A Invenção das Asas

A Invenção das Asas Sue Monk Kidd




Resenhas - A Invenção das Asas


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Fê Rodrigues 24/04/2014

[Resenha] A invenção das asas, de Sue Monk Kidd
Indicado pela Oprah em seu clube do livro, A invenção das Asas, romance-histórico escrito por Sue Monk Kidd; retrata, de maneira brilhante, a vida das irmãs abolicionistas Sarah e Angelina Grinké, que viveram durante a época da colonização americana. A narrativa nos é apresentada pelas duas personagens principais: Sarah Grinké, filha de uma família tradicional de escravocratas do sul dos Estados Unidos, e Encrenca, sua escrava que sonha em ser livre. O fato de termos os dois pontos de vistas ali apresentados já é uma mostra da personalidade e genialidade da narrativa de Kidd: ela tem o poder de deixar os leitores ansiosos pelos pormenores da história e, ao mesmo tempo, na torcida para que as duas protagonistas realizem os seus desejos.

Tudo começa com a sagacidade da pequena Sarah. Ela, que sempre gostou de estudar, sonhava em ser advogada e discutia por horas a fio com o seu irmão sobre os assuntos da sociedade. A menina sempre demonstrou uma tendência abolicionista e se tornou uma leitora sagaz, uma vez que seu pai neglicenciava propositalmente as suas idas à biblioteca da família. Ao completar 11 anos, Sarah vê sua vida mudada. Ela é obrigada a fazer parte da vida social da sua cidade natal e, como parte deste processo de crescimento, ganha de presente uma escrava, a miúda Hetty Grinké, chamada gentilmente por todos por Encrenca.

Embora o papel de Encrenca seja o de assumir o lugar de dama de companhia de Sarah, o presente a enfurece. Para ela, os seres humanos devem ser livres. E como libertá-los? Bem, já que ela não pode recusar a Encrenca, ensinou-lhe a ler. É claro que o seu ato trouxe várias consequências difíceis tanto para Sarah, quanto para Encrenca. Enquanto esta foi punida fisicamente, aquela foi proibida de ter contato com o seu maior bem: os livros.

A beleza da obra passa a transpor a narrativa: ela vai ao cerne de cada personagem. Além da força e determinação de Sarah e de Encrenca, deparamo-nos com Charlotte (mãe de Encrenca) e Nina (apelido carinhoso de Angelina Grinké, irmã mais nova de Sarah). Todas elas são fortes, batalhadoras, sonhadoras e, sobretudo, determinadas a encontrarem as asas que lhe darão a devida liberdade.

As irmãs - juntas ou não - quebram os paradigmas sociais ajudando os escravos a passearem, ensinando-os a ler, lutando por seus direitos. É claro que elas foram punidas por isso, chegando a ser expulsas de diversos tipos de comunidades a que pertenciam. Por outro lado, foi justamente que a colocaram em destaque como as primeiras abolicionistas americanas e inspiração para a obra de Kidd.

Encrenca e sua mãe - que são personagens fictícios - não têm menor importância. Elas são responsáveis por nos fazer refletir sobre as atrocidades cometidas contra negros feitos de escravos (seja em qual parte do continente isso tenha acontecido) e também nos fazem pensar se nós não estamos sendo escravos de nossa própria mente.

Historicamente falando, é interessante observar também como homens e mulheres se relacionavam e como a autora expressa isso nos diferentes núcleos, com os diferentes pares (irmãos com irmãs, pais e filhos, maridos e esposas, fiéis e reverendos, escravos e seus donos). Também é notável as diferenças entre as vertentes do protestantismo da época e as suas formas diferenciadas de olhar para a questão da escravidão.

A invenção das Asas é uma obra belíssima que enche a vida dos leitores com sua força e coragem. É uma leitura agradável que merece ser feita com todo o carinho e que nos leva a reflexões profundas sobre a nossa relação com o mundo.

site: http://nossocdl.blogspot.com/2014/04/resenha-invencao-das-asas-de-sue-monk.html
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Dreeh Leal | @dreehleal 09/05/2014

A invenção das Asas - Sue Monk Kidd
No inicio do século XIX a escravidão era uma triste realidade e a nossa protagonista Sarah Grimke tinha pensamentos avançados demais para sua época. Nascida em Charleston - uma cidade da Carolina do Sul, EUA, filha de um jurista fazendeiro e uma exemplar madame da sociedade aristocrata, ela causou muito barulho. No seu aniversário de 11 anos, Sarah ganha um presente inesperado: uma dama de companhia, ou melhor, uma escrava. Para ela, ter a posse de outra pessoa era algo inadmissível! Sendo assim, ela fez tudo que estava ao seu alcance devolver ou se desfazer deste presente. Tudo em vão. Sim, desde tão nova Sarah já tentava fazer a diferença. Se fosse homem e se esquecesse das questões antiabolicionistas, ela poderia ter dado muito orgulho a sua família. Ela gostava de estudar, e tirando um pequeno problema para falar em publico, ela expressava suas opiniões muito bem. Mas era uma mulher e por isso envergonhou sua família ao se expressar e defender os escravos.


Hetty “Encrenca” Grimke tinha 10 anos quando encheram ela de laços cor de lavanda e a levaram para a sala para ser dada como presente a Sarah. Ela também não gostou de ser afastada da mãe e de ter que servir na casa grande. Mas que validade a opinião de uma escrava tinha? Nenhuma. Encrenca era filha da costureira da família e era tão tinhosa quanto a mãe. Orgulhosa e com a língua solta, ela sempre se metia em confusão. E quem disse que ela se importava com isso? Ela queria era viver além das migalhas que lhe eram oferecidas.

