Paraíso perdido

Paraíso perdido John Milton
John Milton




Resenhas - Paraíso Perdido


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Pedróviz 08/01/2022

Paraíso Perdido
Paraíso Perdido, de John Milton, é uma versão épica da história da criação da humanidade, sua condenação e sua salvação. Todo o enredo é envolvente, mas o trecho que mais me agradou foi a parte final do poema, que traz uma grande mensagem de esperança. Recomendo a leitura.

Edito esta resenha para incluir o seguinte questionamento: por que motivo tantos leitores simpatizam com Lúcifer nessa história? Não será isso bastante sintomático das escolhas que as pessoas andam fazendo para suas vidas? Preocupante.
Dan 31/01/2023minha estante
Gosto do Lúcifer do Milton, e muito! Rsrsrs Acredito porque seja a personagem mais complexa da obra. A densidade psicológica dessa personagem é incomum.


Pedróviz 01/03/2024minha estante
Em matéria de Lúcifer, o que eu mais gosto é do Lucifer Sam.




Vitor Dilly 23/11/2021

Explicação
Os humanos tiraram desse mundão
Sem minha autorização
Sem minha permissão
E nada fizeram em retribuição
Nada em contribuição
Por isso a sua expulsão.

Fim.
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Ogaiht 26/09/2021

A Queda do Homem
Poema épico publicado em 1667 por John Milton, Paraíso Perdido é uma das maiores obras da literatura inglesa. Nos moldes dos poemas épicos clássicos como A Odisseia, A Ilíada e A Eneida, o livro é dividido em cantos, 12 no total. Cada canto é antecedido por um preâmbulo que resume o que acontecerá ali. Ao longo desses 12 cantos, Milton narra a rebelião de Lúcifer nos céus e sua queda até o inferno, levando hordas de anjos caídos com ele. E lá, decide governar e profere uma das mais ilustres frases do livro: ?É melhor reinar no Inferno que servir no Céu?. E, ao descobrir sobre a criação do Homem, decidi ir ao Éden e descobre Adão e Eva. Esta, como já sabemos por causa da Bíblia, acaba sendo enganada por ele (em forma de serpente) e comendo o fruto da árvore da ciência, o que acarreta na expulsão deles do paraíso. Não é uma leitura fácil, recomendo ler um canto por dia, com a máxima atenção, sem interrupção e num lugar bem silencioso. A versão que li foi a da Martin Claret, que a exemplo do que fez com A Eneida, a editora usou uma tradução do século XIX! Por sorte, esta tradução não ficou tão difícil e rebuscada como a tradução de A Eneida. Como Milton usou versos brancos (sem rimas), talvez isso tenha facilitado um pouco a leitura. Mas ainda sim, é uma leitura que exige não apenas muito conhecimento da língua portuguesa, mas também de cultura em geral, pois há referências a diversas divindades, cidades da antiguidade e acontecimentos e personagens históricos. Em suma, qualquer um que se interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre literatura universal deveria ler esta obra e se aventurar em seus belos versos.
Rauny.Campos 28/09/2021minha estante
Achei super difícil de ler. Acabei demorando um pouco. Mas valeu demais


Ogaiht 28/09/2021minha estante
Sim, realmente a leitura não é fácil. Mas um vez que vc foca entra no livro, é bem recompensadora a leitura. Bora ler a sequência? ?




