A Invenção das Asas

A Invenção das Asas Sue Monk Kidd




Resenhas - A Invenção das Asas


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Kelly.duarte 09/06/2023

Li esse livro depois de ver alguém no Instagram indicando, ele estava no meu radar há anos, realmente é um bom livro, mas esperava algo mais, não sei o que, mas esperava. Porém é uma história ótima para quem quer ter algum contato com a época da escravidão, e conhecer sobre pessoas que tentaram melhorar a vida dos escravos e serem pessoas a frente de seu tempo, e que por serem mulheres ficaram esquecidas.
Paulo2093 08/01/2024minha estante
Eu também tive essa mesma sensação de esperar algo mais. No início Sarah e Encrenca pareciam tão fortes e donas de si, mas foram esfriando e se entregando, para só no final decidirem suas vidas, já com mais de 40 anos.




Ju 09/04/2014

A Invenção das Asas
A Invenção das Asas é um livro que realmente dá uma sacudida na gente. Tem como tema principal a liberdade - dos escravos, das mulheres, do ser humano de forma geral. A história começa em novembro de 1803 e vai até junho de 1838. A autora alterna a narração entre Sarah e Encrenca.

Amo a capa! Simples, linda e combina bastante com o enredo. Só mudaria um detalhe: apesar de ter achado lindos os pássaros com um brilho prateado e uma textura diferente, eu os faria pretos. Quem ler o livro vai entender a sugestão.

Sarah Grimké faz parte de uma família da aristocracia rural da Carolina do Sul, em que a escravidão é vista como essencial para que o padrão de vida seja mantido. A quinta de dez irmãos (pelo menos no início), desde pequena tem paixão pelos livros e pelo conhecimento que está contido neles. Mesmo sendo oficialmente proibida de frequentar a biblioteca do pai, acaba dando um jeito de estar sempre com algum livro de lá, e ele finge não perceber. Tem o sonho de estudar direito, como seus irmãos, mas vai descobrir que realizar os sonhos não é tão simples como parece... Ser mulher, na época em que ela nasceu, era realmente bem difícil.

"'Toda garota vem ao mundo com diferentes graus de ambição', ela disse, 'mesmo que seja apenas a esperança de não pertencer de corpo e alma ao marido. (...) A verdade é que toda garota tem que ter sua ambição arrancada de si para seu próprio bem. Sua anormalidade é apenas essa determinação de lutar contra o inevitável. Você resistiu e deu nisso, foi domada como um cavalo'."

Hetty "Encrenca" Grimké é escrava desde que foi concebida, mas isso nunca a impediu de sonhar com uma vida diferente. Sua mãe lhe conta a história de sua família, e explica como a escravidão chegou em suas vidas. Encrenca sonha com a liberdade, com um mundo em que não precise ter medo do que pensa, do que faz e do que diz.

Sarah e Encrenca têm algo em comum: não conseguem entender como um ser humano perde o direito a sua humanidade. Como passa a ser considerado um bem, visto como descartável e tratado sem nenhuma compaixão. Aos 11 anos, Sarah ganha Encrenca como presente. Tenta recusar de todas as formas, mas sua mãe não lhe permite fazer isso. Sem saída, faz o que pode para tornar a existência de Encrenca menos infeliz e ao menos um pouco agradável.

"Era difícil saber em que pé as coisas estavam. As pessoas dizem que o amor fica manchado por uma diferença tão grande quanto a nossa. Eu não sabia ao certo se os sentimentos da srta. Sarah vinham do amor ou da culpa. Eu não sabia se os meus vinham do amor ou da necessidade de segurança. Ela me amava e tinha pena de mim. E eu amava e usava a srta. Sarah. Nunca foi simples. Naquele dia, nossos corações estavam puros como jamais estariam."

Esse é o ponto de partida da história, mas muita coisa acontece. A autora se baseou em pessoas reais para escrever o livro. Sua principal inspiração foram duas das irmãs Grimké: Sarah e Angelina, mais conhecida como Nina. As únicas de sua família que não aceitavam a realidade com que eram obrigadas a conviver. No século XIX, e no sul dos Estados Unidos, não havia muita alternativa para elas. As mulheres só tinham direito ao nascimento, ao casamento e a ter filhos. Eram consideradas propriedades. Obedeciam aos pais, depois aos maridos. Se fosse o caso, obedeciam aos filhos também.

"Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você, é o contrário."