A história começa a ser narrada em 1803 e vai até 1838, sendo o livro dividido em 6 partes que discorrem, cada uma, sobre um determinado período da história. Ele começa na infância e termina na fase de meia idade delas, mostrando ao leitor as barreiras e aventuras que cada um enfrentou em suas vidas e o rumo que cada uma seguiu. Apesar de a autora ter uma escrita muito gostosa, foi difícil me prender a leitura. Em alguns momentos eu devorava cada páginas, em outros eu tive que lutar contra a vontade de pegar outro livro. Esse foi o único motivo para eu não ter dado 5 estrelas ao livro.

O que mais me surpreendeu quando eu finalizei o livro, foi saber que 80% dos personagens são pessoas reais. Pessoas que não existiram, mas que fizeram a diferença neste mundo! A autora fez uma enorme pesquisa ao escrever esse livro, mas ele não é uma bibliografia de Sarah Grimke, apenas uma história muito inspirada em sua vida. Ele se manteve fiel aos acontecimentos da vida de Sarah – como o fato de ter ganhado uma escrava -, mas se permitiu modificar algumas datas para que eles se encaixassem melhor ao seu enredo e claro, como isso é uma história de ficção, muitas passagens são criações dela.

Eu não sou uma pessoa muito ligada a politica ou a história, mas sou um ser humano e só de pensar em todas as atrocidades que eram cometidas naquela época, o meu sangue ferve. E não falo apenas dos escravos. Era uma época onde não existia o direito de expressão, onde não era permitido pensar fora da caixa e se fosse você fosse uma mulher, nem pensar era permitido a você.

Portanto, esse é um livro que eu indico a toda e qualquer pessoa, mas se você gostaria de conhecer mais sobre o período da escravidão ou curte politica e história, esse é um livro imperdível para você.

site: http://www.maisquelivros.com/2014/05/resenha-invencao-das-asas-sue-monk-kidd.html
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Rafaela 02/06/2014

Lindo!
Não sou muito boa com resenhas, e como já tem muita gente explicando mais ou menos a história vou só comentar que a leitura vale muito a pena,o livro é lindo!

Adorei também a forma como a Sue escreveu, mesclando fatos reais com ficção, colocando a história em primeira pessoa mostrando o pensamento das duas personagens principais.

A escrita é deliciosa, prende sua atenção e você nunca quer largar o livro.

Um dos melhores livros que li na vida...
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Renata 23/07/2014

Muitas lições em um só livro!
Triste e profundamente humano, "A invenção das Asas" é baseado em personagens e fatos reais. O livro conta a história de Sarah Moore Grimké, feminista e abolicionista norte-americana. Narrada em primeira pessoa, a obra se alterna em relatos de duas mulheres separadas pelos níveis sociais, mas unidas pelo sentimento de opressão, por sonhos que parecem impossíveis e pelo desejo latente de serem, cada uma a seu modo, livres: Sarah e Hetty "Encrenca".

A primeira, pertencente à aristocracia abastada de Charleston, foi criada para ser a típica dama do século XIX. Apaixonada pelos livros, com o sonho de ser advogada e tendo ideias revolucionárias para a época, Sarah luta contra o aprisionamento de sua mente e crenças. Já Hetty, escrava com 10 anos de idade, foi o presente que Sarah recebeu, apesar de todas as recusas, no seu aniversário de 11 anos.

Através dos relatos de Hetty nos aproximamos do cenário doloroso da escravidão. Em algumas partes, os açoites, as punições, atrocidades e dificuldades nos parecem tão reais que sentimos o sofrimento de uma pessoa presa pela sua cor, mas que carrega na alma a esperança da liberdade. Hetty é cativante e graças a sua inocência o livro apresenta passagens mais leves e até engraçadas.

Igualmente somos levados a sentir a angústia de Sarah e a torcer por ela, que além de ser contra a sociedade escravista sonha com um futuro onde ela própria possa ser livre. Com Sarah, abraçamos sua causa e esperamos (torcemos mesmo!) que ela encontre seu senso de "pertencimento".

O livro é dividido em seis partes. Do começo ao seu fim, são 35 anos da trajetória de Sarah e Hetty. Além das duas, também nos apegamos a outros personagens, como é o caso de Angelina (personagem real da história dos EUA), irmã mais nova de Sarah que se unirá à luta para abolir a escravidão no sul dos Estados Unidos.

Juntas, as irmãs Grimké são hoje as primeiras mulheres abolicionistas norte-americanas. As duas tinham como objetivo a emancipação dos escravos e a igualdade de raças - ideia considerada extremista até mesmo para os abolicionistas.

Nesta obra, Sue Monk Kidd atinge profundamente o leitor pela riqueza de detalhes históricos, pela força dos sentimentos expressos e acuracidade de descrições de um período triste da história. Sue consegue ainda tocar em cheio o coração daqueles que mesmo em tempos atuais anseiam pela liberdade.

“Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Para você, é o contrário.” - Hetty para Sarah.
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Fernanda 25/07/2014

“Meu corpo pode ser escravo, mas não minha mente. Pra você é o contrário.”
Um dos melhores livros que li esse ano, A Invenção das Asas conta a incrível história de Sarah Grimké e Hetty “Encrenca”. Sarah, uma garota de família escravocrata da alta sociedade de Charleston, que sonhava em ser advogada no início do século XIX, uma época em que mulheres não estudavam. E Hetty, uma escrava que foi dada a Sarah em seu 11° aniversário como dama de companhia. A história do livro narra, ao longo de 35 anos, a trajetória de duas mulheres que questionavam as regras da sociedade em que viviam, e que buscavam criar suas próprias asas.