Jesner 23/02/2009

Um dos temas que mais aparecem nas narrativas religiosas e mitológicas da humanidade é o da perda do paraíso. Da Babilônia ao Império Asteca, várias tem sido as narrativas a respeito das histórias ligadas à vida do homem à Terra e à perda de seu contato direto com Deus Eterno. Na literatura ocidental, uma das mais belas narrativas a respeito deste fato é o livro Paraíso Perdido, escrito em 1677 por John Milton. Nesta épopéia temos o confronto entre Lúcifer e Deus, no qual um terço dos anjos do céu são expulsos e tramam no inferno sua vingança. Como não poderiam atacar diretamente o céu devido ao poder de Deus, do Filho de Deus (O Cristo) e das Hostes Celestiais (já que haviam sido expulsos ao perderem a batalha contra estes invencíveis adversários), os anjos caídos arquitetam um plano para desgraçar a criação insígne de Deus, feita à sua imagem e semelhança: o homem. Neste plano, Lúcifer viria à Terra incorporado em uma serpente e seduziria Eva para que juntamente com Adão comessem o fruto proibido, a Árvore da Ciência, e tentassem se igualar a Deus. Isto ocorre, e Adão e Eva são expulsos do Paraíso por terem dado ouvidos ao maligno.
Quando pensamos porém que a vingança funesta se consumou e nada mais pode ser feito, eis que Deus descobrindo a perfídia pune novamente os anjos caídos, transformando os em serpentes que ficariam presas por mil anos no inferno (sendo Lúcifer a maior e mais feroz destas) a passarem fome, sede e calor em tal região.
A epopéia Paraíso Perdido é belíssima por seu enredo, pelo tema escolhido e pela forma como John Milton a apresenta, utilizando-se da poesia para narrar os eventos. Igualmente belas são as descrições do Céu, do Inferno, do Paraíso e da Terra, nas quais o autor se utiliza de seu vasto conhecimento da mitologia greco-romana e das mitologias e religiões da antiguidade para caracterizar seus personagens e locais em que se passa a trama.
Todos os que gostam de boa literatura e desejam ler obras em que aparece a relação entre arte e religião devem ter em sua biblioteca Paraíso Perdido.

Jesner 23/02/2014minha estante
O que li tinha gravuras fantásticas de Gustave Doré. Emprestei e nunca mais vi...


Hellen.Perazzolo 07/03/2020minha estante
Ah onze anos... qto tempo




Talvanes.Faustino 12/06/2021

O maior da língua inglesa
100% lido, mais um dos grandes exemplos da coisas maravilhosas que a humanidade pode produzir.

Paraíso Perdido é o maior poema da língua inglesa. Narra a guerra de Lúcifer, contra o alecrim dourado, a queda da Estrela da manhã e a corrupção da humanidade.

Carregado de ironia, de referência a culturas européias, chamada comumente de clássicas, ler o Paraíso Perdido é como fazer um passeio, pelos bosques da ficção - pra lembrar de Beto Eco - Milton nos mostra seus caminhos com maestria.

Dizem uns, Milton é o maior, depois de Shakespeare, eu tenho minhas dúvidas.
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Matheus 12/02/2024

Paraíso Perdido - John Milton
Releitura mais do que necessária! Paraíso Perdido foi um dos primeiros poemas épicos que li na vida, e desde então sempre nutri um sentimento de carinho por essa obra. Para quem nunca leu um épico na vida, sentirá dificuldades na leitura devido à estrutura e à linguagem utilizada, mas é uma experiência muito válida. O mais impressionante é a habilidade de Milton, que, apesar de cego, ditou sua obra, juntando várias referências bíblicas, principalmente dos Gênesis, e criando uma da magnitude que é o Paraíso Perdido. Como declarou Carpeaux: ?Depois de Shakespeare, o Paraíso Perdido é o maior acontecimento da literatura inglesa.? Publicado pela primeira vez em 1667, o poema aborda temas como a queda do homem, o livre-arbítrio, a rebelião contra Deus e a busca pela redenção. Milton usa uma linguagem poética densa e majestosa para descrever a rebelião de Lúcifer no céu, a criação do homem, a tentação de Adão e Eva e sua expulsão do paraíso. A obra é notável por sua profundidade filosófica e teológica, explorando questões sobre o bem e o mal, a natureza da liberdade e a relação entre Deus e sua criação. O poema é estruturado em versos rimados em pentâmetro heroico, o que confere um ritmo solene e grandioso à narrativa. Milton também utiliza uma vasta gama de referências mitológicas, bíblicas e históricas para enriquecer sua narrativa e criar uma visão épica e universal da condição humana. Além de sua beleza estilística, Paraíso Perdido é uma obra profundamente influente que inspirou gerações de escritores, artistas e pensadores. Sua reflexão sobre o pecado, a redenção e a busca pelo divino ressoa até os dias de hoje, tornando-a uma das obras mais importantes da literatura ocidental.
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Raquel Oliveira 06/04/2021

