Cathy 30/12/2021Narrativa arrastada e que não se desenvolveO primeiro livro da autora com que me deparei (Mil dias em Veneza) me arrebatou completamente. Desde há muito amante da culinária, cultura e arquitetura italiana, por impulso já foi adquirindo os outros livros dela, com a mesma temática. Porém, esse me decepcionou belamente.
Se estiver esperando um livro que retrate belas paisagens da Sicília, ou sua culinária saborosa, ou até mesmo como as pessoas se tratam mutualmente, também se decepcionará. Quando o leitor pensa que irá trilhar um desses caminhos, o roteiro tangencia e segue grotescamente para outro rumo.
A narrativa é por demais arrastada na maioria dos capítulos, salvo alguns deles que transmitem a ideia vigorosa que realmente foram escritos por outra pessoa, tamanha a diferença e a vivacidade das palavras.
Para não dizer que tudo é perdido, é possível extrair das páginas uma pitada do que seria a cultura siciliana e os tratos entre os que vivem em seus atuais feudos agrícolas. Tantos aspectos poderiam ser abordados, mas se perderam nas entrelinhas e nas maçantes descrições promovidas pela autora.
Como já está em minha posse, darei outra chance à autora ao ler Mil dias em Toscana, o qual já acena para mim na prateleira dos livros ‘por ler’.
CITAÇÕES DE RELEVO:
Um amor não vivido pode ser o melhor tipo de amor. Basta a gente colocar um rosto no amor para ser feliz com ele. O que provoca a loucura é não saber quem é o seu amor, ou onde encontrar a mulher amada.
A gente só precisa assistir ao noticiário uma vez na vida para conhecer a história crônica do homem.
Como cada um de nós ajusta o sonho para acomodar a realidade. Isso é o que nos separa. Um culpa e se lamenta, enquanto outro põe mãos à obra. No fim de toda história humana, acho que a única coisa que separa as personagens é a capacidade de reconciliar o sonho com a realidade.
Dar aquilo que não se quer não é doar.
Não deixe os deuses saberem como as coisas estão bem, para que não fiquem tentados a nos pregar alguma peça, só para fazer as coisas ficarem mais interessantes.
Alguns indivíduos nascem vazios... não há gestos de boa vontade, paciência e delicadeza amorosa que consigam preenche-los.
Onde o Estado não atua, alguém o faz, para o melhor ou para o pior, assumindo o papel do Estado.
Em qualquer lugar onde eu estivesse, procurava por ele. Não era uma busca consciente, era a caçada instintiva de quem ama procurando pela pessoa amada. No mercado, no bar, nas ruas, ao longo do cais, eu sou a caçadora constante, no encalço do príncipe morto.