Não costumo parar para pensar em como foi difícil a luta pelos direitos das minorias. Houve, sim, muito derramamento de sangue. Muita gente teve que se sacrificar para que eles fossem alcançados. Pessoas dedicaram suas vidas a um objetivo - tudo tem um preço, afinal, e isso é mostrado no livro. A narrativa dói. Alguns fatos históricos foram aproveitados, outras coisas foram fruto da imaginação de Sue. Infelizmente, os castigos a que os escravos eram submetidos não tinham nada de ficção. Se esse livro fosse um filme, eu acabaria tendo que virar o rosto em alguns momentos. Mas não pude escapar da minha imaginação. É mais que revoltante saber que essas coisas realmente aconteceram.

Porém, é muito bom ver a coragem das personagens. Ver o quanto elas se mantêm fiéis a si mesmas e a seus princípios. Ver que estão dispostas a sacrifícios e a correr todos os riscos necessários para alcançar seus objetivos; observar o quanto se doam para que outros alcancem seus objetivos também. Com certeza, a vida delas seria muito mais fácil se tivessem simplesmente deixado para lá. Mas o mais fácil dificilmente é o certo e o melhor.

"Escolhi o arrependimento com o qual poderia viver melhor, só isso. Escolhi a vida à qual pertencia."

A cada conquista de uma delas, eu sentia mais orgulho. É uma história de superação, e tenho certeza que todo mundo tem algo a aprender com essas mulheres. Um livro que traz reflexões valiosas. Vale a pena ler.

site: http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2014/04/resenha-paralela-invencao-das-asas.html
Dani 11/04/2014minha estante
Parece ser um livro muito interessante com muito a nos fazer refletir. Acho muito interessante livros que abordam esse assunto, as desigualdades e obstáculos da época e este me interessou bastante! :)




Jéssica - Janelas Literárias 25/03/2017

"Ela estava presa como eu, mas presa por sua mente, pela mente das pessoas em volta dela, não por lei. Na Igreja Africana, sr. Vesey dizia: "Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente"

Se tivesse que escolher uma passagem que sintetizasse "A Invenção das Asas"... seria esta.

Sue Monk Kidd resgata a história de Sarah e Angelina Grimké, mais conhecidas por "irmãs Grimké". As duas, vindas de uma família aristocrata da Carolina do Sul, se destacaram por lutar pelas causas abolicionista e feminista no século XIX. Em "A Invenção das Asas", a história delas é permeada pela narrativa de "Encrenca" ou Hetty Grimké, a escrava de companhia de Sarah, que, apesar de ter possivelmente existido, tem sua vida imaginada pela autora do livro.

Em primeira pessoa, Encrenca e Sarah seguem em narrativas paralelas, cada uma com sua dor. Sarah está aprisionada a seu gênero, a sua classe, sua religião e família. Encrenca pela sua cor e condição de escrava. Ambas, com o passar do tempo, vão, cada a uma a sua forma, inventar suas asas.

Angelina, mais nova, aparece depois. Como sua madrinha, Sarah vai projetar em Angelina todo o empoderamento que não conseguiu ter em sua vida, munindo-a de segurança e de uma mente questionadora e revolucionária.

Achei maravilhoso o fato de Monk Kidd trazer à tona o tema por duas perspectivas, destacando que a escravidão foi um sistema que espalhou um sofrimento não só para suas principais vítimas. Sarah é impotente, está tão aprisionada pelo que dela se espera, que não consegue ultrapassar as barreiras impostas pela sociedade e, sobretudo, pela sua família. Encrenca, por outro lado, é muito mais emancipada, mesmo com os castigos e humilhações a que é submetida. Quem tem pouco, também tem pouco a perder. Esta dualidade de aprisionamento mental/corporal vai delineando os caminhos do livro do início ao fim.




A escrita de Monk Kidd é simples, cativante e envolvente. Mas, Sarah começou a me fatigar um pouco do meio para o final do livro, o que me fez perder um pouco o ritmo, só recuperado nas partes finais.

É um bom livro, sem dúvida, que mostra como a escravidão e o patriarcado silenciaram vozes ao longo da nossa história, mas também como nós mesmos somos capazes de nos escravizar e oprimir, deixando que outras pessoas determinem nossas vidas.

site: https://www.instagram.com/janelasliterarias/
Paloma 12/05/2017minha estante
Uau , amei sua resenha... Apesar de eu ter do uma nota maior para este livro, vc conseguiu descrever muito do q vi e senti lendo-o.




cid 25/01/2015

Questionar as regras da sociedade
A autora misturou biografia e ficção para criar esse livro inesquecível.Simplesmente, você não consegue parar de ler. E quando o livro acabou busquei o google para maiores informações,
A figura de Sara Grimke ficou comigo e esse é um daqueles livros que conversam com você.
Ficam na sua memória e parece expandir sua consciência.
Renata CCS 13/07/2015minha estante
Parece ser esta uma leitura fascinante!




