A obscena senhora D

A obscena senhora D Hilda Hilst




Resenhas - A Obscena Senhora D


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Clio0 19/01/2023

A obscenidade da senhora D vem de sua exposição sem pudores, sem receios, onde cada camada de pele e roupas são retiradas e admiradas, apreciadas por suas peculiaridades.

É um texto carregado de significados em que a própria dança com as palavras parece ter sido o resultado da fascinação por vezes quase sexual da autora com a língua. Logicamente, não é uma leitura fácil, mas é prazerosa - descobrir cada proposta, encontrar os caminhos dessa obra labirintica.

Foi meu primeiro contato com os trabalhos de Hilda Hilst e só posso crer que a falta de menções a essa escritora espetacular se deve justamente por sua capacidade... não venha esperando algo leve, a própria senhora D riria de tal coisa.
B.norte 19/01/2023minha estante
Não tenho muito interesse nessa autora desde que vi um documentário sobre escritoras brasileiras na HBO...


Cris 26/06/2023minha estante
Nunca li nada da Hilda Hislt ainda.


Déa 01/07/2023minha estante
Fiquei curiosa




Regis 06/03/2023

Hilda Hilst é uma autora brasileira pouco conhecida do grande público que escreveu alguns livros de poesia antes dessa ficção literária com a personagem obsena e seu interlocutor peculiar através dos quais expressa percepções fragmentadas e irreverentes.

A personagem Hillé ou Senhora D, após perder seu companheiro Ehud, se refugia no vão da escada de sua casa e começa a discorrer sobre suas percepções do mundo, revivendo sua relação com o recém-morto e analisando o ódio da vizinhança que não tolera sua atitude anticonformista.

Com seu interlocutor nada convencional (um porco), a personagem discorre sobre suas insatisfações e as injustiças de sua situação, agindo de forma chocante para a vizinhos ao se permitir extravasar obscenidades sem nenhum pudor.

É um livro que em um primeiro contato parece difícil de ler e compreender. Esse fluxo de consciência misturado com os diálogos soltos causam uma sensação de confusão (o que parece ser o objetivo da autora) que deixa a leitura pouco fluída, apesar de demonstrar com precisão os pensamentos e degradação da personagem.
Entretanto, logo que você se acostuma com a torrente de palavras e pensamentos, a leitura flui bem melhor e você começa a sentir o texto, mesmo que a compreensão de tudo que está sendo dito venha aos poucos.

A leitura transmite solidão, desalento e inconformismo. Nos momentos de delírio a Senhora D (D de derrelição, D de desamparo) fala consigo, com o mundo, com o ego e com Deus.

Foi uma leitura interessante e bem diferente. Creio que admiradores de Clarice Lispector podem gostar muito do tipo de escrita, dado que o livro é comparado com a obra da autora, A Paixão Segundo G. H..

Esse foi meu primeiro contato com a autora e foi estranho, original e relativamente prazeroso ao final da leitura. Esse foi um novo gênero de escrita para mim, me fez sentir muitas coisas ao mesmo tempo e com certeza foi muito além da primeira impressão de confusão que tive. Recomendo.
Max 06/03/2023minha estante
Ótima resenha, Régis! ?
Hilda Hilst, não é prá qualquer leitor!?


Regis 06/03/2023minha estante
Só conhecia ela de ouvir o nome. Mas gostei da escrita. Me senti confusa no início, mas a leitura me surpreendeu, Max. ?


Elle 06/03/2023minha estante
Uau que resenha,???


Regis 06/03/2023minha estante
Obrigada, Elle. ?


HenryClerval 07/03/2023minha estante
Sua resenha está perfeita, minha linda. ?


Regis 07/03/2023minha estante
Obrigada, Lê. ?




Ilana_ 08/03/2009

Senhora D è obscena porque è transparente. Nao hà coquetismo para o que pensa em labirinto nem para o que pergunta. Critica acidamente as respostas atè entao oferecidas pelo mundo cansado e de corpo mole. Quer mais e desafia a interpretacao da existencia à manter-se em pè depois dos seus berros na janela e despudores reflexivos. Um livro para ser lido em voz alta, quase de um sò suspiro e folego, nos jantares em familia.
Ivan Picchi 16/03/2010minha estante
inconscientimente ler em voz alta



Efeito colateral involuntário!