A narrativa do livro é alternada entre as duas personagens, e podemos acompanhar com detalhes a vida tão diferente de duas mulheres que lutaram pelo mesmo objetivo: Liberdade. Sarah desde nova quis se tornar uma grande advogada, inspirado em seu pai, um juiz de grande prestígio. Ela vivia em uma época onde a única preocupação de uma mulher era ter um bom casamento e filhos, mas Sarah desde nova seguia o sentido contrário determinado pela sociedade e sempre se preocupou muito com questões abolicionistas, feministas e de igualdade social.

Encrenca desde nova foi alimentada por sua mãe Charlotte com histórias africanas sobre os negros e a liberdade. Ela sempre foi bem ciente do que não poderia fazer por ser uma escrava, mas sempre buscava burlar as regras impostas, a se rebelar como pode, e a criar as suas asas mesmo que aos poucos. A vida dela se cruza com a de Sarah Grimké quando, no aniversário de 11 anos de Sarah, Hetty “Encrenca” é dada de presente como dama de companhia. Sarah tentou recusar o “presente”, e chegou a escrever uma carta libertando Hetty, mas que de nada adiantou. E foi uma das primeiras vezes que ela percebeu o quanto não tinha voz alguma e que decidiu não só ser amiga de Hetty, mas também de libertar a escrava da única forma que podia: A ensinando a ler, o que era contra a lei.

Durante a leitura acompanhamos as lutas de ambas as personagens, e tudo o que tiveram de enfrentar ao longo dos anos, desde crianças. Com uma narrativa tocante e sensível aos fatos, nos comovemos com a narrativa pelos olhos de Hetty, nos mostrando com detalhes o sofrimento, a dor, as humilhações que os escravos passavam. E acompanhamos as lutas de Sarah, a sua busca na descoberta de como mudar sua realidade, tentando encontrar o seu caminho. Durante a leitura torcemos por sua vitória ao tentar aos poucos mudar aquela sociedade e buscando ter voz. Coisa que ela não fez sozinha, pois teve ajuda de sua irmã mais nova, Angelina (Nina), que compartilhou e foi inspirada por seus objetivos de vida.

Me surpreendi com a nota da autora ao terminar a leitura do livro, pois descobri que Sarah e Angelina Grimké realmente existiram! As irmãs foram as primeiras agentes femininas abolicionistas e umas das primeiras entre as importantes pensadoras feministas americanas. Sarah foi a primeira mulher nos Estados Unidos a escrever um manifesto feminista abrangente, e Angelina foi a primeira mulher a falar diante de um conselho legislativo. A autora conta a jornada dessas mulheres misturando fatos reais com uma boa dose de ficção, e foi realmente incrível acompanhar todas as lutas e conquistas das personagens desse livro.

A Invenção das Asas faz com que o leitor mergulhe em outra época, e sinta tudo o que as personagens sentiram durante a narrativa dos fatos, que é rica e detalhada. Uma história com personagens de muita coragem, mulheres heroínas que lutaram por voz, e que é impossível não admirá-las! O livro é cheio de acontecimentos, tem uma história ampla sobre a trajetória de cada uma, contém vários outros personagens que não mencionei e algumas reviravoltas. Seria impossível contar tudo isso em uma resenha, por isso, não deixem de ler. É um livro realmente marcante. Leitura mais do que recomendada!

site: http://viciosemtres.blogspot.com.br/
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Marianne 26/08/2014

"A invenção das asas" (Sue Monk Kidd)

"O barulho estava na sua lista de pecados dos escravos, que nós sabíamos de cor. Numero um: roubar. Número dois: desobedecer. Número três: preguiça. Número quatro: barulho. Um escravo devia ser como o Espírito Santo: Não se vê, não ouve, mas está sempre por perto, a postos."

Confesso que rolou um bloqueio absurdo pra escrever essa resenha. Tudo o que eu escrevia ou montava na minha cabeça pra escrever não fazia jus a grandiosidade dessa obra de Sue Monk Kidd. Mas a resenha precisava sair então tentei o meu melhor pra convencer todo mundo a ler esse livro maravilhoso hahaha. Acho que é a maior que já escrevi, so sorry meus amigos, mas foi impossível resumir minha análise sobre A invenção das asas em poucas palavras.

" 'Por que a ideia de perfeição de Deus deve ser baseada numa natureza imutável? ’, perguntei. ‘A flexibilidade não é mais perfeita que a estagnação? ’.
Papai estapeou a mesa: ‘Se Sarah fosse um menino, seria a maior jurista da Carolina do Sul!’"

Sarah Grimké é a caçula da família que vive em Charleston, no sul dos Estados Unidos do século 19. Ao completar 11 anos Sarah ganha de aniversário Hetty, uma escrava que tem a mesma idade de Sarah, para ser sua dama de companhia.

" 'Escravos, eu advirto vocês a se contentarem com seu quinhão, pois é a vontade de Deus! Sua obediência é ordenada nas Escrituras. É comandada por Deus através de Moisés. É aprovada por Cristo através de seus apóstolos e defendida pela igreja. Tomem tento, então, e que Deus em sua piedade lhes conceda que sejam prostrados hoje e voltem a seus mestres como servos fiéis.'"