Se for pra ler, escolha qualquer outra edição.
Livro: Paraíso Perdido
Autor: John Milton
Gênero: Poesia
Editora: Martin Claret -
Nota: 1/10
Resenha:
AVISO: se for alguém MUITO religioso ou que não saiba separar as coisas, peço que não leia este post.
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O clássico conta uma versão do começo do livro de Gênesis, especificamente no período entre a queda de Lúcifer e a expulsão de Adão e Eva do jardim do Éden. A história vai focar principalmente nos confrontos de Deus vs Lúcifer e com muitos, muitos mesmo, detalhes sobre os anjos caídos e a “formação” do inferno.
Logo no começo temos o primeiro conflito de Lúcifer que o leva até os portões do inferno junto com seus seguidores onde Caos existe do nada. Com raiva e confuso vemos Lúcifer com seu exército enfraquecido, mas as coisas só começam a verdadeiramente a andar quando ele junto Belzebu resolvem levantar os anjos novamente. Lúcifer começa a lamentar o quanto é inacreditável que perderam a guerra. Ele diz aos anjos para se levantarem ou serão desonrados para sempre – fala isso num discurso animador. Eles se organizam em esquadrões, cada um com um líder que sai para se juntar a Lúcifer. Chemos, Moloch, Baalim, Ashtaroth, Thammuz, Dagon, Rimmnon e Belial são alguns dos líderes nomeados que estão com Lúcifer à frente do novo exército.
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O livro segue por essa vibe bem puxada, mas vemos com MUITOS detalhes todo processo de Lucifer e seus generais para se vingar de Deus e sua criação.
Além disso a obra cria uma aspecto bem mais detalhado de forma que faz com que a Bíblia aparenta ser incompleta, já que vemos o outro lado da história (o lado de “mal”) que possui muito mais coisas. Vemos uma versão bem detalhada do inferno, do céu e do paraíso, e de como cada um funciona com suas organizações.
Fica bem claro a visão de um tirano, hipócrita, manipulador e ditador por cima de Deus.
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A obra é uma bela de uma porrada de quebrar o osso para qualquer cristão e para quem não é dessa religião com certeza vai sentir o quão tenso é o livro. Aos meus olhos se a pessoa não souber diferenciar uma coisa da outra vai achar o livro bem blasfemo e desrespeitoso, mas não como se o autor defendesse Lúcifer e o fizesse ser o Herói, pois ele também deixa bem claro que uma reação veio atrás de outra reação (a famosa Lei do Retorno).
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Para mim o maior e único defeito que prejudicou essa edição tão linda da Martin foi a tradução.
E não foi por conta do boato, mas sim pelo fato de ser PRATICAMENTE uma tradução de 1800 e bolinha. Me sentir com 15 anos sendo forçada a ler um clássico para não reprovar de ano. O livro em si é muito bom, a diagramação do texto é perfeita com letras grandes, várias notas de rodapé e auxílio para entender cada Canto do livro, porém a tradução em si dificultou muito e mesmo com pontos bons pra mim não foram o suficiente para equilibrar.
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Sou bem acostumada com clássicos difíceis, mas como esse nunca vi igual, mesmo com tantas coisas para ajudar o leitor a ter uma boa experiência, nada foi o suficiente.
Larissa.Peri 23/07/2022minha estante
Esse edição tem as ilustrações igual a edição da editora 34?