Amanda Azevedo 10/02/2014

A Invenção das Asas — Sue Monk Kidd

A Invenção das Asas foi o meu primeiro contato com a autora Sue Monk Kidd, mas seu nome não era estranho para mim, pois já tinha ouvido falar — muito bem — de outro livro de sua autoria, A Vida Secreta das Abelhas. A minha primeira experiência com a autora foi maravilhosa, seu lançamento de 2014 traz uma história comovente e, baseada em fatos e personagens reais.

O livro é narrado, em primeira pessoa, sob o ponto de vista de duas personagens: Hetty — ou Encrenca — e Sarah. Os capítulos vão se alternando entre a narrativa das duas e, através deles vamos acompanhar a trajetória dessas mulheres ao longo de 35 anos. O fato de o livro ser em primeira pessoa enriquece a história, pois com isso é possível que o leitor se sinta mais íntimo das personagens. O vínculo criado entre leitor-personagem-história fica mais intenso.

Sarah Grimké é filha de um aristocrata, um juiz de grande renome e proprietário de escravos. Hetty é uma das escravas na propriedade da família Grimké, em Charleston, Carolina do Sul. A princípio, elas podem parecer bem distintas, mas existe algo em comum dentro delas: uma inquietação, uma insatisfação, e isso fará toda a diferença.

A história tem início em novembro do ano de 1803 com o aniversário de 11 anos de Sarah e o seu presente é uma escrava, a Encrenca, que tinha apenas 10. Desde o primeiro momento, Sarah tem repudio a essa ideia de ganhar uma pessoa de presente. Desde muito nova ela demonstrava ter ideias abolicionistas. Mas além de muito jovem, ela era mulher. Então, até certo tempo, suas vontades e seus pensamentos, eram quase que completamente ignorados. E, muitas vezes, quando ela tentava mudar, um pouco, a realidade ao seu redor, ela era punida por isso.

‘“Mamãe, por favor, deixe... deixe-me devolver Hetty pra você.” Devolver Hetty. Como se ela fosse minha. Como se ter pessoas fosse tão natural quanto respirar. Apesar de toda a minha resistência em relação à escravidão, eu respirava aquele ar doente também.’ — Página 21

No livro, a autora resolveu dar voz a Sarah Grimké, mas ela não travou essa batalha sozinha. Juntamente com sua irmã mais nova, Angelina, elas se tornaram uma das maiores abolicionistas dos Estados Unidos. A diferença de idade entre Sarah e Angelina — ou Nina — é grande — treze anos —, então a Angelina demora um pouco para aparecer na história, mas nem por isso sua presença deixa de ser marcante.

Na infância e início da adolescência, o desagrado da Sarah em relação à escravidão é forte. Mas, por volta dos seus dezessete anos, percebemos que, por mais que esse fato ainda a incomode bastante, as suas tentativas de alterar algo dessa realidade, ameniza um pouco. Mas como sua irmã, Angelina, nutre os mesmos anseios de mudança, elas acabam reunindo forças e descobrindo a coragem e potencial que possuem, e assim elas se unem ainda mais e abraçam a causa juntas.

É inevitável que a narrativa se torne triste em alguns momentos. E isso acontece por vários motivos: as punições que os escravos sofrem; a tristeza que os assola quando um deles é vendido, pois eles criam laços, mas em um dia qualquer um deles pode ser levado para outro lugar e nunca mais terão notícias uns dos outros; e a situação de desalento que as irmãs Grimké se encontram algumas vezes, como elas abriam mão das coisas para continuar seguindo o que elas tinham como objetivo maior em suas vidas.

“Escolhi o arrependimento com o qual poderia viver melhor, só isso. Escolhi a vida à qual pertencia.” — Página 256

Por mais que a narrativa seja triste em alguns momentos, o livro nos apresenta uma história bonita. E digo isso pelo fato das personagens continuarem acreditando mesmo diante das dificuldades. Vez ou outra a crença que elas depositavam na mudança vacilava, e isso é normal. Quando queremos que algo aconteça, mas o resultado demora aparecer, ficamos desiludidos, às vezes. Mas mesmo com os obstáculos elas não deixaram seus desejos morrerem, mesmo que o desânimo as assombrasse em alguns momentos, elas continuaram tentando. Talvez o grande segredo esteja justamente nessa palavra: tentar. A mudança pode não acontecer nem no momento, nem do jeito que você espera, mas da sua coragem, da sua vontade, vai resultar algo.