Apesar da pouca idade e de viver numa época totalmente escravagista Sarah recusa o presente por não aceitar o fato de outra pessoa como sua propriedade. Diante da negativa da mãe pela sua recusa do presente Sarah acaba tendo de aceitar Hetty como sua dama de companhia e tem a ideia mais genial que poderia lhe ocorrer: libertar Hetty. Através de uma carta de alforria Sarah deixa claro que Hetty é uma escrava livre e não mais propriedade da família Grimké. No dia seguinte Sarah encontra a carta rasgada na porta do seu quarto. Afinal Hetty, pela lei, pertence ao pai de Sarah e a carta de alforria aos olhos da família Grimké foi só rebeldia infantil da filha caçula.

" 'Nossos escravos estão felizes', ela se orgulhava. Nunca ocorreu a ela que a alegria deles não era satisfação, mas sobrevivência.'"

Hetty, mais conhecida como “Encrenca” por todos na fazenda dos Grimké, é filha de Charlotte, escrava costureira da família. Charlotte é uma mulher simples porém muito à frente de seu tempo que tenta a todo custo transmitir a Hetty suas ideias de busca pela liberdade. Hetty por sua vez é uma personagem que engana a todos. Até mesmo Sarah não imagina a garotinha perspicaz que existe por trás de Encrenca, que se questiona sobre a conduta da sociedade que aceita que escravos sejam vendidos e torturados sem intervenção.

" 'Por que você pegou?'
'Porque eu podia'.
Aquelas palavras grudaram em mim. Mamã não queria o tecido, só queria causar confusão. Ela não podia ser livre e não podia dar na sinhá com uma bengala, mas podia pegar a seda dela. Você se rebela do jeito que pode."

Hetty e Sarah tem uma relação de amizade bem atípica. Quando crianças percebemos uma intimidade maior entre as duas, mas a medida que crescem desenvolvem uma familiaridade onde é notável que não são necessários palavras e gestos de apego pra nos mostrar que ali existe um grande laço de afeto.

Por essas primeiras narrações de Sarah e Hetty no livro podemos ter uma vaga ideia do tipo de mulheres que teremos pela frente, mas nada teria me preparado pra um dos enredos mais envolventes que já li na vida.

" 'Ou eu devia lhe perdoar por querer exprimir seu intelecto? Você é mais inteligente que Thomas ou John, mas é mulher, outra crueldade que eu não podia fazer nada para mudar.'"

A invenção das asas nos conta a história dessas duas mulheres (mais adiante no livro temos uma terceira mulher, mas eu chego lá) ao longo dos anos de uma maneira tão intrincada e angustiante que é IMPOSSÍVEL não nos envolvermos com seus impasses e histórias. Por vários momentos no livro Sue Monk conflita os dilemas de Sarah; mulher que frequenta aulas de etiqueta que a preparam pra ser uma boa esposa no casamento, proibida pelo pai de ler e sem a opção de seguir uma vida acadêmica, com os dilemas de Hetty; mulher negra e escrava no século 19. Sue Monk faz isso sem em nenhum momento desmerecer a luta e tormento de nenhuma das duas personagens.

" 'Deus nos enche de todos os tipos de desejo que vão contra a normalidade do mundo. Mas o fato de que esses desejos com frequência não deem em nada, bem, duvido que seja obra de Deus’. Ela me penetrou com seus olhos e sorriu. ‘Acho que sabemos que isso é obra dos homens.'"

A terceira mulher que conhecemos na história é a irmã mais nova de Sarah, Angelina. Ao descobrir que a mãe esta grávida Sarah implora pra ser madrinha de Angelina e acaba se tornando uma figura de apoio e orientação para a irmã.

O que essas três mulheres tem em comum é a constante indagação relacionada aos costumes da época. Por que existem tantas restrições impostas a mulheres e escravos, quem determinou que mulheres não podem ser juízas e escravos não podem andar livremente na rua sem uma carta de permissão?

Vamos acompanhando o desenvolvimento, amadurecimento e drama das personagens no decorrer dos anos. E a angustiante luta pra que fossem notadas, respeitadas, tratadas de igual para igual.

Quando Sarah se envolve mais diretamente na luta pelo fim da escravidão e decide levantar também a bandeira feminista, de igualdade entre homens e mulheres (que já é um “absurdo” pra muita gente hoje, imaginem no século 19) nos deparamos com um dos trechos mais interessantes do livro. Sarah e Angelina são confrontadas diretamente por homens que, até então, aprovavam e as acompanhavam em seus discursos anti escravagistas, e agora advertem as moças que calmaê moças, lutar pelos escravos ok, mas aí vocês querem lutar pelos direitos das mulheres também , aí já é demais!

" Sem intenção, provocamos um alvoroço no país. A questão das mulheres terem certos direitos era nova e estranha e ridicularizada, mas, de repente, estava sendo debatida por todo o estado de Ohio. Eles chamavam minha irmã de Diabolina. Batizaram-nos de “incendiárias femininas”. De algum modo, tínhamos acendido o estopim."

O livro é uma mistura eventos históricos da época, como a temida revolução dos escravos que até hoje muitos não sabem se realmente foi planejada e a existência da casa de trabalho que era utilizada pra torturar escravos, e pessoas que não apenas existiram como contribuíram para que muitos dos eventos descritos no livro acontecessem. E a surpresa mais agradável de todas ao fim do livro, nas notas da autora: Sarah Grimké realmente existiu, e com ela toda a sua história. A autora deixa claro que através de pesquisas e relatos do diário da própria Sarah criou a personagem e lógico tomou liberdade de usar um pouco a imaginação.