Adriel.Macedo 22/12/2020

O outro lado da história
Certamente uma das obras mais difíceis que já li. A obra é um grande poema, riquíssimo em em citações históricas e mitológicas, em muitos momentos me senti perdido kkk
No entanto, vale muitíssimo a pena.
Acredito ser a primeira obra que apresente o lado do "diabo" na sua batalha conta Deus, é curioso ver que muito do que entendemos hoje sobre esse momento da teologia vem desse livro
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Roberto 10/02/2023

Um encorajamento
Dando continuidade ao meu projeto desse ano de ler as obras que são os pilares da civilização, me deparei com O Paraiso Perdido, consisderado por muitos o mais acessível desses trabalhos ( em comparação com a Eneida e a Divina Comédia por exemplo), e realmente a escrita de Milton não é difícil, pois o autor é sempre ( desconsiderando a questão estética do movimento barroco)muito direto nas descrições dos acontecimentos e dos ambientes, sendo um texto bem conciso, com cada livro/capítulo tendo cerca de 35 páginas
Agora, o que pode tornar o livro difícil para muitos é a intertextualidade que o autor adota, sempre usando e abusando de referências da mitologia grega, obviamente da Bíblia Sagrada, e referências históricas, necessitando de um envolvimento do leitor 100% do tempo para ir atrás desses contextos e de uma leitura lenta
A história todo mundo já "conhece ", então essa resenha é mais um encorajamento para quem pensa em lê-lo mas está com receio, eu aconselho a esticar o pescoço e não adiar mais essa leitura, mesmo que não tenha lido os outros textos de referência, é algo que pode ser pesquisado facilmente na Internet, sendo o deesafio formador de um leitor.
caio.lobo. 10/02/2023minha estante
No Paraíso Perdido tem a cena mais horrível de terror que já vi, que é justamente a parte do surgimento de Pecado e do nascimento de Morte


Carlos Nunes 10/02/2023minha estante
Um dos meus livros da vida!!!!




Nanda Lima 05/01/2023

O Mal é muito charmoso
Não sei se aqui temos o primeiro vilão charmoso da Literatura, mas certamente é um dos mais. Um Satã Shakesperiano, trágico, estrategista, apaixonado e muito bem articulado. Muitos o interpretam como uma alusão ao próprio Milton e à luta política deste contra o Absolutismo à época. "Melhor ser Rei no Inferno do que servir no Paraíso". Só um gênio cego, exilado político, caído em desgraça para escrever algo tão apaixonante e cheio de fúria poética.
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Francisco240 18/10/2021

?É melhor reinar no inferno do que servir no céu.?
E assim se inicia um dos mais belos poemas épicos do século XVII, que tem um tom crítico não tão pesado, porém é um livro de fôlego.
Realmente essa foi uma das leituras mais cansativas e recompensadoras do ano, por se tratar de um poema épico escrito em 1667, me demandou um esforço danado e acabou por se tornar um dos meus livros favoritos!
Tendo como pano de fundo a mitologia criacionista cristã ou as primeiras partes do livro de Gêneses.
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Geraldo 04/04/2021

Leitor, seu melhor livro com a leitura mais difícil da sua vida!!!
Que grata surpresa, começo minha resenha/opinião falando do enredo absolutamente genial criado por John Milton.
Conhece estes personagens: Satã, Adão, Eva, Rafael, Miguel, Gabriel...ele coloca todos eles numa trama meio que batida, falo meio que "batida" pois todos sabem a historia de Adão e Eva e o fruto do conhecimento do bem e do mal.
Mas, e antes?
Como o autor construiu tudo ate chegar a perda do paraíso?
O livro foi escrito por volta de 1600, e vou confessar...QUE LEITURA DIFICIL, texto muito entrucado, mas o enredo é absurdamente bem feito, a cada capitulo/livro só melhora.
Fica a dica!!!

CAPA: 9,0
CENÁRIOS: 10,0
DIAGRAMAÇÃO: 10,0
DIÁLOGOS: 10,0
NARRATIVA: 10,0
PERSONAGENS: 10,0

NOTA FINAL: 9,5
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Marcos606 24/03/2023

Milton observou, mas adaptou várias convenções épicas clássicas que distinguem obras como A Ilíada e a Odisseia de Homero e A Eneida de Virgílio.