Sinto que poderia escrever sobre esse livro e seus personagens durante horas a fio. Porque a partir das escolhas que fizeram, é possível absorver uma infinidade de coisas. É a história de duas mulheres lutando não somente contra a escravidão, mas lutando também pela igualdade racial e pelos direitos das mulheres. É a história de duas escravas incapazes de aceitarem a situação que se encontravam. É uma história intensa escrita por pessoas de coragem.


site: http://www.lendoecomentando.com/
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Raffafust 28/02/2014

Quando um livro te prende de tal forma que você para de ler mas continua pensando nele, já vale a pena. No meu caso, mesmo já tendo lido muitos livros até mesmo com histórias verídicas sobre o tema de escravatura, esse me ganhou por muitas razões e pareceu tão verdade que por alguns momentos sofria junto com as personagens.
O livro que começa em novembro de 1803 com a menina de 11 anos Sarah ganhando uma escrava _ Encrenca - de aniversário para ser sua companhia . Contra a escravatura a menina se nega mas logo seus pais a proíbem de negar o presente. Em casa onde sua mãe teve muitos filhos, sobra pouco tempo para Sarah, que tem como obrigação costurar, tocar piano e ter todas as prendas para ser uma boa esposa.
Com cada capítulo narrado uma vez por Sarah e outra por Encrenca o livro ganha facilmente o leitor mas como o tema é delicado também sofremos quando a mãe de Encrena ou ela mesma sofrem nas mãos da mãe de Sarah, que diga-se de passagem não tem nada de boazinha.
Entre uma vida infeliz de escravo e uma vida infeliz de uma pessoa livre a autora nos mostra como nem sempre a felicidade dos livres é garantida, Sarah é exageradamente azarada no campo do amor.
Apesar de ser uma boa pessoa, ela recua quando vê que seus esforços de se tornar jurista como seu pai e seu irmão não dariam em nada.
Acompanhamos o crescimento das duas até os trinta e poucos anos, onde não se casar depois dos dezoito anos já era considerada velha.
Vibramos e lamentamos com as duas que aprendem que a vida é dura em diversos aspectos e palmas para autora que cria um cenário intenso mas com justificativas para amizade e rancor que cresce entre as duas.
Com vidas diferentes mas ligadas por uma casa , Encrenca e Sarah são contagiantes, não pela alegria mas pelo jeito que nos faz querer saber a todo tempo o que irá acontecer com elas.
Um livro maravilhoso do início ao fim.
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Dani 06/03/2014

Confesso que comprei esse livro pela capa e pelo título, que me cativaram à primeira vista. Li a sinopse só depois de já tê-lo adquirido e tive a impressão de que ia gostar bastante dele. Acabei confirmando e superando minhas expectativas.
O enredo, que tem como palco a realidade escravocrata do século XIX, é inspirado em fatos reais e permeado por toques de ficção inseridos pela autora. A narrativa em primeira pessoa é dividida em dois pontos de vista: o da Sarah, filha de um aristocrata do sul dos EUA e defensora de ideias abolicionistas desde a infância, e o da Encrenca, uma menina escrava que foi dada à Sarah como presente de aniversário de 11 anos. A partir daí, a história das duas se entrelaça e se desenvolve de forma dramática, mas muito linda. Essa duplicidade de narradoras enriquece muito o livro, pois conhecemos os dois lados de uma mesma situação, os pensamentos e sentimentos de ambas as personagens.
No final do livro, a Sue Monk Kidd (autora do famoso livro "A vida secreta das abelhas") traz umas notas sobre a pesquisa que realizou ao escrever a obra e diferencia os fatos verídicos dos pontos de ficção introduzidos por ela. A autora cita, ainda, os livros que usou como fonte de pesquisa, inclusive a biografia da Sarah, que podem ser lidos por quem tiver interesse em se aprofundar no assunto.
A Sarah Grimké da vida real foi uma das primeiras mulheres que lutou em favor não só da abolição da escravatura, mas também em favor da igualdade racial. Ela foi escritora e defensora também dos direitos das mulheres. Seus manifestos inspiraram, inclusive, a autora do famoso romance "A cabana do Pai Tomás".
Enfim, "A Invenção das Asas" é um livro apaixonante! Ele nos permite conhecer melhor o triste tratamento dispensado aos negros no século XIX, além de retratar um pouco da opressão vivida pelas mulheres da época. É uma obra rica, que merece ser lida, relida, refletida e aprofundada. Já entrou para o meu rol de livros favoritos e sempre será recomendada por mim.
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Leo Augusto 06/03/2014