" 'Dar as costas pra nós mesmas e ao nosso próprio sexo? Não queremos que o movimento se divida, claro que não. Entristeço-me ao pensar a respeito. Mas pouco podemos fazer pelo escravo enquanto estivermos sob os pés dos homens. Façam o que precisam fazer, censurem-nos, retirem seu apoio, continuaremos firmes de qualquer maneira. Agora, senhores, gentilmente tirem seus pés de nossos pescoços!' (Sarah Grimké) "

Sarah Grimké teve um papel muito importante na história do feminismo e na luta pela abolição e é incrível poder conhecer um pouco do que foi essa história, ainda que com um “toque” de ficção. Um de seus últimos atos de “rebeldia”, ainda segundo as notas da autora, foi uma caminhada debaixo de neve em 1870 em direção a urnas simbólicas onde foram depositadas cédulas eleitorais. Isso em 1970, época em que mulheres sequer eram cogitadas a dar palpite na política, é muito amor essas irmãs Grimké! ♥

" 'Angelina, considero você uma amiga, das mais caras, e me tortura ir contra você, mas agora é o momento de se levantar pelo escravo. Chegará o tempo de tratarmos a questão da mulher, mas não por enquanto.’
‘É hora de tratar o direito de alguém quando este lhe é negado!'"

Sabemos também pelas notas da autora que Hetty de fato existiu e foi dada de presente a Sarah, mas toda a história que foi criada para a personagem foi imaginação de Sue Monk Kidd, que buscou na personagem uma maneira de dar voz aos escravos da época.
Foi um livro que ficou nos meus pensamentos por muitas semanas (e ainda está) após a leitura. Está mais do que recomendado, está no cantinho de favoritos da minha estante e eu espero que entre pra de vocês também.

Beijos e até a próxima!

" As senhoritas Grimké fazem discursos, escrevem panfletos e exibem-se em publico de maneiras não femininas há um tempo, mas não encontraram maridos. Por que todas as solteironas são abolicionistas? Por não serem capazes de arrumar um marido, pensam que podem ter chance com um negro, se ao menos conseguirem colocar a miscigenação em moda..."

site: http://www.dear-book.net/2014/08/resenha-invencao-das-asas-sue-monk-kidd.html
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Bruna.Patti 20/10/2017

A invenção das asas
Hetty “Encrenca” Grimké: uma menina que era escrava e foi dada de presente à uma outra menina de sua idade quando tinha 10 anos. Seu nome de “branco” é Hetty, mas tradicionalmente os negros davam nomes aos seus filhos que correspondiam às características percebidas de sua própria personalidade, por isso Encrenca. Sarah Grimké: filha de juiz, moradora da Carolina do Sul, abolicionista, e feminista. A obra em questão tem essas duas protagonistas, e retrata a vida das duas durante 35 anos. Baseado na figura histórica de Sarah Grimké, uma abolicionista e feminista que acreditava que os negros eram iguais aos brancos, no século XIX, na Carolina do Sul, altamente escravocrata e racista.

Hetty, quando tinha 10 anos foi dada como propriedade para a Sarah quando esta fez 11 anos, mesmo Sarah tendo sido contra a posse de pessoas. Desde pequena, Sarah acreditava que negros e brancos eram pessoas iguais e deveriam gozar dos mesmos direitos. Desde pequena, lutava para se libertar de uma sociedade conservadora, preconceituosa, inclusive para se libertar de sua própria família. Já Hetty, sempre sonhou com a liberdade, para si e sua mãe, Charlotte. Desde criança, acompanhava os castigos desumanizantes que os negros escravizados sofriam. Esse é um livro feminista, pois mostra a luta por liberdade e emancipação de duas mulheres, claro que em graus diferenciados. Podemos perceber isso com a fala de Hetty quando se dirige à Sarah:

“Eu sou presa pelo corpo, mas você é presa pela mente.”

Um ponto muito importante que podemos perceber no livro é a legitimação da escravidão por parte da igreja. Em alguns trechos em que a Sarah está na igreja, podemos perceber como os dogmas da igreja contribuíram para a perpetuação da escravidão no Sul dos Estados Unidos. Um exemplo que podemos observar, e que foi verídico, conforme informado pela autora, foi o fato de Sarah ensinar crianças escravizadas a ler na aula de catequese e ser punida pelo padre por conta disso. Sarah também tenta fazer a libertação de Hetty, da maneira como ela pode quando é pequena, ensinando a pequena Encrenca a ler.

Podemos perceber a visão que os escravos possuíam do Deus retratado pela igreja, por conta da legitimação da escravidão por parte da Igreja, nesse trecho de Encrenca:

“Carregava a imagem de Deus na minha cabeça. Um homem branco, segurando uma bengala como a sinhá ou evitando escravos como o senhor Grimké.”

A obra mescla capítulos em que a narração fica por conta de Sarah e outros capítulos que fica por conta da Hetty. Com isso, podemos ler e conhecer o lado da escravidão vivido e sofrido pelos próprios escravos. Quando elas são crianças ainda, podemos perceber como a Sarah tem direito a ter sonhos, perspectivas de vida, enquanto a Hetty tem a sua infância negada.

Podemos perceber a trajetória tão importante das irmãs Grimké, não somente a Sarah, mas também sua irmã Angelina, que foram abolicionistas e defendiam o direito da mulher e dos negros de serem tratados como iguais na sociedade. Repare, elas iam além do que estava imposto, visto que mulheres não poderiam falar em público, muito menos defender a ideia de que negros eram iguais aos brancos. Nessa época, o Norte dos Estados Unidos já condenava a escravidão, porém não existia a defesa de igualdade racial. Elas foram mulheres que abdicaram de riquezas, famílias em prol de perseguir seus sonhos de liberdade.

