo dos 30 anos, num acontecimento inesperado, Sarah precisa viajar para o Norte do país. Na Filadélfia, ela conhece os Quarker, depois de algum tempo ela decide se juntar a esse grupo, adere aos seus princípios, estilo de vida, e principalmente a causa da abolição da escravidão.
Em uma das voltas de Sarah para casa, acontece um dos diálogos mais emblemáticos dessa história. Encrenca pergunta a Sarah se pode ajuda-la numa difícil tarefa doméstica, Sarah vai cooperar com ela.
Encrenca percebe que Sarah está muito triste...
(...)
“Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Prá você é o contrário.”
Sarah retorna para a Filadélfia, depois de muito tempo, de volta a Charleston para rever sua mãe já idosa, ela nota que a casa e a organização da mesma teve uma grande mudança, porém no sentido negativo.
O final teve três opções possíveis... a autora decidiu pela terceira.
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Fernanda Pompermayer 30/05/2015

O tema da escravidão parece ser eterno nos filmes de Hollywood, prova de que a marca deixada por essa aberração desumana na história e no imaginário popular é realmente indelével. O mesmo acontece com a literatura, aliás, a maioria das produções cinematográficas tem origem em biografias e ficções escritas, como é o caso do premiado Doze anos de escravidão.
É na esteira dos indignados relatos abolicionistas que se coloca A invenção das asas, de Sue Monk Kidd, autora do best-seller A vida secreta das abelhas. Sue deparou-se com a história de duas mulheres, as irmãs Sarah e Angelina Grimké, que, na Carolina do Sul de 1830 – um estado predominantemente agrícola, movido pela mão de obra negra –, se tornaram as duas mulheres mais famosas e infames dos EUA. Famosas por serem as primeiras a levantar a voz em favor da dignidade humana dos escravos e do direito das mulheres de participar da vida sociopolítica do país. Infames por irem na contramão dos “valores” de uma sociedade eminentemente machista, aristocrata e escravagista.
Segundo as palavras da autora, “quinze anos antes de Harriet Beecher Stowe escrever A cabana do Pai Tomás, amplamente influenciado por A escravidão americana como ela é (um panfleto escrito por Sarah, Angelina e o marido de Angelina, Theodore Weld, e publicado em 1839), as irmãs Grinké estavam em uma cruzada não apenas pela emancipação imediata dos escravos, mas pela igualdade racial, uma ideia radical mesmo entre os abolicionistas”.

Inspirada na história real de Sarah, apreendida por meio de diários, cartas, relatos de jornais, discursos proferidos em manifestações, a autora tece a trama de A invenção das asas, entremeada pela narração da história de Hetty “Encrenca” Grinkè, escrava da família de Sarah, da sua mesma idade. Lançando mão desse expediente, Sue consegue criar uma atmosfera verossímil dos questionamentos, anseios e sofrimentos vividos por essas duas personagens que expressam mundos diametralmente opostos. Enquanto Sarah e sua irmã Angelina são figuras reais, “Encrenca” é a personificação imaginada pela autora de uma escrava da época. O contexto histórico também é verdadeiro, cadenciado pelos eventos descritos no livro.
Ao mergulhar na obra, o leitor sentirá na própria pele a indignação, a revolta e terá calafrios diante da descrição mesmo tênue das torturas a que eram submetidos outros seres humanos. E provavelmente terá também uma nova consciência do valor da liberdade, do exercício da cidadania, da igualdade de direitos e de oportunidades.
Sue Monk Kidd expressa muito bem esses sentimentos nas notas que agregou ao final do livro: “Ao escrever A invenção das asas, fui inspirada pelas palavras do professor Julius Lester, que mantive sobre a minha mesa: ‘A história não são apenas fatos e eventos. A história também é a dor em nosso coração, e nós repetimos a história até que sejamos capazes de fazer nossa a dor do coração de outro’”.


site: Resenha publicada por mim na revista Cidade Nova, abril 2014 (www.cidadenova.org.br)
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Kac 05/04/2015

