André Lucena 24/05/2022
Não existe uma fórmula para o sucesso, quem vende isso mente
Este livro, como eu deixei exposto no meu primeiro histórico de leitura, estava gerando uma grande expectativa em mim, que podia ou não ser suprida. Enfim, chegou o momento de dar o meu aval sobre a obra em geral.
O começo (primeiro capítulo) foi excelente, porém logo em seguida o livro se tornou algo muito diferente do que eu esperava (pelo que a própria sinopse livro prometia). Eu esperava muitas relações sobre a teoria do caos e diversos relatos sobre a aleatoriedade e suas causas, porém, tudo que vi durante mais da metade do livro foram cálculos, diversos números e estatísticas (não sou da área de exatas, então achei tudo um saco). Tive vontade até de abandonar, mas segui em frente... E que bom.
Os três últimos capítulo foram bem filosóficos, fizeram o livro valer a pena, pois eram exatamente o que eu esperava ler (principalmente o último capítulo). Neste último capítulo, o autor Leonard Mlodinow serviu como um coach reverso, trazendo reflexões maravilhosas de como as pessoas julgam o sucesso (ou não sucesso) de outras:
"Deixamos de perceber os efeitos da aleatoriedade na vida porque, quando avaliamos o mundo, tendemos a ver exatamente o que esperamos ver. Definimos efetivamente o grau de talento de uma pessoa em função de seu grau de sucesso, e então reforçamos esse sentimento de causalidade mencionando a correlação. É por isso que, embora às vezes haja poucas diferenças de habilidades entre uma pessoa extremamente bem-sucedida e outra não tanto, geralmente há uma grande diferença no modo como são vistas pelos demais." (p. 225)
Tudo que pude ler neste último capítulo aqueceu o meu coração. Eu não sei se eu recomendaria o livro inteiro para alguém, pois a pessoa talvez tivesse o mesmo sentimento que eu tive no meio da leitura, mas o capítulo 10, entitulado também de "o andar do bêbado" (mesmo título do livro), deveria ser lido por todo mundo.
"A linha que une a habilidade e o sucesso é frouxa e elástica. É fácil enxergarmos grandes qualidades em livros campeões de vendas, ou vermos certas carências em manuscritos não publicados, vodcas inexpressivas ou pessoas que ainda estão lutando pelo reconhecimento em qualquer área. É fácil acreditarmos que as ideias que funcionaram eram boas ideias, que os planos bem-sucedidos foram bem projetados, e que as ideias e os planos que não se saíram bem foram mal concebidos. É fácil transformar os mais bem-sucedidos em heróis olhando com desdém para o resto. Porém, a habilidade não garante conquistas, e as conquistas não são proporcionais à habilidade. Assim, é importante mantermos sempre em mente o outro termo da equação ? o papel do acaso." (p. 229-230)