Não há salvação!
A invenção das Asas
SUE MONK KIDD
Editora Paralela

O livro 'A Invenção das Asas' resgata a história das irmãs Sarah e Angelina Grimké. "Elas nasceram na aristocracia poderosa e abastada de Charleston, uma classe social derivada dos conceitos ingleses da aristocracia rural. Eram mulheres piedosas e refinadas, que frequentavam círculos sociais de elite, e, no entanto, poucas mulheres do século XIX foram tão completamente “malcomportadas”.
Elas passaram por uma longa e dolorosa metamorfose, separando-se da família, da religião, da terra natal, das tradições, tornando-se exiladas e, por fim, párias, em Charleston."

No livro: “Quando criança, Sarah tinha recebido uma jovem escrava chamada Hetty para ser sua dama de companhia. De acordo com Sarah, elas se tornaram próximas. Desafiando as leis da Carolina do Sul e seu próprio pai jurista que ajudara a criar essas leis, Sarah ensinou Hetty a ler, pelo que ambas foram severamente punidas. A outra metade da história, a ficcional, pertence à Hetty, a escrava.

O Livro ‘A Invenção das Asas’ não é um livro arrebatador ou maravilhoso, é, na verdade, um livro que nos faz pensar e analisar a situação da escravidão.
É um livro que nos tira da zona de conforto, tirando o chão e, ao mesmo tempo, não nos dá as tais asas.

Pare um instante e pense na escravidão...

Temos no imaginário coletivo, a escravidão ‘padrão Rede Globo’. Imaginamos a Sinhazinha boazinha, o Coronel malvado, a Preta doméstica e a fila de negros indo, cantando, para a lavoura. Mas, o sistema escravocrata foi muito mais do que isso.

Foi de uma violência e de uma brutalidade sem tamanho e nem parâmetro na história da humanidade, mas, que, de repente, foi esquecido por todos. Um silêncio e um esquecimento bem conveniente, pois todos os setores da sociedade o apoiaram: Governo, Igreja (de todos os credos) e sociedade civil.
Esse sistema foi o estilo de vida, a base da riqueza e sustentou a economia de várias nações, inclusive a nossa.
No Brasil, quando a questão dos escravos ficou insustentável, fez-se a abolição e pronto! Tudo foi esquecido. Mas, a realidade é bem outra. Ainda estamos pagando a alta conta que esse sistema gerou. Pagamos e nem sabemos que ainda estamos pagando...

Acredito que um livro é mais que mero entretenimento. Acredito que os textos sirvam para nos posicionar diante da vida e do mundo. Assim, a história do livro ‘A invenção das Asas’ cumpre dignamente esse papel.
Leia o livro, pense, questione e adote uma posição, não sobre a escravidão em si. Mas sobre o seu legado, a sua fatura ou sobre qualquer outra questão, como: a violência, as drogas ou a corrupção. Não deixe mais uma fatura para ser paga por outras gerações.

Somos todos culpados.
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Celso 08/03/2014

Assim como Sete Anos de Escravidão está para o cinema, A Invenção das Asas está para a literatura no universo cultural de 2014. Os dois tratando do tema da escravidão americana, narram histórias emocionantes que traz de volta um tema que envergonha a toda uma geração por sua forma de conceber as diferenças étnicas. A película ganhadora do Oscar de melhor filme ainda não fui ver, mas acabei o livro de estreia da norteamericana Sue Monk Kid e considerei uma boa leitura.

O livro ficou um ano e meio na lista dos mais vendidos em NY e chega ao Brasil também com boa receptividade. Conta a história de Sarah Grinké que existiu na vida real como uma importante abolicionista e lutou pelos diretos da mulher nos Estados Unidos. Ao completar seus doze anos, a sinhazinha recebeu uma garota negra para servi-la. Tendo esse o ponto de partida, Sue cria uma história emocionante que mistura fatos reais com ficção. Ambas lutando pela sua própria liberdade: do papel passivo da mulher e da escravidão, respectivamente.


A autora intercala a história de Sarah e Encrenca - a escrava - paulatinamente, com ares de épico. Contado em primeira pessoa, o livro impressiona por investir na tal polifonia de Bakhtin encontrada em Dostoievski. Assim, toda as vezes que um autor se propões a trabalhar com essas vozes diferentes, sento com muito prazer e fico procurando falhas (inveja pura, mesmo!). Não as encontrei! As construções e pontos de vistas realmente são muito bem amarrados e me senti, de verdade, frente a frente, a duas personagens diferentes.

