Paulinha 22/01/2024
Reflexivo e surpreendente
Ficção científica recheada de reflexões psicológicas, espirituais e filosóficas: o que é, de fato, ser humano? Essa pergunta (ao meu ver) permeia toda a narrativa e vai se conectar com outros questionamentos, sobre o que nos move, qual o papel da tecnologia, o que é estar vivo, o que é certo ou errado, qual o limite entre a fé e a realidade.
Gosto de como Philip K. Dick inicia sua obra, lançando mão de uma escrita fria, rebuscada e sintética, o que ajuda a criar uma atmosfera estranha: de uma terra envolta em uma poeira tóxica, onde há humanos afetados por ela (dito especiais), que são tratados com desdém, animais tecnológicos, colônias em marte e, claro, andróides. Inclusive, essa maneira artificial de conduzir a história, a princípio, logo nas primeiras 20 páginas, não me cativou, mas, depois entendi que era o objetivo do autor e engatei na leitura. Então, vamos conhecendo e entendendo essa Terra futurística e precária através de Rick Deckard, um caçador de androides que recebe a difícil missão de eliminar 6 robôs, tão inteligentes que podem se passar por humanos aos olhos dos menos experientes. Nesse percurso, somos surpreendidos ao perceber que tudo é mais complicado do que parece. O final é eletrizante e as descrições que Dick dá das coisas, locais e situações nos transportam para a história.
É interessante também como o autor se antecipou e fez algumas previsões sobre o surgimento de tecnologias atuais, como as chamadas por vídeo, por exemplo ( que ainda não tinham se desenvolvido na época em que ele escreveu a história, em 1968). Não vou entrar no mérito entre o filme, adaptado por Ridley Scott e o livro, pois, acredito que um complementa o outro e que, por isso, são diferentes entre si.
Vale muito a leitura!