Quem se lembra de David Foenkinos?

Quem se lembra de David Foenkinos? David Foenkinos




Resenhas - Quem se lembra de David Foenkinos?


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Dávila 15/03/2020

Diário de um loser
Bloqueios criativos, metalinguagem, amor, mesquinharias da(s) (nossas) vidas privadas.
E com um final até feliz, veja só!
Vale a pena conhecer a prosa refinada de Foenkinos.
@claudio.sant.ana 18/03/2020minha estante
Sou fã dele! Também gosto muito de EM CASO DE FELICIDADE e de O POTENCIAL ERÓTICO DA MINHA MULHER, ambos dele. Um cara que pouca gente conhece aqui no Brasil mas escreve muito.


Dávila 06/04/2020minha estante
Verdade, depois quero ler esse outros títulos que você citou também.




Aline T.K.M. | @aline_tkm 01/01/2015

Como foram capazes de algum dia esquecer um autor como David Foenkinos?
O escritor em crise. Em torno desta imagem gira a trama “autoficcional” de Quem se lembra de David Foenkinos?, sexto livro do autor francês David Foenkinos. Após o sucesso de sua obra de estreia, seguiram-se romances que não emplacaram, e o escritor foi caindo no esquecimento do público. Mas, por que fracassara? Será que a inspiração para um novo romance incrível não voltará a surgir?

David Foenkinos persiste. Ele acredita que a grande ideia está para surgir. E ela de fato surge, durante o trajeto Genebra-Paris de trem, só que lhe foge da cabeça de maneira igualmente repentina.

Enquanto a tal ideia genial não volta a aparecer – e ele tem certeza de que voltará –, David mergulha num poço cada vez mais fundo. O casamento em vias de desmoronar, a constatação de que a filha já é uma pessoa adulta, a aproximação da velhice, a insegurança e falta de autoconfiança. Mas ele está disposto a tudo para recuperar a ideia perdida e fazer com que todos voltem a se lembrar dele.

Que a figura do escritor é coberta de romantismo e idealizações, todos nós sabemos. E que o escritor em crise criativa, por sua vez, não é tema dos mais inovadores, disso também sabemos. Foenkinos, no entanto, consegue se deslocar do lugar-comum ao colocar a si mesmo no centro de sua ficção. Usando de ironia, ele expõe sua própria situação – o escritor esquecido, cujos últimos romances não obtiveram êxito – e entra na pele do protagonista da trama; ou vice-versa. Um artifício por si só bastante curioso, eu diria.

Se para o leitor tal proposta tem algo de louca, é melhor que vá se acostumando: a David Foenkinos (o personagem) não lhe faltam ideias assim meio fora da curva, bem como atitudes às vezes impensadas, para o deleite de quem lê. Apesar disso, a sucessão de revezes faz com que o narrador-protagonista dirija um olhar mais apurado à própria vida e aos que fazem parte dela, desembocando num caminho para o autoconhecimento e para a correção de alguns erros que vinha cometendo mesmo sem perceber.

Afinal, foi preciso que o David Foenkinos-personagem chegasse ao fracasso para notar o comodismo e a cegueira cotidiana em sua vida. Para ser impelido a tomar algumas atitudes, que no fim só podem fazer bem a todos. Já o David Foenkinos-autor, com a prosa ágil e saborosa de sempre, soube fazer de um período crítico de sua carreira de escritor algo realmente digno de atenção, tirando o melhor proveito do caos.

Finda a leitura, não pude deixar de me questionar: como é que foram capazes de algum dia esquecer um autor como David Foenkinos?

LEIA PORQUE...
A vida imita a arte e a arte imita a vida. E porque é David Foenkinos e sua escrita é uma delícia de ler – para quem não lembra, ele é o autor de A Delicadeza, que foi adaptado para o cinema e tem Audrey Tautou como protagonista.

DA EXPERIÊNCIA...
Já era fã do autor; agora, mais ainda!