A metáfora estabelecida pelo título da imagem é sensacional. Os negros são tratados como criaturas dotadas de poder e mágica, na sua terra Natal e possuíam asas, que são cortadas quando são levados à força pelos diversos locais onde a escravidão ocorreu.

O livro é antes de tudo um livro sobre amizade, sobre amor entre mulheres, não no sentido sexual do termo, mas em relação a amizade, parceria, que é abordada de forma sutil e muito bem construída ao longo de toda a trama.

A autora é uma mulher branca, por conta disso, devemos refletir sobre o motivo de muitas autoras brancas conseguirem escrever sobre a época da escravidão e racismo, e fazerem tanto sucesso e gerarem comoção com suas obras, enquanto obras de escritoras negras não alcançam o mesmo sucesso. É necessário que cada vez mais as próprias protagonistas pertencentes às minorias marginalizadas sejam capazes de escrever sobre suas próprias histórias e alcançarem igual sucesso e comoção às escritoras brancas.

Recomendo fortemente a leitura, por todos os motivos já mencionados. Fecho a resenha com uma frase que me fez refletir muito acerca do conteúdo do livro, fala proferida pela Encrenca:


“Permanecer em silêncio frente ao mal é em si uma das formas do mal.”

LINK DO MEU BLOG ABAIXO:

site: http://abiologaqueamavalivros.blogspot.com.br/2017/10/a-invencao-das-asas.html
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Juliana 14/02/2016

Sonhar Sempre. Desistir, Jamais!
Se você não tem asas, você não consegue voar e nem chegar a lugar algum. Você deve aceitar a sua vida do jeito que ela é e agradecer a Deus por isso. Com certeza Sarah e Encrenca não pensavam dessa forma. Ambas queriam mudar o seu destino e escrever uma nova história no futuro. Encrenca era escrava. Sarah era sua sinhá por falta de escolha e abominava completamente a escravidão. Mas sendo mulher e filha de uma família extremamente tradicional, como poderia enfrentar mundo e lutar pelo direito dos escravos e das mulheres? Uma história com muitas lições sobre fé, esperança, luta e humanidade. Ninguém pode ser dono de ninguém e esse livro nos mostra exatamente isso. Leitura super recomendada!
Leia a resenha completa em nosso blog!

site: http://ohqueridavalentina.blogspot.com.br/2016/02/livros-aleatorios-2-invencao-das-asas.html
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Ana Aline 23/03/2016

A Recordação de Como Conquistamos Liberdade...
Quando comecei a ler a invenção das asas pensei que não iria gostar, não me lembrava do porque esse livro tinha chamado minha atenção e nem mesmo sobre o que ele falava. Mas, enfim eu lí e adorei então vamos a resenha.

O livro é dividido em partes e os capitulos alternam entre a narrativa de "Hetty" ou seu nome de escravo "Encrenca" e Sarah Grinké. Uma é uma escrava de apenas dez anos e outra a filha da sinhá que esta completando onze anos. Encrenca é filha da escrava Charlote a costureira da sinhá, ela é uma garota especial e é apaixonada pela mãe que lhe conta historias da Africa de onde os escravos eram tirados ao longo da narrativa encrenca amadurece e se torna uma mulher forte e guerreira,

Sarah Grinké foi criada pra ser uma tipica sinhá de Charleston foi educada para isso, mas ela se sentia diferente sabia que estava destinada a deixar sua marca no mundo, Seu pai era Juiz e sua mãe uma sinhá bem durona. Sarah adorava ler os livros do seu pai sobre leis e o seu favorito era sobre Joana Darck. Ela ficou com problemas na fala quando com seis anos de idade viu uma escrava ser açoitada no patio de casa.

No aniversário de onze anos de Sarah seu presente foi uma dama de companhia escrava, a Hetty. Ela não queria aceitar o presente de forma alguma e foi ai que ela decidiu suas ambições mesmo não sabendo ao certo como consegui-las.

O livro conta varias partes da história do movimento antiescravagista nos U.S.A. que realmente aconteceram.

Esse livro é incrível, ele nos lembra de como temos que encontrar a nossa voz e como podemos ser o que quisermos se persistirmos em nossos objetivos.
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marcelgianni 19/06/2016

Não se trata de um resumo ou sinopse do livro (para isso, veja minha resenha completa no link mais abaixo), mas sim de um relato do que me chamou a atenção no livro, e que pode influenciar outras pessoas na sua decisão de lê-lo ou não. Sem o uso de spoilers, faço uma análise sucinta da obra, justificando minha nota atribuída.

Trata-se de um livro com tema abolicionista, focado nos Estados Unidos do século XIX, e que foi inspirado numa história real. Vários de seus fatos e personagens realmente existiram, e alguns foram criados por Sue Monk.
A trama é inteiramente narrada intercalando os POVs de duas personagens, Sarah Grimké - a filha de uma família aristocrata americana - e a escrava Encrenca, iniciando-se em 1803 e finalizando em 1838.

No transcorrer das partes do livro, vai crescendo a apreensão do leitor no que se refere à luta das irmãs Grimké para alcançar seus ideais, assim como a crescente ansiedade pela possível liberdade de Encrenca e, de uma maneira geral, pelo fim da escravidão.

De uma maneira extremamente detalhada e realista, a autora nos mostra como era a vida das famílias abastadas no sul dos Estados Unidos, e seu tratamento para com seus escravos, relatando minúcias dos seus trabalhos, castigos e corretivos, nos mostrando o ponto de vista daquela sociedade, de que os escravos não eram iguais aos demais humanos, o que era corroborado pela religião cristã na época.