Hetty "Encrenca" e Sarah Grimké são as protagonistas e narradoras deste livro lindo! A história das duas é contada em parceria desde a infância, quando tinham apenas 11 anos e começa no ano de 1803. O livro conta a vida de uma menina (Sarah), muito bem nascida numa família escravocrata no sul dos Estados Unidos, mas desde pequena é totalmente contra a escravidão e luta pela liberdade dos escravos, principalmente de sua escrava (Encrenca), a qual lhe foi dada de presente aos 11 anos de idade. A partir dai começa uma amizade linda, um caso de amor, pontuado por vários outros casos de relações humanas (e desumanas) e uma luta que dura 35 anos, pois o livro acaba no ano de 1838, O livro, que mistura ficção à fatos reais sugere questões como religião, relacionamento familiar, costumes, política, filosofia, escravidão, direitos humanos, igualdade racial e de gêneros. É todo marcado por uma narrativa poética e emocionante! Deixo um trecho que se encaixa perfeitamente nos dias atuais: "Foi uma grande revelação para mim, ... que a abolição seja diferente do desejo por igualdade racial. O preconceito de cor é a base de tudo. Se não for consertado, as dificuldades dos negros continuarão muito além da abolição". p. 258
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cid 25/01/2015

Questionar as regras da sociedade
A autora misturou biografia e ficção para criar esse livro inesquecível.Simplesmente, você não consegue parar de ler. E quando o livro acabou busquei o google para maiores informações,
A figura de Sara Grimke ficou comigo e esse é um daqueles livros que conversam com você.
Ficam na sua memória e parece expandir sua consciência.
Renata CCS 13/07/2015minha estante
Parece ser esta uma leitura fascinante!




Carminha Pires 07/01/2015

Amei este livro!!
Agora é um dos melhores livros que li!! A saga da família Grimké fato real que aconteceu na época da escravatura. Muito boa leitura!
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Carol 22/11/2014

Pessoas não são propriedade de alguém.
Esse livro se passa na época da escravidão, nos EUA. E mostra a visão de duas moças: uma branca, filha de donos de grandes propriedades, e uma negra, escrava desde quando nasceu. A diferença entre as vidas delas chega ser chocante, pois você se depara com situações que ninguém deveria sofrer e reflete sobre isso. Além do livro ter como tema a escravidão, ele também mostra como as mulheres tinham que ser submissas e não expressar o que sentiam. E no meio disso tudo nos mostra o poder de uma amizade quase impossível, nessa época. Assim, "A Invenção das Asas" se tornou o melhor livro que li esse ano e que com certeza lembrarei dele por muito tempo.
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Tili Oliveira 05/11/2014

Choro e orgulho
Eu simplesmente chorei! Do começo ao fim do livro.
Umas vezes o choro foi de agonia, outras de alegria, outras de desespero, até que, no final, eu chorei de gratidão por ser mulher, negra, feminista e livre.
Inventar suas asas, sim, é possível!
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Manuella_3 10/09/2014

A Invenção das asas é um romance que comove, apaixona e aproxima o leitor do drama da escravidão. Fatos e personagens históricos são inseridos na ficção para recontar a história das irmãs Grimké, abolicionistas e feministas norte-americanas do século XIX. Lutando corajosamente pela liberdade dos escravos, as duas mulheres também empreenderam uma batalha contra a desigualdade de gênero.

Tendo como cenário a cidade de Charleston, no sul dos Estados Unidos, início do século XIX, a narrativa alterna os capítulos com as vozes de Sarah Grimké e Hetty ‘Encrenca’, respectivamente sinhazinha e escrava. Ao longo de mais de trinta anos acompanhamos a luta dessas mulheres, desde a infância, quando ‘Encrenca’ é dada para Sarah como presente de aniversário, para servir-lhe de companhia. A recusa de Sarah em apropriar-se da garota inicia a luta que travará até o fim de seus dias.

Sob a perspectiva de Sarah, a autora fala da eminente abolicionista que reivindicou mais que a libertação dos escravos: queria uma sociedade justa e a pacifica convivência entre brancos e negros, homens e mulheres. Ainda menina, horrorizada com as punições impostas aos escravos, demonstra claro interesse pela área jurídica, influenciada pelo pai (juiz conceituado), sonhando ser advogada. Coisa impossível para a época, quando as mulheres não tinham outro destino que não fosse um bom casamento, a criação dos filhos e os cuidados com a casa e a criadagem.

“Eu não sabia explicar à época como uma árvore mora dentro de sua semente ou como eu de repente soube que do mesmo modo enigmático algo vivia dentro de mim - a mulher que eu me tornaria -, mas eu parecia saber subitamente quem ela era.” (Sarah, p. 24)

Hetty ‘Encrenca’ - cuja alcunha é seu ‘nome de escrava’ - é uma personagem cativante, que transita entre a dor e a esperança. Ao lado da mãe, a escrava e exímia costureira Charlotte, alimenta o sonho da liberdade enquanto realiza pequenos atos de rebeldia, como escape e vingança contra as exigências e crueldades da Sinhá Mary Grimké.

