Os cientistas de Hitler

Os cientistas de Hitler John Cornwell




Resenhas - Os Cientistas de Hitler


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Tiago 25/03/2017

A CIÊNCIA DO EXTERMINIO
Aparentemente estável e glorioso, o mundo burguês da segunda metade do século XIX já dava sinais de que o século seguinte seria dominado pela violência, pelo preconceito e, sobretudo, pelo medo. De certa forma o próprio progresso cientifico contribuiu para a intolerância e a destruição sem precedentes que se seguiria: Poícare, ao definir que o tempo e o espaço não eram constantes desafiou a mecânica clássica de Newton, rompendo a suposta estabilidade do mundo físico; Pasteur apavorou a sociedade com a descoberta de que as doenças - muitas delas letais - eram causadas por agentes invisíveis a olho nu; Darwin havia exposto sua teoria da sobrevivência do mais adaptável, criando parâmetros biológicos sobre o qual se assentaram os defensores de uma aparente “superioridade” intelectual de determinados seguimentos sociais; e o que dizer da teoria da degeneração genética do medico francês Benedicte Morel, um especialista em epilepsia latente, cujos resultados seriam visíveis somente no século XX, sob a forma de campos de extermínio.
Espantosa sob todos os pontos de vista, a perspectiva nazista é o reflexo de toda a confluência dos aspectos científicos que emergiram no século XIX em meio a uma sociedade naturalmente militarista e orgulhosa de seus feitos. A falta de ética com a qual a ciência alemã foi conduzida após a chegada de Hitler ao poder fez com que o nazismo ditasse a mais significativa ameaça de retrocesso mental, cientifico e ideológico de sua época. John Cornwell nos apresenta na obra “Os cientistas de Hitler – Ciência, guerra e o pacto com o demônio” um retrato da ciência alemã no período pré e pós Hitler, desde os avanços na manipulação de compostos orgânicos, passando pelos dilemas da física quântica e a descoberta da divisão do átomo até o inicio da era atômica.
A política de higiene racial na Alemanha é brilhantemente abordada por Cornwell que faz um paralelo com o surgimento da Eugenia em 1869, passando pelas políticas americanas e britânicas, que com seus entusiastas do método de “seleção genética”, alimentaram a noção abstrata de valor baseada em atributos físicos - essência fundamental do nazismo. As pesquisas medicas nos campos de concentração e o avanço da medicina sob o governo de Hitler são pontos polêmicos da obra: testes relacionados a queda brusca de pressão e temperatura, infecção por doenças, cremação, contaminação por armas químicas, esterilização por raios-x, injeções de hormônios e transplantes de órgãos eram realizados sem qualquer mínimo traço de moralidade ou empatia. Cornwell nos mostra que tanto sofrimento também foi capaz de produzir avanços notáveis: a descoberta dos agentes cancerígenos, a estreita relação entre raios-x e leucemia, a importância da dieta alimentar na prevenção contra diversas formas de câncer e a gigantesca campanha de prevenção – a maior que o mundo já viu – onde foram estimulados os exames de rotina, o abandono do fumo, e redução do consumo de alimentos industrializados e o inicio de uma intensa campanha de saúde publica baseada em coleta de dados estatísticos, vigilância, higiene e prevenção. Durante a leitura chega a ser desconcertante pensar que o mundo viu surgir um lado positivo, ou o melhor da natureza humana, dentro de um contexto onde o seu lado negro era evidenciado pela mais terrível e destrutiva das guerras e pela manifestação mais deplorável de preconceito em relação ao próximo.
As armas que devastaram as cidades e campos de batalha da segunda guerra mundial e as mentes que as idealizaram também são foco de atenção especial do autor, desde os projetistas de foguetes V1 e V2, aos decifradores de códigos até as armas convencionais da guerra como tanques, aviões e submarinos. Trata-se de uma excepcional crônica da ciência alemã do século XX que graças ao seu avanço tecnológico inegável, foi capaz de produzir armas que desencadearam um nível de devastação sem precedentes na história humana. Ao final da obra Cornwell expõe os desdobramentos do avanço cientifico para o período da guerra fria e levanta um debate moral sobre até que ponto indivíduos instruídos são capazes de passar por cima da ética em nome de algo que chamam de ciência. Sua assertiva final não deixa duvidas quanto a sua postura: “Seres humanos primeiro, cientistas depois.”.

AUTOR: TIAGO RODRIGUES CARVALHO

site: http://cafe-musain.blogspot.com.br/2016/02/a-ciencia-do-exterminio.html
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Paulo Henrique 31/12/2013

Ciência a serviço do mal
Interessante para demonstrar também como os alemães estavam avançados em termos de pesquisa, principalmente em química. Mostra também que alguns cientistas faziam de tudo e com quer que seja desde que alguém financiasse suas pesquisas.
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Oscar 15/11/2014

Hitler perdeu a guerra porque não acreditou no seus cientistas.
Cornwell relata os inúmeros e brilhantes cientistas que Hitler teve no seu domínio e mesmo assim perdeu a guerra. Hissenberg responsável para desenvolver a Bomba atômica alemã mas Hitler não autorizou, Max Planck pedindo a não expulsão dos cientistas judeus da Alemanha sendo reprendido brutalmente por Hitler, o filho de Planck fez parte de um complô para matar Hitler, sendo descoberto e fuzilado por Hitler, a dor de Planck foi terrível.
Em destaque esta a rudeza e frieza de alguns cientistas de Hitler, um deles foi o matemático David Hilbert, quem propôs um problema difícil a seus alunos, um deles sem saber como resolver este problema se matou, a familia convidou o professor Hilbert ao enterro do aluno e pediu umas palavras em homenagem do falecido, Hilbert exclamou porque o aluno se matou se o problema era tão simples, explicando a seguir o caminho da solução do problema no enterro. Outro cientista de Hitler foi Fritz Habber quem desenvolveu armas químicas na primeira guerra mundial mas foi expulso por Hitler quando soube que Habber era descendente de judeus, Habber sofreu a expulsão porque amava a sua Alemanha, caso contrario de Albert Eintein quem nunca acreditou na Alemanha, tornando-se cidadão suíço.
Excelente livro para quem gosta de história da guerra.
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