Digno de uma peça monóloga teatral!





Uziel 20/09/2012minha estante
kkkkkkkkkkkk. Fiquei imaginando minha família ouvindo a leitura do livro. Eles teriam um treco.




Jorlaíne 25/04/2023

A obscena Senhora D representa o luto através das lembranças, memórias e reminiscências da protagonista. Aqui essas lembranças estão totalmente ligadas ao sexo e à falta dele na vida da personagem.
A linguagem é por vezes chula e outras poética. Não é o livro ideal para começar Hilda, mas foi uma boa experiência.
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joaoggur 09/08/2023

Apaixonante escrita de Hilda Hilst.
Nunca pensei que iria me identificar com um livro tão estranho. O estranhamento se da pela linguagem; quase como um jogo implicitamente criado por Hilda Hilst com o leitor, a autora cria situações labirínticas, quase como um ?quebra-cabeça? literário, onde precisamos entender o que se passando aos poucos, com calma.

Mas não acho que ninguém será capaz de dizer, com precisão, o teor da obra. Poderia descrevê-la como uma conversa interior de Hille, seja com si mesma, com seu (falecido?) esposo Ehud e com próprio Deus. A grande alegoria está em camuflar os dilemas da viúva em uma leitura confusa e cacofônica. Em meio ao intenso fluxo de consciência, há uma profunda filosofia sobre o envelhecimento e a própria vida. Não sabermos com precisão quem é o narrador (em INÚMEROS momentos fiquei na dúvida sobre quem estava falando; Hille, Ehud, Deus, um narrador, todos ao mesmo tempo??) cria um clima anárquico, representando a desordem metafísica do intelecto humano.

Eu posso estar em uma completa viagem significativa, mas piamente acredito que é um livro incrível. Aviso desde já que nem todos o verão com bons olhos; a unicidade é o ponto chave da obra. Deve-se apreciar com calma, deleitando-se com as minúcias. Nunca li nada parecido. Esteja preparado para ver este píncaro do fluxo de consciência humano.
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Layla.Ribeiro 16/03/2021

Passeando pelos pensamentos da Senhora D.
É uma narrativa de fluxo de consciência que se mistura entres os pensamentos da própria Senhora D., das memórias do falecido pai e marido da protagonista, dos comentários/ pensamentos dos vizinhos a julgando e as falas do narrador, então se você não tiver o costume de livros com essa narrativa , você vai achar confuso e dificilmente irá entender. É uma história profunda sobre o luto na qual a protagonista está passando após se ver viúva e sozinha, cheio de reflexos sobre a morte, a velhice e o tempo, achei fantástico que muitos dos pensamentos dela se misturava até com os meus sobre os mesmos assuntos e foi bem incrível, nem muitos entendem o processo do luto e muitos julgaram a protagonista da mesma forma que podem julgar esse livro como chato. Eu gostei de conhecer a narrativa da Hilda e pra mim foi a melhor experiência com fluxo de consciência que tive até o momento.
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Mariana 04/07/2021

que boniteza isso de amá-lo nos seus confins e chafurdar por aqui
Na moral, olhem que coisa linda:

"e apesar dessa poeira de pó, de toda cegueira, do aborto dos dias, da não luz dentro da minha matéria, a imensa insuportável funda nostalgia de ter amado o gozo, a terra, a carne do outro, os pelos, o sal, o barco que me conduzia, umas manhãs de quietude e conhecimento, umas tardes-amora brevíssimas espirrando sucos pela cara, rosada cara de juventude e vivez, e uma outra cara de mansa maturidade, absorvendo o que via, lenta, os ouvidos ouvindo sem ressentimento."

A Obscena Senhora D é um livro sobre deus. Ou Deus. Ou o Menino-Porco. Ou o Inominável. Ou a Face Obscura, ou sei lá como Hilda o(a) chama.