Em minha opinião, a narrativa é lenta e um pouco cansativa quando as personagens são jovens. A luta de ambas parece não sair do lugar e demora-se em detalhamentos desnecessários. Mas, penso, após concluir, que a ideia da autora seja essa mesma: elas estavam imersas num sistema rígido e difícil de sair.

Recomendo muito a leitura, principalmente quando li as explicações da autora sobre a construção da sua narrativa e suas escolhas para conceber uma ficção a partir de fatos reais. Considerei esse o momento mais interessante e valioso de toda a leitura. No mais, compre logo e leia.



site: www.blogdocelsofaria.blogspot.com
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Fernanda 12/03/2014

Resenha: A Invenção das Asas
Resenha: “A invenção das asas” possui uma narrativa profunda, sensível e sutil. O jeito como Sue Monk Kidd escreve é literalmente ‘de cortar o coração’ em todos os sentidos. O leitor se sente extasiado por poder acompanhar algo surreal e ao mesmo tempo tão realista. Mas principalmente por ficar sem palavras em diversos momentos, e mesmo depois de finalizar a leitura, a história não sai da cabeça tão facilmente. Cada trecho possui uma mensagem nas entrelinhas e leva a crer que sempre existe mais do que se pode imaginar.

Há uma divisão de seis partes na obra, entre os anos de 1803 à 1938. São momentos relevantes e desvendados com clareza e discrição. A narração se alterna entre Encrenca e Sarah. Hetty “Encrenca” Grimké se mostrou muito esperta, um tanto quanto engraçada, irônica e ousada desde pequena. É o tipo de personagem que se destaca logo no início e tem muito mais a ensinar ao longo dos acontecimentos. Encrenca era seu nome de berço (sendo que havia o nome oficial) e, com certeza, fazia jus ao nome e apesar de ser escrava, não se intimidava com qualquer coisa e era bem indelicada e observadora.


CONFIRA A RESENHA COMPLETA NO BLOG SEGREDOS EM LIVROS:

site: http://www.segredosemlivros.com/2014/03/resenha-invencao-das-asas-sue-monk-kidd.html
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spoiler visualizar
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Amora Literária 31/03/2014

Quando li A Vida Secreta das Abelhas, não conhecia a autora Sue Monk Kidd, muito menos sabia que estava com um best seller em mãos, e cada uma de suas palavras me encantou. Um livro fluido com uma história triste e doce, embalada com amor e espiritualidade.

O encantamento foi ainda maior ao navegar pelas páginas de A Invenção das Asas, seu mais novo livro, que já chegou ao mercado destinado ao sucesso, indicado pela apresentadora Oprah em seu Clube do Livro em Janeiro já figura a lista dos mais vendidos nos Estados Unidos.

Sarah Grimké está completando 11 anos, e como é de costume, ganha de presente [...]

site: http://www.amoraliteraria.com.br/resenhas/a-invencao-das-asas-sue-monk-kidd/
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Luciana 14/04/2014

Originalmente postado em http://sem-spoiler.blogspot.com.br/
Filha dos Grinké, uma conceituada família da Carolina do Sul, o sonho de Sarah, baseado em seu intenso senso de justiça, é seguir os passos do pai e tornar-se uma juíza renomada, ideia que logo é descartada e ridicularizada pelos homens da família pois uma mulher ser bem sucedida profissionalmente lhes parece inconcebível.

"...por que Deus coloca desejos tão profundos em nós, se não dão em nada?" p. 239

Hetty "Encrenca" é uma criança escrava que, tal como a mãe, Charlotte, trabalha como costureira na casa da família Grinké.

Em seu aniversário de 11 anos, Sarah Grinké recebe Encrenca como seu presente. Ela recusa-se a aceitar uma pessoa como presente. Sarah redige e assina um termo onde liberta Encrenca do trabalho escravo, expressando desde então suas tendências abolicionistas.
E assim começa a história, narrada ao longo de 35 anos, sobre duas mulheres igualmente presas, buscando a liberdade não só de seus corpos como também de suas mentes, diante das imposições de uma sociedade cruel e preconceituosa.

“'Mamãe, por favor, deixe... deixe-me devolver Hetty pra você.' Devolver Hetty. Como se ela fosse minha. Como se ter pessoas fosse tão natural quanto respirar. Apesar de toda a minha resistência em relação à escravidão, eu respirava aquele ar doente também." p. 21
Com o passar dos anos, Sarah sente-se cada vez mais impotente em relação às injustiças de sua época e as ferocidades cometidas contra escravos, todos os dias, diante de seus olhos.

"Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você é o contrário." Hetty Encrenca para Sarah Grinké - p. 178

Após muitos anos vivendo sob o mesmo teto da mãe, Mary, uma mulher extremamente impiedosa no que se refere aos castigos aplicados em seus escravos, Sarah sente um impulso de liberdade e parte para a Filadélfia, onde adere ao Quakerismo .
Mais tarde, Angelina, filha mais nova dos Grinké, dotada de desejos de justiça tão intensos quanto os de Sarah, une-se à irmã e ambas começam uma peregrinação pela America, defendendo não só a liberdade dos negros como também a igualdade entre homens e mulheres.

"Elas passaram por uma longa e dolorosa metamorfose, separando-se da família, da religião, da terra natal, das tradições, tornando-se exiladas e, por fim, párias, em Charleston." Nota da autora. P. 316

Encrenca tem papel importante no livro pois, nos apresenta o mundo pelo ponto de vista dos escravos. Através de sua narrativa, conhecemos as barbáries às quais escravos eram submetidos, como por exemplo os castigos que não só dilaceravam a pele como, inevitavelmente, deixavam hematomas na alma. É revoltante ler sobre sua passagem pela Casa de Trabalho, local onde escravos eram submetidos a diversos tipos de castigos, todos com níveis extremos de crueldade. Assim como é maravilhoso testemunhar sua luta e sua coragem, vivendo diante de situações interiormente avassaladoras, porém, sem perder a esperança e a vontade de viver e ser livre.

A autora mesclou de forma interessante personagens fictícios com histórias de pessoas reais. Baseada em pesquisas sobre a vida das irmãs Grinké, Sue Monk Kidd nos faz mergulhar no século XIX de forma atraente e realista.

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Camila 14/04/2014

A Invenção das Asas
A primeira das nossas protagonistas é Sarah Grimké, uma garota branca, filha de uma família escravocrata da alta sociedade de Charleston, no Sul dos Estados Unidos, em pleno início do século XIX. Com apenas 11 anos, Sarah é uma garota muito inteligente e madura. Enquanto todos estão dormindo, ela entra furtivamente na biblioteca do pai e seu sonho é se tornar uma advogada. O problema é que Sarah vive em uma época em que as mulheres mal são alfabetizadas e a ideia de uma mulher se tornar advogada é considerada ridícula.

A segunda protagonista é Hetty "Encrenca" Grimké e não... ela não é parente de Sarah. A presença do sobrenome é apenas para indicar que Encrenca pertence à família Grimké, porque a garota não passa de mais uma escrava da casa. Com praticamente a mesma idade de Sarah, Encrenca leva uma vida miserável, sem direito a uma infância. Tudo o que ela conhece é trabalho duro e castigos. Sua mãe e seu pai trabalhavam juntos na lavoura e se apaixonaram, mas então Charlotte foi levada para a casa da família para trabalhar como costureira, levando Hetty em seu ventre. A pobre garota nunca conheceu o pai!

Apesar de viveram na mesma propriedade, as histórias dessas duas garotas começam a se entrelaçar na festa de aniversário dos 11 anos de Sarah, quando sua resolve colocar um laço no pescoço de Encrenca e dá-la de presente para a filha, que agora já é uma mocinha e merece ter a sua própria dama de companhia. Isso obviamente deveria ser motivo de alegria para a garota, mas ela simplesmente recusa o presente, dizendo que se sente perfeitamente bem sem uma dama de companhia, mas a verdade é que a ideia de ter uma escrava a incomoda profundamente. Forçada a escrever cartas de desculpas a todos os presentes e ainda aceitar o presente, Sarah começa a desenvolver suas ideias contra a escravidão, ideias estas que vão moldar toda a sua vida. Encrenca sabe que sua vida não será fácil, mas acredita que um dia os negros deixarão de ser escravos. Sua mãe desde cedo a ensinou a burlar as regras e não aceitar docilmente a sua condição e é isso que ela faz.

Ao longo de todo o livro vamos acompanhando o crescimento dessas duas garotas. Em um determinado momento elas se afastam, mas os capítulos alternados permitem que a gente acompanhe o que acontece com as duas ao mesmo tempo. A relação entre elas é o mais próximo de uma amizade que se podia esperar de uma garota branca e uma escrava negra naquela época!

E o resultado é um livro incrível, extremamente delicado e emocionante! Sarah é uma personagem de uma força incrível e sua luta é admirável. Ela não se preocupa com o que vão pensar dela, ela só quer fazer aquilo que acredita se o certo. Encrenca é demais também. Ela nunca desiste, é atrevida e corajosa. As duas personagens me conquistaram.