“Minha mamã era esperta. Não aprendeu a ler e escrever como eu. Tudo que ela sabia vinha do pouco de misericórdia que ela encontrou na vida.” (Hetty 'Encrenca', p. 9)

Com a impossibilidade de emancipar a escrava e tendo-a como dama de companhia, Sarah decide tratá-la da melhor forma, como a uma amiga. Liberta-a, então, da ignorância: com os poucos livros a que tem acesso, ensina Hetty a ler e discutir ideias, contrariando a lei que proibia a alfabetização dos escravos. Até que a esperta ‘Encrenca’ é descoberta escrevendo e Sarah é castigada com a interdição da vasta biblioteca do pai, único interesse e passatempo da garota. Não poderia ser pior.

Enfrentando uma gagueira de origem emocional sempre que precisa impor sua opinião, Sarah decide incutir na irmã mais nova, Angelina (Nina), suas convicções sobre a libertação dos escravos. Juntas, Sarah e Nina combatem preconceitos, enfrentam seus pais, irmãos e a sociedade escravagista do Sul. Recusam casamentos que as fariam bem aceitas na sociedade - e o que era esperado das mulheres, obviamente. Seguem para o Norte dos EUA, onde encontram espaço para reivindicar suas posições políticas e sociais, auxiliadas pelos apoiadores das novas ideias abolicionistas. Sarah e Nina não desistem de suas lutas em favor do que pensam. Poderiam muito bem permanecer quietas e obedientes, mas encaram a ira da sociedade e a perseguição religiosa.

Sarah, Nina e Hetty ‘Encrenca’ batalham o quanto podem, cada vez mais rebeldes, cada uma à sua maneira. Sarah é mais polida e comedida e, ao longo do tempo, amadurece e fica mais segura para mudar o jogo. Nina é atrevida e impulsiva, fala o que vem à cabeça e recusa-se, terminantemente, a ser domada pelos costumes e regras da sociedade da época. À ‘Encrenca’ cabe lutar (em segredo e perigosamente) pelos sonhos que acalentou com a mãe: o de comprar sua liberdade ou fugir, em último caso.

“Havia tanto no mundo para ter e não ter.” ('Hetty' Encrenca, p. 37)

Unindo as pontas dos extremos, a autora insere o leitor numa visão privilegiada dos sentimentos, pensamentos e argumentos das protagonistas Sarah e Hetty ‘Encrenca’. Embora tenha uma vida abastada e cheia de facilidades, a sinhazinha é refém das escolhas que não fez. A certa altura, ‘Encrenca’ pressiona sua ‘dona’: “Eu sou presa pelo corpo mas você é presa pela mente”. É uma frase que resume metade do livro.

A Invenção das Asas é um livro que rapta o leitor para uma viagem no tempo, em descrições perfeitas de uma época de medo, lutas, dor e preconceito. Um romance sinestésico, que exprime as sensações, a temperatura e os cheiros que cercam todos os personagens. Uma trama histórica, cujas personagens de fato existiram, delineadas com sensibilidade pela talentosa Sue Monk Kidd. É, ainda, um resgate documentado numa escrita irretocável, que apresenta aos leitores a coragem dessas mulheres que viraram o mundo de ponta-cabeça. Creio que todos deveriam conhecer esta história.

Resenha publicada no blog As meninas que Leem Livros:
http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2014/06/a-invencao-das-asas-sue-monk-kidd.html
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Marianne 26/08/2014

"A invenção das asas" (Sue Monk Kidd)

"O barulho estava na sua lista de pecados dos escravos, que nós sabíamos de cor. Numero um: roubar. Número dois: desobedecer. Número três: preguiça. Número quatro: barulho. Um escravo devia ser como o Espírito Santo: Não se vê, não ouve, mas está sempre por perto, a postos."

Confesso que rolou um bloqueio absurdo pra escrever essa resenha. Tudo o que eu escrevia ou montava na minha cabeça pra escrever não fazia jus a grandiosidade dessa obra de Sue Monk Kidd. Mas a resenha precisava sair então tentei o meu melhor pra convencer todo mundo a ler esse livro maravilhoso hahaha. Acho que é a maior que já escrevi, so sorry meus amigos, mas foi impossível resumir minha análise sobre A invenção das asas em poucas palavras.