Ele é basicamente uma narrativa na forma de fluxo de consciência de uma senhorinha, a Hillé (também chamada Senhora D), que acaba de perder o marido e que é vista por toda sua vizinhança como alguém que "perdeu o juízo" ou que beira à loucura, seja lá o que isso signifique. A própria autora brinca com essa questão da figura do louco ser na verdade a figura mais lúcida. E tem muita lucidez mesmo, quase uma lucidez a la Rita Lee:

"que inteligentes essas pessoas, que modernas, que grande cu aceso diante dos movietones, notícias quentinhas, torpes, dois ou três modernosos controlando o mundo, o ouro saindo pelos desodorizados buracos, logorreia vibrante moderníssima, que descontração, um cruzar de pernas tão à vontade diante do vídeo, alma chiii morte chiii, falemos do aqui agora."

E aí, minha gente, é uma bagunça. É memória pra lá, diálogo pra cá, conversa com vivo, com morto, percepções dos vizinhos sobre ela, lembranças do pai. O que parece é que a Senhora D sempre perguntou muito, durante a vida toda, e continuou perguntando mesmo no período de luto pelo marido. Sobre o sentido da vida e, principalmente, sobre a figura de Deus.

"cuida. não deixa que faça as minhas mesmas perguntas, a casa deve ficar mais clara, casa de sol, entendes? na sombra, Hillé se faz mais sábia, pesa, mergulha em direção às conchas, quer abri-las, pensa que há de encontrar as pérolas e talvez encontre, mas não suportará, entendes? te falo ao ouvido, não há coisa alguma dentro delas"

Eu não posso dizer que gostei da leitura, seria mentira se o fizesse, e posso dizer que compartilho do sentimento de um colega de resenhas que disse em algum lugar neste site: o livro precisa de fôlego. Mesmo tendo menos de cem páginas. No entanto, sem dúvida é uma experiência literária. Tentar entender o que Hilda diz, e, mais que entender, apreciar como ela diz, me faz querer reler o livro em outra época e com outra cabeça. Recomendo!
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Nádia C. 30/03/2012

Senhora D
De tanta coisa
uma das maiores expressões em palavra do Desespero na nossa literatura.

e eu nunca mais vou esquecer da palavra Derrelição.
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Raquel.Fernandes 24/06/2020

Pede um olhar demorado
Essa foi uma leitura demorada. Não por causa do volume do livro mas por outros fatores. Hilda Hilst brinca com as palavras, sua escrita é despudorada e  ela se demora em reflexões metafísicas.
Quando vou começar uma leitura confesso que tento não saber o gênero literário a que pertence, deixo para descobrir no caminho. Em vez disso procuro saber um pouco da biografia do autor. No caso de "A Obscena Senhora D." posso dizer que fez toda a diferença.
Basicamente, "A obscena Senhora D." é um livro sobre uma mulher de 60 anos questionando a vida. A "cereja do bolo" está nas reflexões que são compartilhadas através desse enredo.
Outro ponto importante antes de começar a leitura é saber que o livro é desenvolvido usando a técnica literária do fluxo de consciência. Nessa técnica, se procura transcrever o processo de pensamento do personagem, misturando impressões com o desenvolvimento de seu raciocínio como em tempo real, como que para acompanharmos a formação de suas ideias e reflexões. Ou seja: é intenso, como um amigo falando sem parar - por mais brilhante que seja - às vezes você precisa fechar o livro e refletir ou se desligar um pouco para processar e voltar a história.
Concluindo... gostei muito da autora. Ela descreve as subjetividades de seus personagens de uma maneira que se revelam impregnadas de angústias universais. É uma autora que você pensa: nossa, que dom para escrita, como ela coloca esse tanto de sentimento nesse tico de frase? Mas ainda assim, é preciso fôlego, é preciso disposição. 
Isadora1232 24/06/2020minha estante
Ótima resenha!! Minha curiosidade pra ler Hilda só aumenta!


Raquel.Fernandes 24/06/2020minha estante
Brigada, Isadora! Obrigada por me apresentar a HH. ?Eu fico querendo ler tudo q vc marca pra ler aqui kkkk


Isadora1232 24/06/2020minha estante
Kkkkkkk que ótimo saber disso pq a recíproca é verdadeira ? eu fico sempre atenta nas tuas indicações


Raquel.Fernandes 24/06/2020minha estante
Ahahah mt bom ??




