loucoporleitura 02/02/2014
OPERAÇÃO SATIAGRAHA.
Imagine um país, onde muitos roubam, e quase sempre fica por isso mesmo, muitas vezes por falta de vontade política, de interesse ou até mesmo por falta de alguém com coragem e disposto a correr todos os riscos envolvidos em tentar mudar esse quadro. Continue imaginando, eis que surge alguém disposto a tudo para mudar essa situação, com coragem para prender um grande bandido, algo nunca feito nessas proporções nesse país e ele consegue essa proeza, prende o bandido (duas vezes por sinal), mas de uma hora pra outra essa pessoa deixa de investigar e passa a ser investigado e o bandido com a ajuda desse sistema viciado consegue inverter o jogo. Piada? Não.
Então pare de imaginar e leia esse livro OPERAÇÃO SATIAGRAHA, que fala do mesmo assunto do livro OPERAÇÃO BANQUEIRO, só que o Satiagraha foi escrito pelo delegado responsável pela operação, e se em Operação Banqueiro temos uma leitura um pouco mais complexa, chegando a investigar a árvore genealógica de um dos principais envolvidos (entrando na história o Antônio Conselheiro e uma divergência com o trisavô de um dos investigados) em Operação Satiagraha temos uma leitura mais fácil e acessível ao povo brasileiro , embora ache que os dois livros se complementem.
O delegado Protógenes Queiroz recebe a incumbência de desencadear uma operação que mexeria com muitos interesses, investigação a pedido da própria presidência , pois um famoso banqueiro ameaçava chantagear o poder.O único pedido do delegado foi que o diretor geral da Polícia Federal se mantivesse no cargo até o fim da investigação (o que não ocorreu).
O livro conta alguns detalhes interessantes de como o delegado escolhe sua equipe, como faz campana e algumas outras coisas bem interessantes, o medo que pode tomar conta de um policial, beirando a loucura.
Tirando o nome do delegado, todos os outros nomes estão trocados, inclusive de meios de comunicação, e não vou ser eu a contar quem é quem, mas nada que uma pesquisa sobre o assunto na internet não seja capaz de elucidar.
O livro é dividido em 3 partes:
*INVESTIGAÇÃO: A maior parte do livro, onde é detalhada toda a preparação, os grampos, as conversas ouvida pela equipe e toda a dificuldade que Protógenes teve ao levar adiante as investigações. As propostas de transferência que o delegado recebeu e sua postura ao recusar as mesmas.
*CAPTURA: Como se deu a parte final da operação a prisão dos envolvidos, a ameaça dos superiores se o delegado deixasse a base, os 2 habeas corpus obtidos pelo banqueiro em plena madrugada , apenas algumas horas após ter sido preso
*PERSEGUIÇÃO: A parte mais revoltante do livro, onde o delegado nos conta em detalhes o que aconteceu com ele e sua família, seu filho já maior de idade que precisava dormir com o pai devido ao trauma sofrido. Conta uma vez que a própria PF foi a casa do seu filho e ele ameaçou se jogar de sua janela com medo, o atentado ao carro do filho, a recusa de ser feita a perícia no mesmo , ou a vida do irmão de Protógenes , que mesmo sem estar envolvido na investigação perdeu o emprego e segue até hoje nessa situação até hoje, somente por ter o mesmo sobrenome do delegado.
As vezes Protógenes parece ser meio louco (ele foi com algemas ao escritório do seu chefe para lhe dar voz de prisão, pois o mesmo atrapalhava as investigações) , mas ele sempre parece ser sincero, inclusive em entrevista recente na Record News, onde desmentiu informações contidas no livro ASSASSINATO DE REPUTAÇÕES.
Um livro que pode iluminar algumas questões desse mundo que não temos acesso, onde ocorrem coisas que nem imaginamos, de leitura rápida e agradável (li em 2 horas seguidas) mesmo que você não acredite, ele pode ser lido como uma grande obra de ficção que não fica nada a dever aos livros policiais americanos.
Mas que pode te chocar um pouco ao saber que o que ocorre na história é realidade , e ocorreu naquele país imaginado no começo do texto, e concluir que esse mesmo país também é conhecido como BRASIL.
E terminar com a expressão de Protógenes:
"Pertenço a um sistema que está ativo, assim como eu. É aquilo: uma vez integrante da área de inteligência, você nunca sai. Não lhe é permitido sair. Você pode ficar adormecido,mas excluído nunca. Assim como o Morcegão não dorme, eu também não durmo"
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