FEZ PENSAR EM...
Viagens de trem, o destino e as peças que ele nos prega.


site: http://livrolab.blogspot.com
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Eduardo A. A. Almeida 08/08/2011

MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO
Um escritor, tomado por angústia e desilusão, fala sobre a sua dificuldade de escrever um bom romance. Paradoxalmente, ele termina o relato com um romance escrito, que é bom o bastante para desmentir a si mesmo. Parece meio esquisito. Parece também meio clichê – quantos livros você já viu sobre escritores que escrevem sobre outros escritores tentando escrever? Um monte. Pois bem. "Quem se lembra de David Foenkinos?", do francês David Foenkinos, é as duas coisas ao mesmo tempo, meio esquisito e meio clichê. Mas é também bastante bom, coisa que só fui perceber quando terminei de lê-lo.

Comprei o livro por acaso, num saldão. Estava tão barato que acabei levando-o por curiosidade, esperando apenas folhear e, quem sabe, encontrar ali alguma coisa interessante. Li as primeiras trinta páginas num pulo. E as outras cento e trinta em outro.

A história é meio deprimente, já vou avisando. O personagem David Foenkinos escrevera um romance de sucesso, seguido por outros cinco que passaram despercebidos tanto pelo público quanto pela crítica. Agora, ele está atrás de uma grande ideia perdida num trem, concebida e esquecida numa viagem entre Genebra e Paris. Por conta dessa obsessão – e da apatia gerada pelos fracassos –, sua vida pessoal desmorona, em especial o relacionamento com esposa e filha. Afinal, é sobre isso que ele escreve.

O livro tem boas passagens. Embora pouca coisa aconteça, a leitura flui rápido. Vamos nos embrenhando na vida de David e experimentando o gosto repugnante da derrota que ele outorga a si próprio.

O mais bacana talvez seja justamente não saber quanto dali foi inventado e quanto foi apropriado da vida real do Foenkinos autor. Fica claro que toda biografia não passa também de mera ficção, e que qualquer história pode ser recontada conforme convier às partes interessadas. Como lemos logo nas primeiras páginas, só as nossas certezas conhecem intimamente as nossas incertezas.

David Foenkinos estava mesmo esquecido? Seus romances anteriores foram tão ignorados quanto o personagem afirma? Sua estreia fez aquele sucesso todo? Sabemos que aqueles livros existem porque está escrito nas orelhas do atual e, suponho, essas orelhas não fazem parte da criação original. Mas posso estar enganado. Sim, claro. Esse é o mérito do autor. Ele nos engana sem que percebamos, justamente porque nos faz acreditar em sua história reinventada.

Na fronteira entre ficção e realidade, David nos leva a refletir sobre o amor, a ansiedade e as relações humanas; sobre tudo que está ao nosso alcance e sobre aquilo que independe da nossa vontade. Ele procura um bode expiatório para sua mediocridade e, como resultado, acaba produzindo um livro nem um pouco medíocre. Um livro sobre o próprio livro, que conseguiu prender minha atenção enquanto rolavam as páginas.

Já próximo do desfecho, o personagem Foenkinos se pergunta: "Pode-se amar mais uma mulher do que confundindo-a com uma ficção?" Imagino que não. O mundo, em geral, existe apenas como uma ideia de mundo. As coisas não existem por si mesmas, mas da maneira como nós as concebemos. Quer dizer, uma casa, para mim, é diferente daquilo que você entende por casa. Uma maçã possui diferentes significados para quem planta e para quem come. Um livro idem. É o que o autor Foenkinos sugere nas entrelinhas: é impossível amar a vida sem escrever, a partir dela, a nossa própria ficção.
Leon' 20/12/2011minha estante
muito bom seu comentario! (o livro então é maravilhoso!)


Eduardo A. A. Almeida 20/12/2011minha estante
Olbrigado, Leon'. A propósito, que bela estante você tem!




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