Entre essas convenções está o foco nos assuntos elevados de guerra, amor e heroísmo. No livro 6, Milton descreve a batalha entre os anjos bons e maus; a derrota destes últimos resulta em sua expulsão do céu. Na batalha, o Filho (Jesus Cristo) é invencível em seu ataque violento contra Satanás e seus companheiros. Mas a ênfase de Milton é menos no Filho como guerreiro e mais em seu amor pela humanidade; o Pai, em seu diálogo celestial com o Filho, prevê a pecaminosidade de Adão e Eva, e o Filho escolhe encarnar-se e sofrer humildemente para redimi-los. Embora seu papel como salvador da humanidade caída não seja representado no épico, Adão e Eva, antes de serem expulsos do Éden, aprendem sobre o futuro ministério redentor de Jesus, o gesto exemplar de amor abnegado. O amor altruísta do Filho contrasta fortemente com o amor egoísta dos heróis das epopeias clássicas, que se distinguem pela sua bravura no campo de batalha, geralmente incitada pelo orgulho e pela vanglória. Sua força e habilidades no campo de batalha e sua aquisição de espólios de guerra também resultam de ódio, raiva, vingança, ganância e cobiça. Se os épicos clássicos consideram seus protagonistas heroicos por suas paixões extremas, até vícios, o Filho no Paraíso Perdido exemplifica o heroísmo cristão tanto por sua mansidão e magnanimidade quanto por sua paciência e coragem.

Como muitos épicos clássicos, o poema invoca uma musa, que Milton identifica no início do poema, esta musa é a divindade judaico-cristã. Citando manifestações da Divindade no topo do Horeb e do Sinai, Milton busca inspiração comparável àquela visitada por Moisés, a quem é atribuída a composição do livro de Gênesis. Assim como Moisés foi inspirado a contar o que não testemunhou, também Milton busca inspiração para escrever sobre eventos bíblicos. Relembrando as epopeias clássicas, nas quais o refúgio das musas não são apenas os cumes das montanhas, mas também os cursos d'água, Milton cita o riacho de Siloa, onde no Novo Testamento um cego adquiriu a visão depois de ir lá lavar o barro e a saliva que Jesus colocou sobre seus olhos . Da mesma forma, Milton busca inspiração para capacitá-lo a visualizar e narrar eventos para os quais ele e todos os seres humanos são cegos, a menos que sejam escolhidos para iluminação pela Divindade. Com sua referência ao “monte Aoniano”, ou Monte Helicon na Grécia, Milton deliberadamente convida à comparação com os antecedentes clássicos. Ele afirma que seu trabalho substituirá esses predecessores e realizará o que ainda não foi alcançado: um épico bíblico em inglês.

Também invoca diretamente os épicos clássicos iniciando sua ação in medias res. O livro 1 relata as consequências da guerra no céu, que é descrita apenas mais tarde, no livro 6. No início do épico, as consequências da perda da guerra incluem a expulsão dos anjos caídos do céu e sua descida ao inferno, um lugar de tormento infernal. Com a punição dos anjos caídos descrita no início do épico, Milton em livros posteriores relata como e por que sua desobediência ocorreu. A desobediência e suas consequências, portanto, vêm à tona na instrução de Rafael para Adão e Eva, que (especialmente nos livros 6 e 8) são admoestados a permanecerem obedientes. Ao examinar a pecaminosidade de Satanás em pensamento e ação, Milton posiciona essa parte de sua narrativa próxima à tentação de Eva. Esse arranjo permite a Milton destacar como e por que Satanás, que habita uma serpente para seduzir Eva no Livro 9, induz nela o orgulho desordenado que provocou sua própria queda. Satanás desperta em Eva um estado mental comparável, que é representado por ela ter comido do fruto proibido, um ato de desobediência.

O épico de Milton começa no submundo infernal e retorna para lá depois que Satanás tentou Eva à desobediência. De acordo com as representações clássicas do submundo, Milton enfatiza sua escuridão, pois o fogo do inferno, que é cinza, inflige dor, mas não fornece luz. Os tormentos do inferno (“por todos os lados ao redor”) também sugerem uma localização como um vulcão ativo. Na tradição clássica, Typhon, que se revoltou contra Jove, foi lançado à terra por um raio, encarcerado sob o Monte Etna, na Sicília, e atormentado pelo fogo deste vulcão ativo. Acomodando este análogo clássico à sua percepção cristã, Milton traduz o inferno principalmente de acordo com os relatos bíblicos, principalmente o livro do Apocalipse. As representações do inferno no poema também ecoam a convenção épica de uma descida ao submundo.