Da mesma forma que mostra a visão da aristocracia, o livro nos faz ter noção da visão dos escravos. Enquanto alguns são subservientes e resignados, outros são indignados e rebeldes.

site: https://idaselidas.wordpress.com/2016/04/19/a-invencao-das-asas-sue-monk-kidd/
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Alves229 07/08/2016

Duas asas
A Invenção das Asas é mais um daqueles livros que encontrei por acaso, mas que me chamou total atenção assim que bati os olhos e não me decepcionei nem um pouco durante a leitura.

A história traz a visão de duas mulheres, duas mulheres que buscam liberdade.
Apesar de terem origens diferentes e viverem em "mundos diferentes", ambas sofrem com uma opressão que, de certo modo, tem os mesmos efeitos. Seus sonhos parecem inalcançáveis e a única coisa que têm de concreta na vida são seus deveres para com os outros.
Sarah e Encrenca (Hetty) podem parecer pessoas totalmente opostas, mas no fundo ambas são iguais. Ambas querem ter voz, querem alcançar seus sonhos, querem ser livres.

Adorei a forma como o livro descreve cada fase da vida delas. Como o passar dos anos é bem pontuado e mostra, claramente, a evolução das personagens. A mudança de ideias e o desenvolvimento de cada uma delas.
Gostei dos personagens secundários que foram inseridos ao longo da história, pois eles tiveram um peso no desenvolvimento do livro, eram necessários e não apenas pessoas colocadas ali para aumentar a obra (sem finalidade específica).

Uma das coisas que mais gostei foi a narrativa. Apesar de não gostar muito de livros em primeira pessoa, a narração deste não seria tão tocante se não fosse escrito dessa forma.
Os capítulos eram intercalados, sendo narrados ora por uma protagonista, ora por outra.
Achei a narração de ambas tão sutil, porém tão notável. É incrível como a forma como as palavras eram colocadas mostrava o quanto havia diferença entre a forma que cada uma tinha de narrar sua própria história, um toque muito especial da autora. Nem sempre os autores conseguem diferenciar os narradores de uma história de forma tão bonita.
O que mais achei tocante, era a forma como Hetty escrevia suas cartas, os erros de português e as palavras simples, tudo tão meticuloso e adorável.

O livro tem como foco a abolição da escravatura, mas também tem traços de feminismo e muitas das situações narradas podem ser levadas para a situação atual do país e para a luta das minorias. É um livro tocante, com um final que pode causar algumas divergências entre os leitores, mas que para mim foi válido e não consigo imaginá-lo de forma diferente.
É um livro que entrou para minha lista de favoritos sem esforço e espero que mais pessoas o leiam.
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Paloma 09/02/2017

Sarah e Encrenca
“Cuidado, você pode ser escravizado duas vezes, uma vez pelo corpo e uma vez pela mente”

Este é o terceiro livro que leio desde o início deste ano, e posso dizer que foi o melhor deles, há tempos eu não era pega dessa forma por uma história.
Este livro tratasse de uma história verídica, ele conta a vida de Sarah Grimke e Hetty Encrenca. A história se inicia no ano de 1803, Sarah era filha de um juiz aristocrata e contra a abolição, porém ela sempre foi a frente do seu tempo, com 10 anos já tinha opiniões bem formadas acerca da escravidão, e dentro dela carregava também um sonho, de não ser como as mulheres que conhecia, Sarah tinha aspirações, queria ter uma profissão. Claro que ela sabia que isso era algo impossível em seu tempo, onde as mulheres eram criadas apenas com o papel de servir aos homens, não podiam expressar suas opiniões, deveriam apenas cuidar dos escravos e dos afazeres de casa.
Hetty Encrenca era filha de Charlotte, escrava que trabalha a anos na casa dos Grimke, Hetty era um ano mais nova que Sarah, e assim como a menina também tinha sonhos, ela queria ser livre, queria poder viver com sua mãe sem ter as ameaças de Sinhá aos pés de seus ouvidos, queria não ver mais escravos sendo chicoteados.
A vida dessas duas meninas muda, quando no aniversário de 11 anos de Sarah, ela recebe como presente a escrava Hetty para lhe servir como dama de companhia, ousada como ela é, Sarah faz uma carta para libertar Hetty, carta esta que é rasgada pelo sr. Grimke. Durante os anos que se segue, acompanhamos a vida delas, contado pela perspectiva das duas, acompanhamos suas lutas atrás de realizar seus sonhos, suas frustações, suas vitórias.
Alguns anos mais tarde nasce Angelina a irmã mais nova de Sarah e que se torna sua afilhada, apesar da diferença de idade das duas no decorrer da história ela se torna uma terceira voz no livro, e uma nova aliada pra Sarah e isso me agradou muito.
O que mais me surpreendeu, e me entristeceu, foi que temas tratados neste livro, ainda são tão presentes nos dias de hoje, mesmo tendo passado tanto tempo, como preconceito racial e igualdade de gêneros. E assim como nos dias atuais as pessoas justificam suas atitudes em nome de Deus, no passado não era muito diferente, eles usavam a religião e Deus para escravizar os negros, e oprimir as mulheres dizendo sempre que essa era a vontade de Deus, e distorciam a Bíblia.
No final do livro a autora conta como foi que conheceu a história dessas meninas, as pesquisas que teve que realizar, as mudanças que achou necessária fazer na história; uma delas alias me deixou bem triste que diz respeito a vida de Hetty, mas prefiro acreditar e imaginar na história contada pela a autora e não o que aconteceu de fato.
Me apeguei ao livro, amei cada personagem, torci para que tivessem seus finais felizes, chorei com suas perdas, aprendi com a garras delas. Seria impossível descrever a magnitude deste livro em apenas uma resenha, apenas digo pra que se preparem para viver um turbilhão de emoções.
“O que quer que seja moralmente correto para um homem fazer é moralmente correto para uma mulher fazer. Ela está dotada por seu Criador dos mesmos direitos e dos mesmos deveres.”
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Edna 26/03/2017