Luciano 28/03/2021

Primeiro contato com uma obra completa da Hilda Hilst.
Pela dificuldade de me situar no enredo, talvez eu pudesse ter curtido mais o livro se eu não tivesse feito a leitura de maneira tão fragmentada. Curti bastante o trabalho com a linguagem.
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nalu 19/02/2023

Não entendi
Não entendi, mas achei poeticamente bonito e me dei liberdade artística de não entender o texto e apenas apreciar esse surto artístico psicológico
Thalya 19/02/2023minha estante
Um dos preferidos da minha vida. A personagem é uma senhora peculiar rs. Fez bem em apreciar, porque igual aos livros da Clarice, o que importa é sentir, bem mais do que entender.


Pandora 15/08/2023minha estante
A Hilda ia adorar a sua opinião. :)




@fernandajfguimaraes 30/09/2020

A linguagem autêntica é a forma impressa da cisão entre sujeito e significado. O texto não se fixa naquilo que a palavra revela mas no jogo de máscaras textuais no qual se busca o que está além do simples existir. No nível da microestrutura textual é uma narrativa difícil até de classificar por ser híbrida, incorporando registros orais populares, raciocínios sofisticados, palavras chulas, construções poéticas e desrespeito às normas gramaticais.

Se você busca um texto fluido e tranquilo, não opte pela obra de Hilda Hilst.
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aquamarinamelo 18/07/2013

Quase me envergonho de ter demorado tanto tempo para acabar de ler este livro: ele tem só 90 páginas. Fora que é aquele tipo de livro sem capítulos, escrito num fluxo incessante de pensamentos, que torna difícil retomar a leitura, depois de interrompida, mesmo que por apenas alguns minutos. O problema é que essas interrupções aconteceram com bastante freqüência, esses dias. Coisas da vida.

A história é sobre Hillé, ou senhora D. D de “derrelição”, ou abandono, solidão. É uma mulher de 60 e tantos anos que perdeu o marido e — não se sabe se por isso ou pela própria personalidade dela — começou a apresentar sinais de insanidade, chegando a assustar os vizinhos. E a senhora D passa o livro divagando, fazendo questionamentos e considerações sobre a vida; às vezes bem malucos, mas bastante interessantes. Uma mulher incomum para a época, uma mulher que pensava e, mesmo quando ainda era jovem e sã, acabava por afastar as pessoas, por causa das suas incômodas perguntas sobre o sentido da vida.

A maior dificuldade na leitura era descobrir quem diabos estava falando, naquele momento; se a senhora D, o marido dela, o pai, os vizinhos, Deus... Os vizinhos eram os mais fáceis; eles não eram adeptos de grandes filosofias, ao contrário do resto. Como bem disse a pessoa que fez a sinopse da edição que eu li, há uma grande economia de recursos na escrita. O que eu devia odiar, visto que adoro textos bem redondinhos, parágrafos, travessões, parênteses. Mas terminou que eu achei uma das grandes sacadas. Não apenas ficou um formato interessante — uma coisa meio “poesia em prosa” —, como também ilustrou a loucura da personagem principal. Como se tudo se passasse dentro da cabeça dela, numa confusão que só faz aumentar ao longo do livro. A narrativa e o livro inteiro terminam sendo tão loucos quanto ela.

Então, você inicia o livro meio tonto e sem entender nada de nada. E talvez passe boa parte do livro assim. E vai embarcando nas loucuras e bizarrices da senhora D, rindo dos palavrões, achando graça dos sustos que levavam os vizinhos, nas vezes que ela abre a janela. Até perceber que é uma história bem triste. Sobre derrelição, ou abandono, solidão.

Essa foi a minha primeira experiência com Hilda Hilst e eu só fiquei pensando se os outros livros dela são tão tristes e loucos quanto este. Pelo sim ou pelo não, pretendo procurar outros dela, porque achei fantástico.

site: http://do-fundo-do-mar.blogspot.com.br/2013/07/a-obscena-senhora-d.html
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Sara @desanuvie 11/03/2021

Algumas obras tocam num profundo que supomos ser inalcançável, e deparar com esse abismo que nos habita pode trazer turbulências com ondas gigantes de devastamento do ser.
A dificuldade, a dor e o encantamento ainda permanecem em mim.
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