Chrys 15/01/2015Antes de mais nada é preciso dizer que para compreender e aproveitar por completo "Por toda a Eternidade" é preciso ler antes "Amigas para sempre" da mesma autora, pois trata-se de sequência, embora a autora dê uma boa retomada dos acontecimentos prévios ao livro, os relacionamentos todos começam em "Amigas para Sempre" e para entender a profundidade deles é essencial a leitura na sequência.
Depois de perder Kate para o câncer Tully, Johnny e Marah tentam encontrar uma maneira de seguir em frente, mas Kate era toda a família que Tully conhecia e o pilar dos Ryanns, família que ela formara com Johnny. A ausência dela parecia ainda mais evidente quando eles estavam juntos e a simples convivência entre eles se tornou dolorosa demais, então o impensável acontece e contrariando todas as recomendações de Kate eles se separam.
Sem a esposa Johnny perde o chão, imerso em sua dor não consegue entender e ajudar a amenizar a dor da filha Marah, e na tentativa falha de reestruturar sua família também afasta Tully de suas vidas. Marah é uma adolescente rebelde, como todos os adolescente são, mas a morte da mãe, a culpa de ter sido uma filha muito difícil para Kate e a omissão do pai a fazem cair em um quadro depressivo/destrutivo que culmina em sua fuga.
Após a morte de sua melhor amiga, Tully tenta retomar sua carreira na TV, mas a sua saída abrupta para cuidar de Kate a queimou para a mídia de forma irreparável. Sozinha, sem o trabalho que sempre foi a razão de sua existência e culpada pela fuga de Marah, Tully se afunda na depressão, nos remédios e no álcool e acaba sofrendo um grave acidente de carro. Durante o coma decorrente do acidente, Tully conversa com Kate, repassa passagens da vida das duas e principalmente divide com a amiga os momentos ruins que se passaram após a morte de Kate.
Com o acidente de Tully sua mãe Dorothy (Cloud/Nuvem), que foi viciada e ausente por toda a vida de Tully, enxerga uma segunda oportunidade de ser mãe e dedica todas suas forças para cuidar de sua filha, sempre com o apoio da mãe de Kate e dos Ryanns.
O livro é muito bem escrito, a narrativa intercala o ponto de vista dos personagens principais de forma que o leitor tem um panorama bem completo dos dramas de cada um sem perder a linearidade da história, e é sem dúvidas extremamente emocionante.
É claro que é muito triste já que o assunto principal é a perda de um ente querido, como a dor é sentida e vivida de formas diferentes por cada pessoa e como as coisas podem ser piores quando não cuidamos dos que estão próximos, mas também é uma história sobre resignação, cura e recomeço.
Resignação para um pai, que a duras penas compreende que deve superar a sua própria dor para ajudar os filhos. Cura para uma filha que perdeu a mãe muito cedo e aprende a reencontrá-la nas suas lembranças e a compartilhar com o pai suas aflições. Recomeço para uma mulher que perdeu tudo, mas tem a oportunidade de se reconciliar com seu passado e aceitar o seu futuro. E para todos perceberem que Kate continua em tudo e todos, eles só precisam aceitar a sua partida.
Mas principalmente uma segunda chance para Dorothy, que no primeiro livro somente foi apresentada como a mãe viciada que abandonou a filha para viver uma vida errante, que sempre conseguia magoar a filha ainda mais, neste segundo livro ela teve a oportunidade de contar suas razões para ter seguido tal caminho, e acreditem é de partir o coração. Mesmo sem esperança de ser perdoada Dorothy agarra a oportunidade de ajudar a filha, de ser sua mãe de verdade mesmo após 50 anos, o que reforça a máxima: nunca é tarde para recomeçar!
Uma grata surpresa foi a presença de Kate no livro, sim ela conversa com Tully durante o coma e comenta não só o passado mas os acontecimentos presentes que ela assiste de seu plano espiritual. Independe da crença em vida após a morte ou não, a contribuição dela no livro foi muito significativa, pois sempre nos pegamos pensando o que será que a pessoa que faleceu diria sobre o que está acontecendo, e ela pode dizer muitas coisas à Tully. Não se preocupem não é um livro espiritual, são apenas algumas intervenções que contribuíram para deixar o livro ainda mais tocante.
É um livro lindo, muito humano e emocionante, não tenho palavras para definir esse misto de compaixão e esperança que senti ao ler. Simplesmente amei Amigas para sempre e Por toda a eternidade me surpreendeu, pois nunca pensaria em tal desfecho para esta história.
Leiam, essa série tem muito a acrescentar às pessoas como seres humanos.