Caroline Gurgel 26/02/2016Nostálgico...Que delícia de livro! Daqueles que faz a gente perder a hora e se encontrar pelas páginas, se identificar com cada pensamento, recordar momentos e reviver as longas viagens de carro da infância. Completamente despretensioso, Um, dois e já se mostrou uma leitura maravilhosa.
Narrado em primeira pessoa, no presente, por uma garotinha, a terceira de quatro irmãos, em uma viagem de família, rumo à praia para as costumeiras férias de verão. No banco traseiro, a personagem conta os postes, inventa brincadeiras, relembra momentos, adormece, sonha, se perde em pensamentos mil, implica com os irmãos, recebe bronca da mãe, se preocupa com o pai na direção, tudo isso enquanto conta os quilômetros para chegar sua vez de sentar-se à janela.
É impossível não se identificar, com tudo, com todos, com as situações e os pensamentos. Vi-me naquele carro, em uma estrada qualquer, entre tapas e beijos com a minha irmã, contando os minutos para o destino final. São momentos tão simples, tão sem “glamour”, tão aparentemente esquecíveis, mas que ficam marcados como boas lembranças. Ah, a infância…
Um, dois e já tem uma escrita linda, com personagens anônimos, porém incrivelmente próximos, com uma história que se passa em uma época indefinida – ou a ser definida de acordo com a infância de cada leitor – e um texto que dá pena de terminar.
Simples, curtinho, delicado e encantador.
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