O poema é, em última análise, não apenas sobre a queda de Adão e Eva, mas também sobre o confronto entre Satanás e o Filho. Muitos leitores admiraram a esplêndida imprudência de Satanás, se não o heroísmo, em confrontar a Divindade. O desafio, a raiva, a obstinação e a desenvoltura de Satanás definem um caráter que se esforça para nunca ceder. De muitas maneiras, Satã é heroico quando comparado a protótipos clássicos como Aquiles, Odisseu e Enéias e a protagonistas semelhantes em épicos medievais e renascentistas. Em suma, seus traços refletem os deles.

Mas Milton compôs um épico bíblico para desmascarar o heroísmo clássico e exaltar o heroísmo cristão, exemplificado pelo Filho.
amarogusta 24/03/2023minha estante
Adorei sua análise, Marcos!


Marcos606 24/03/2023minha estante
Obrigado




Lorem 13/12/2021

"Melhor ser livre no inferno, do que servir no Paraíso"
Um amigo meu recentemente me disse que falar sobre o Paraíso Perdido é assunto sério.
E realmente eu entendo, é um livro bem debruçado e estudado, tanto pela complexidade estrutural da obra, como pelo marco que ela foi. E John Milton estava cego quando o criou, não podemos esquecer.
Eu digo que John Milton abriu precedência para um fenômeno que até hoje acontece na indústria artística: criar um vilão tão complexo, que ganha nossa simpatia.
Não acredito que era a intenção do autor nos fazer ter simpatia pelo rebelde Lúcifer, mas cá estamos nós, não é mesmo?
Na tentativa de representar um vilão digno que ir contra Deus, ele criou um Lúcifer com sentimentos que a gente pausa a leitura e pensa: olha, eu nem ia dizer nada, mas ele tem um ponto...
Talvez seja meu lado agnóstico falando alto, mas vim para ler algo e encontrei uma coisa ainda melhor.
Mais do que a obra de arte indiscutível, ou vejo esse livro como o maior exemplo de quando os personagens tomam o controle da narrativa, ao ponto de você criar acidentalmente simpatia até mesmo por Satanás.
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Beatriz.Nascimento 03/01/2021

Uma obra extraordinária!
O autor consegue extrair a essência adâmica sem conhecer todos os seres. Nos coloca em posição de juiz-acusador e réu na mesma medida. Nas entrelinhas deste poema, encontram-se detalhes quase que imperceptíveis, da realidade, e naquele momento de queda em desobediência de Adão e Eva, revela-se a verdadeira faceta humana influenciada.

A mensagem deixada nos últimos capítulos, a promessa de redenção futura, serviu para acalentar-me de uma angústia...ainda que tenhamos nascido do pecado, fadados a uma vida de frustrações desejando a morte; se ainda escolhermos o caminho certo, o caminho instruído pelos santos, haverá uma satisfação nesta vida!

Em resumo, o poema trata da visão cristã da origem do homem, a rebelião e queda dos anjos, a criação de Adão e Eva seguida da tentação por Satã e por fim a expulsão do casal do Paraíso.
Com toda certeza, indico esta edição mais do que as outras, pois as imagens são encantadoras e fazem jus ao texto.

Não poderia dizer que é uma inspiração nímia, como a bíblia, mas diria que é algo bem próximo a isso.
Lima 03/01/2021minha estante
obrigado, estava esperando por isso!


leticiamelli_ 11/01/2021minha estante
Estou louca para ler esse livro, mas nao sabia qual edição escolher! Mas depois do seu comentário incrível, só aumentou essa vontade, e sanou minha duvida da edição. Obrigada!


Pedróviz 04/01/2022minha estante
Concordo com você, embora não deixe de acreditar que o Espírito Santo deva, sim, ter influenciado o autor nessa obra maravilhosa!




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