" 'Por que a ideia de perfeição de Deus deve ser baseada numa natureza imutável? ’, perguntei. ‘A flexibilidade não é mais perfeita que a estagnação? ’.
Papai estapeou a mesa: ‘Se Sarah fosse um menino, seria a maior jurista da Carolina do Sul!’"

Sarah Grimké é a caçula da família que vive em Charleston, no sul dos Estados Unidos do século 19. Ao completar 11 anos Sarah ganha de aniversário Hetty, uma escrava que tem a mesma idade de Sarah, para ser sua dama de companhia.

" 'Escravos, eu advirto vocês a se contentarem com seu quinhão, pois é a vontade de Deus! Sua obediência é ordenada nas Escrituras. É comandada por Deus através de Moisés. É aprovada por Cristo através de seus apóstolos e defendida pela igreja. Tomem tento, então, e que Deus em sua piedade lhes conceda que sejam prostrados hoje e voltem a seus mestres como servos fiéis.'"

Apesar da pouca idade e de viver numa época totalmente escravagista Sarah recusa o presente por não aceitar o fato de outra pessoa como sua propriedade. Diante da negativa da mãe pela sua recusa do presente Sarah acaba tendo de aceitar Hetty como sua dama de companhia e tem a ideia mais genial que poderia lhe ocorrer: libertar Hetty. Através de uma carta de alforria Sarah deixa claro que Hetty é uma escrava livre e não mais propriedade da família Grimké. No dia seguinte Sarah encontra a carta rasgada na porta do seu quarto. Afinal Hetty, pela lei, pertence ao pai de Sarah e a carta de alforria aos olhos da família Grimké foi só rebeldia infantil da filha caçula.

" 'Nossos escravos estão felizes', ela se orgulhava. Nunca ocorreu a ela que a alegria deles não era satisfação, mas sobrevivência.'"

Hetty, mais conhecida como “Encrenca” por todos na fazenda dos Grimké, é filha de Charlotte, escrava costureira da família. Charlotte é uma mulher simples porém muito à frente de seu tempo que tenta a todo custo transmitir a Hetty suas ideias de busca pela liberdade. Hetty por sua vez é uma personagem que engana a todos. Até mesmo Sarah não imagina a garotinha perspicaz que existe por trás de Encrenca, que se questiona sobre a conduta da sociedade que aceita que escravos sejam vendidos e torturados sem intervenção.

" 'Por que você pegou?'
'Porque eu podia'.
Aquelas palavras grudaram em mim. Mamã não queria o tecido, só queria causar confusão. Ela não podia ser livre e não podia dar na sinhá com uma bengala, mas podia pegar a seda dela. Você se rebela do jeito que pode."

Hetty e Sarah tem uma relação de amizade bem atípica. Quando crianças percebemos uma intimidade maior entre as duas, mas a medida que crescem desenvolvem uma familiaridade onde é notável que não são necessários palavras e gestos de apego pra nos mostrar que ali existe um grande laço de afeto.

Por essas primeiras narrações de Sarah e Hetty no livro podemos ter uma vaga ideia do tipo de mulheres que teremos pela frente, mas nada teria me preparado pra um dos enredos mais envolventes que já li na vida.

" 'Ou eu devia lhe perdoar por querer exprimir seu intelecto? Você é mais inteligente que Thomas ou John, mas é mulher, outra crueldade que eu não podia fazer nada para mudar.'"

A invenção das asas nos conta a história dessas duas mulheres (mais adiante no livro temos uma terceira mulher, mas eu chego lá) ao longo dos anos de uma maneira tão intrincada e angustiante que é IMPOSSÍVEL não nos envolvermos com seus impasses e histórias. Por vários momentos no livro Sue Monk conflita os dilemas de Sarah; mulher que frequenta aulas de etiqueta que a preparam pra ser uma boa esposa no casamento, proibida pelo pai de ler e sem a opção de seguir uma vida acadêmica, com os dilemas de Hetty; mulher negra e escrava no século 19. Sue Monk faz isso sem em nenhum momento desmerecer a luta e tormento de nenhuma das duas personagens.

" 'Deus nos enche de todos os tipos de desejo que vão contra a normalidade do mundo. Mas o fato de que esses desejos com frequência não deem em nada, bem, duvido que seja obra de Deus’. Ela me penetrou com seus olhos e sorriu. ‘Acho que sabemos que isso é obra dos homens.'"

