Clube do Farol 08/08/2022
Resenha por Elis Finco @efinco
Olá, pessoa. Quando vi a sinopse desse livro senti saudades dos dias em que morei em São Paulo. Além de ter ficado intrigada com a capa. E a vontade de ler só ficou maior. E, agora que li, posso dizer: “que bom que li!”. E nas próximas linhas espero explicar o porquê.
Essa história tem uma narrativa em primeira pessoa, porém alternando entre três personagens: Lucy, Ed e o Poeta, sendo que esse fala através de suas poesias. Então nem sempre a narrativa será feita por palavras, às vezes fica por conta da descrição das artes, em uma linguagem simples e clara, sem ser caricata em momento nenhum.
A autora nos coloca nesse romance urbano de uma forma envolvente e moderna, apesar de que os dramas são os mesmos desde que o mundo é mundo, quando ainda não se é adulto, muito menos criança. E, enquanto acompanhamos os personagens nessa zona cinza, vamos junto com Lucy tentar desvendar o mistério de “quem é o Sombra?”. Mas vamos por partes.
O livro começa nos apresentando Lucy Dervish. Filha de uma romancista/dentista e uma pai ator/mágico que, por tanto amarem as artes, apoiam sua filha a seguir seu grande amor, na arte dos vidros feitos por sopro. Somos apresentados ao básico dessa arte de uma maneira bastante gostosa e que nos leva a entender o fascínio de Lucy pelo grafiteiro Sombra.
Claro que o segredo é restrito a Lucy e quem está lendo logo vai ficar sabendo quem é o artista, que nos explica, além de sua arte, a diferença entre grafite e vandalismo. O que separa a arte da pichação e como, ainda sim, existem zonas em que ambas se encontram e se repelem.
Edward Phil Skye está sem emprego e precisa encontrar um novo caminho para si, porque o abrigo que tinha encontrado, após abandonar a escola, na amizade de Bert, amigo que lhe deu emprego e o carinho que nunca recebeu do pai ausente, se perdeu com a morte de Bert e a venda da loja, tornando as coisas ainda mais difíceis para ele, que tem nas pinturas a única forma de expressar seus sentimentos. Mas, enquanto ele tiver sua mãe e seu amigo Leo, ele sabe que de alguma forma as coisas ainda ficarão bem.
Eu curti os diálogos recheados de referências e um rodapé incrível para quem, como eu, não reconheceu todas. As conversas giram em torno dos eventos que ocorreram durante os anos do ensino médio. Mas, nesse dia, tudo o que importa é que o ano letivo acabou, aliás, o último ano do ensino médio. Lucy planejou a maneira perfeita de comemorar: nessa noite, finalmente, ela encontrará o Sombra, o genial e misterioso grafiteiro, cujo fantástico trabalho se encontra espalhado por toda a cidade. Ele está de spray na mão, escondido em algum lugar, espalhando cor, desenhando pássaros e o azul do céu na noite. E Lucy sabe que um artista como o Sombra é alguém por quem ela pode se apaixonar — se apaixonar de verdade.
Quando Ed conta para Lucy que sabe onde achar o Sombra, os dois, de repente, se juntam em uma busca frenética aos lugares onde sua arte, repleta de tristeza e fuga, reverbera nos muros da cidade. Mas Lucy não consegue ver o que está bem diante dos seus olhos.
Os diálogos muitas vezes ficam alternados nas narrativas e, ao contrário do que pode parecer, ficam mais fluidos e nem um pouco cansativos. Os personagens vão conquistando e cativando, à medida que vamos os conhecendo, porque a autora mostra a personalidade de cada um e vai, aos poucos, criando uma intimidade leve, mas forte o bastante para nos envolver em seus dramas e criar aquela torcida para que tudo dê certo e ainda tenha romance.
Eu terminei a leitura extremamente animada, porque o livro me entregou tudo que prometeu ser: uma aventura emocionante e perigosa, como um grafite clandestino. Uma noite de arte e poesia, humor e autodescoberta, expectativa e risco e, quem sabe, amor verdadeiro onde amigos, novos e antigos amores descobrem que uma noite tanto esconde, quanto revela os segredos e paixões, desde que se tenha o coração aberto para viver intensamente. Boa leitura e divirta-se!
Preciso dizer que a capa fica duas vezes mais bonita após a leitura. Os detalhes do título em relevo e as cores da capa ganham um novo significado, em uma encadernação e impressão ótimas, papel e fontes perfeitos para a leitura. Diagramação excelente e uma tradução que me agradou muito. Uma excelente revisão e todo o capricho da editora nas orelhas e detalhes.
site: http://www.clubedofarol.com/2020/10/resenha-graffiti-moon.html