A trama é muito bem elaborada. A narrativa em primeira pessoa que se alterna entre Sarah e Encrenca deixa tudo mais real. Os sentimentos das personagens são muito fortes e isso é passado perfeitamente por meio da narrativa. Para que a gente possa acompanhar tantos e tantos anos na vida das personagens há pequenos saltos no tempo, mas tudo é tão bem escrito que não perdemos nada. E o final é emocionante!! Terminei a leitura com lágrimas nos olhos! Mas podem ficar tranquilos que, apesar de ser um livro emocionante, não é daqueles que fazem a gente se acabar de tanto chorar! rs....

site: http://wp.me/p2GfHf-2zN
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Fê Rodrigues 24/04/2014

[Resenha] A invenção das asas, de Sue Monk Kidd
Indicado pela Oprah em seu clube do livro, A invenção das Asas, romance-histórico escrito por Sue Monk Kidd; retrata, de maneira brilhante, a vida das irmãs abolicionistas Sarah e Angelina Grinké, que viveram durante a época da colonização americana. A narrativa nos é apresentada pelas duas personagens principais: Sarah Grinké, filha de uma família tradicional de escravocratas do sul dos Estados Unidos, e Encrenca, sua escrava que sonha em ser livre. O fato de termos os dois pontos de vistas ali apresentados já é uma mostra da personalidade e genialidade da narrativa de Kidd: ela tem o poder de deixar os leitores ansiosos pelos pormenores da história e, ao mesmo tempo, na torcida para que as duas protagonistas realizem os seus desejos.

Tudo começa com a sagacidade da pequena Sarah. Ela, que sempre gostou de estudar, sonhava em ser advogada e discutia por horas a fio com o seu irmão sobre os assuntos da sociedade. A menina sempre demonstrou uma tendência abolicionista e se tornou uma leitora sagaz, uma vez que seu pai neglicenciava propositalmente as suas idas à biblioteca da família. Ao completar 11 anos, Sarah vê sua vida mudada. Ela é obrigada a fazer parte da vida social da sua cidade natal e, como parte deste processo de crescimento, ganha de presente uma escrava, a miúda Hetty Grinké, chamada gentilmente por todos por Encrenca.

Embora o papel de Encrenca seja o de assumir o lugar de dama de companhia de Sarah, o presente a enfurece. Para ela, os seres humanos devem ser livres. E como libertá-los? Bem, já que ela não pode recusar a Encrenca, ensinou-lhe a ler. É claro que o seu ato trouxe várias consequências difíceis tanto para Sarah, quanto para Encrenca. Enquanto esta foi punida fisicamente, aquela foi proibida de ter contato com o seu maior bem: os livros.

A beleza da obra passa a transpor a narrativa: ela vai ao cerne de cada personagem. Além da força e determinação de Sarah e de Encrenca, deparamo-nos com Charlotte (mãe de Encrenca) e Nina (apelido carinhoso de Angelina Grinké, irmã mais nova de Sarah). Todas elas são fortes, batalhadoras, sonhadoras e, sobretudo, determinadas a encontrarem as asas que lhe darão a devida liberdade.

As irmãs - juntas ou não - quebram os paradigmas sociais ajudando os escravos a passearem, ensinando-os a ler, lutando por seus direitos. É claro que elas foram punidas por isso, chegando a ser expulsas de diversos tipos de comunidades a que pertenciam. Por outro lado, foi justamente que a colocaram em destaque como as primeiras abolicionistas americanas e inspiração para a obra de Kidd.

Encrenca e sua mãe - que são personagens fictícios - não têm menor importância. Elas são responsáveis por nos fazer refletir sobre as atrocidades cometidas contra negros feitos de escravos (seja em qual parte do continente isso tenha acontecido) e também nos fazem pensar se nós não estamos sendo escravos de nossa própria mente.

Historicamente falando, é interessante observar também como homens e mulheres se relacionavam e como a autora expressa isso nos diferentes núcleos, com os diferentes pares (irmãos com irmãs, pais e filhos, maridos e esposas, fiéis e reverendos, escravos e seus donos). Também é notável as diferenças entre as vertentes do protestantismo da época e as suas formas diferenciadas de olhar para a questão da escravidão.

A invenção das Asas é uma obra belíssima que enche a vida dos leitores com sua força e coragem. É uma leitura agradável que merece ser feita com todo o carinho e que nos leva a reflexões profundas sobre a nossa relação com o mundo.

site: http://nossocdl.blogspot.com/2014/04/resenha-invencao-das-asas-de-sue-monk.html
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