A terceira mulher que conhecemos na história é a irmã mais nova de Sarah, Angelina. Ao descobrir que a mãe esta grávida Sarah implora pra ser madrinha de Angelina e acaba se tornando uma figura de apoio e orientação para a irmã.

O que essas três mulheres tem em comum é a constante indagação relacionada aos costumes da época. Por que existem tantas restrições impostas a mulheres e escravos, quem determinou que mulheres não podem ser juízas e escravos não podem andar livremente na rua sem uma carta de permissão?

Vamos acompanhando o desenvolvimento, amadurecimento e drama das personagens no decorrer dos anos. E a angustiante luta pra que fossem notadas, respeitadas, tratadas de igual para igual.

Quando Sarah se envolve mais diretamente na luta pelo fim da escravidão e decide levantar também a bandeira feminista, de igualdade entre homens e mulheres (que já é um “absurdo” pra muita gente hoje, imaginem no século 19) nos deparamos com um dos trechos mais interessantes do livro. Sarah e Angelina são confrontadas diretamente por homens que, até então, aprovavam e as acompanhavam em seus discursos anti escravagistas, e agora advertem as moças que calmaê moças, lutar pelos escravos ok, mas aí vocês querem lutar pelos direitos das mulheres também , aí já é demais!

" Sem intenção, provocamos um alvoroço no país. A questão das mulheres terem certos direitos era nova e estranha e ridicularizada, mas, de repente, estava sendo debatida por todo o estado de Ohio. Eles chamavam minha irmã de Diabolina. Batizaram-nos de “incendiárias femininas”. De algum modo, tínhamos acendido o estopim."

O livro é uma mistura eventos históricos da época, como a temida revolução dos escravos que até hoje muitos não sabem se realmente foi planejada e a existência da casa de trabalho que era utilizada pra torturar escravos, e pessoas que não apenas existiram como contribuíram para que muitos dos eventos descritos no livro acontecessem. E a surpresa mais agradável de todas ao fim do livro, nas notas da autora: Sarah Grimké realmente existiu, e com ela toda a sua história. A autora deixa claro que através de pesquisas e relatos do diário da própria Sarah criou a personagem e lógico tomou liberdade de usar um pouco a imaginação.

" 'Dar as costas pra nós mesmas e ao nosso próprio sexo? Não queremos que o movimento se divida, claro que não. Entristeço-me ao pensar a respeito. Mas pouco podemos fazer pelo escravo enquanto estivermos sob os pés dos homens. Façam o que precisam fazer, censurem-nos, retirem seu apoio, continuaremos firmes de qualquer maneira. Agora, senhores, gentilmente tirem seus pés de nossos pescoços!' (Sarah Grimké) "

Sarah Grimké teve um papel muito importante na história do feminismo e na luta pela abolição e é incrível poder conhecer um pouco do que foi essa história, ainda que com um “toque” de ficção. Um de seus últimos atos de “rebeldia”, ainda segundo as notas da autora, foi uma caminhada debaixo de neve em 1870 em direção a urnas simbólicas onde foram depositadas cédulas eleitorais. Isso em 1970, época em que mulheres sequer eram cogitadas a dar palpite na política, é muito amor essas irmãs Grimké! ♥

" 'Angelina, considero você uma amiga, das mais caras, e me tortura ir contra você, mas agora é o momento de se levantar pelo escravo. Chegará o tempo de tratarmos a questão da mulher, mas não por enquanto.’
‘É hora de tratar o direito de alguém quando este lhe é negado!'"

Sabemos também pelas notas da autora que Hetty de fato existiu e foi dada de presente a Sarah, mas toda a história que foi criada para a personagem foi imaginação de Sue Monk Kidd, que buscou na personagem uma maneira de dar voz aos escravos da época.
Foi um livro que ficou nos meus pensamentos por muitas semanas (e ainda está) após a leitura. Está mais do que recomendado, está no cantinho de favoritos da minha estante e eu espero que entre pra de vocês também.

Beijos e até a próxima!

" As senhoritas Grimké fazem discursos, escrevem panfletos e exibem-se em publico de maneiras não femininas há um tempo, mas não encontraram maridos. Por que todas as solteironas são abolicionistas? Por não serem capazes de arrumar um marido, pensam que podem ter chance com um negro, se ao menos conseguirem colocar a miscigenação em moda..."

site: http://www.dear-book.net/2014/08/resenha-invencao-das-asas-sue-monk-kidd.html
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