Voar um ato de coragem
A Invenção de Asas, obra de Sue Monk Kidd, foi baseada em fatos reais e é quase uma biografia de Sarah e Angelina, as irmãs Grimkés; as primeiras agentes femininas abolicionistas e umas das primeiras entre as mais importantes pensadoras feministas americanas.Sarah, a primeira também nos Estados Unidos, a escrever um manifesto feminista abrangente e Angelina (Nina)a fakar diante de um Conselho legislativo no século XIX.
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A narrativa foi construída em capítulos curtos e tão cheio de conteúdos tanto de fatos históricos, dor e ficção representativa tão intensos que muitas vezes tive que reler para crer. Alternando entre Sarah, filha de uma família da aristocracia poderosa de Charleston é uma cidade localizada no estado norte-americano da Carolina do Sul, nos condados de Berkeley e Charleston, a garota que queria ser Jurista em uma época em que só os homens tinham vóz própria, e a escrava Hetty batizada por sua mãe de Encrenca, nome que lhe faz jus pelo que você vai ler no desenrolar da história, a mesma que Sarah ganhou de presente da Mãe ao completar onze anos, e que devolveu durante a festa e fora punida por não aceita ter uma igual como sua, como um pertence, e não vai mudar de idéia.
Mesmo com o castigo recebido pelos pais, que a proibem de entrar na biblioteca, Sarah não só continua a ler escondido como ensina Encrenca a Ler, isso tb vai contar em castigo para as duas várias vezes, as duas são irreverentes e decidem ir em frente, Encrenca segue as histórias da mãe Charlotte que conta as histórias dos antepassados, com a única arma que lhe está ao seu alcance, a costura, monta colchas com quadrados e desenhos que simbolizam as passagens, a familia de escravos, os castigos e as tentativas de fugas. Charlotte também diz sempre para Encrenca: " Um dia você vai ter asas".
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Na ansia pela liberdade Charlotte almeja para a filha a liberdade e faz um pedido à sua Sinhazinha Sarah para libertar a sua filha.
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Sara não se tornará uma advogada, mas ao ensinar Encrenca a ler dá asas à menina, ela quer voar.
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Ao sofrer uma desilusão amorosa, Sara fica confinada em casa até ser enviada com o Pai que estava debilitado para a Carolina do Norte. Conhece então, um adepto do Quakerismo, um movimento cristão que é a favor da abolição, mas cheios de regras que Sara vai viver durande 12 anos até a chegada de sua irmã Nina que já segue os passos da irmã, desde as primeiras aulas na Igreja em Charleston ela inicia suas aulas na escola dominicana já afrontando quando ensina os negros a cantar o alfabeto, seu primeiro ato revolucionário, abdica do noivado por não se submeter ao jugo e se junta à Sarah.
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Na Filadelfia iniciam uma panfletagem com temas de emancipação imediata aos escravos, pela igualdade racial o que choca até mesmo os abolicionistas, vão ser vítimas, hostilizadas, censuradas e até sofrerem violência, serão expulsas de vários locais, mas seguirão sua luta em cruzadas por parias cidades.
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Sara fará mais uma tntativa de comprar Encrenca de sua família sem exito, mas juntas não desistirão dessa grande Invenção de Asas.
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A mistura da realidade com a ficção, mas tão nitidamente expressas com fundamento nos acontecimentos e narrados por escravos livres e Associações e Fundações anti-escravagistas, nos choca, nos toca a alma e nos faz pensar o quanto nos custa essa tão sonhada liberdade, com a qual ainda lutamos incansavelmente.
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Citação da autora: "A História também é a dor em nosso coração, e nós repetimos a históriaaté que sejamos capazes de fazer nossa, a dor no coração do outro."
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mila 02/06/2017

ótimoo
um livro lindoo. muito me agradou, pq gosto muito de ler histórias que tem como pano de fundo, a escravidão nos EUA. é uma linda história
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eneida 30/06/2017

A história se passa nos EUA, fim do século XIX e vai desde a infância até a meia idade de duas mulheres, Sarah, branca, rica e bem nascida e Hetty, negra e escrava da família de Sarah.
Sarah ér uma menina de inteligência brilhante, mas presa as convenções da época, busca um sentido para sua vida, inicialmente nos estudos, depois no amor, na religião e já na meia idade ainda sem se encontrar, descobre na causa abolicionista a sua grande realização como pessoa. Ela foi a personagem que mais me encantou, pois em um meio tão adverso, ela enfrentou todas as suas dificuldades, sua gagueira, sua melancolia (a depressão de hoje em dia), suas dúvidas, sempre fiel as suas convicções e aos seus sentimentos.
Hetty teve como exemplo a mãe,uma escrava destemida, disposta a tudo por sua liberdade e apesar de todo o sofrimento da escravidão, como ela própria disse, " seu corpo era escravo, mas sua mente era llivre", ao contrário de Sarah.
Hetty era uma fortaleza, a coragem em pessoa,com um instinto de sobrevivência muito grande,era natural para ela enfrentar, resistir, não ceder, ao passo que Sarah tinha dificuladades diferentes, de natureza mais emocional e intelectual, com recursos psicológicos menores e um sofrimento maior.
Muito bonito.
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