Carol Cristina | @blogacdh 13/01/2016Resenha postada no @blogacdhA história se passa em Oxford, na Inglaterra. Daphne sofre um acidente de carro quando estava indo para a casa dos pais, e quase perde a vida. Foi um milagre ter sobrevivido. Depois de se recuperar, ela volta para a república onde mora perto da faculdade. Daphne cursa música em Oxford, e tem dois melhores amigos: Giulia, que faz fotografia, e Theos, que toca harpa e faz parte da orquestra de Oxford.
Enquanto estava no hospital, sua colega de quarto morre afogada, mas ela era ótima em natação, e por isso Daphne começa a suspeitar de que tenha sido um assassinato. E suas suspeitas só aumentam quando coisas estranhas começam a acontecer: telefonemas para ela de número “Desconhecido”, pesadelos, uma cartomante misteriosa... E Theos começa a agir de forma diferente (principalmente em relação a Sebastian, um garoto novo da faculdade muito atrevido para o gosto de Daphne). E o que isso tem a ver com a colega de quarto? Nada, e esse é o problema. Tudo tem a ver com Daphne.
"Nunca me senti tão impotente assim, tão frágil, tão vulnerável, tão à mercê do que seja lá o que for."
A história de “Sombras” começa um pouco confusa: a autora começa a narrar em primeira pessoa através de um anjo, e depois muda para a narração, também em primeira pessoa, da Daphne, sem nenhuma indicação de mudança. E aí você vai percebendo que a narrativa tem outros problemas: de pontuação, organização dos diálogos, ligação entre as cenas e afins. Realmente a revisão deixou um pouco a desejar, uma pena.
Apesar desses problemas, a trama de Sombras é super válida. Depois das primeiras 50 páginas a história começou a me ganhar, com o enredo envolvente que mantém o leitor interessado.
Não tenho o costume de ler livros sobre anjos, já aviso. Mas gostei muito de Sombras, com suas referências bíblicas, mitológicas, históricas e musicais; e o leve tom clichê em alguns de seus diálogos.
Vamos falar sobre os personagens. Daphne é uma protagonista... Sortuda! Rsrs Com três meninos lindos ao seu redor, ela não deveria se lamentar (aliás, não fica muito claro o que ela tem pra ter tanto homem ao redor kkk ). Ela tem altos e baixos durante a história, horas irrita, mas entendo que tinha muita coisa acontecendo com ela ao mesmo tempo XD
Temos também a insegurança do Sebastian; a segurança do Theos; a paz e ternura de Kaled... Nenhum dos 3 é perfeito, mas fiquei confusa, gostei dos 3! hahaha. Sebastian é o personagem que teve o humor e intensidade suficientes pra salvar todo o clima tenso do livro. Quem conquista o leitor também é a Giulia, uma amiga da Daphne super alto astral, divertida e bondosa.
"Como ele era lindo, perfeito, ele era perfeito em todos os aspectos e, então, por quê? Por que eu não estava perdidamente apaixonada por ele?" sobre Theos
"Nunca alguém tinha ultrapassado assim tão facilmente a barreira invisível que eu sempre fiz questão de colocar entre mim e os garotos." sobre Sebastian
"[...] estiquei minha mão lentamente e fiz o que sempre sonhara em fazer, eu toquei seu rosto, mas, eu queria tocar mais do que seu rosto, eu queria tocar seu coração." sobre Kaled
O que vocês precisam saber: alguns desses personagens são anjos; e todos estão envolvidos em uma trama muito maior. Todos os seres do universo estão debaixo das leis, e ainda que você seja um anjo, por exemplo, não deve quebrar algumas delas...
"Os homens ganharam o poder do livre arbítrio, eles têm o privilégio da escolha, mas isso não garante a eles a imunidade por uma escolha errada. Devido ao livre arbítrio ser uma exclusividade dos homens, eles acabam sendo alvos de inveja dos outros que não possuem tal regalia."
Que mais posso dizer... Apesar do toque sobrenatural, o livro é bem próximo da realidade, meio que imagino essas coisas acontecendo com alguém kkk. Fiquei surpresa com as atitudes e sentimentos dos anjos da história, a autora desenvolveu muito bem essa parte. Estou muito curiosa pra saber o que realmente há por trás de tudo, tenho certeza de que tem muito pra acontecer ainda nos próximos livros.
Falando nisso, Sombras, como primeiro volume de trilogia, foi até esclarecedor, apesar de o leitor ficar limitado ao que a protagonista sabe por muito tempo (e ela não tem muitos progressos). Quando comecei a achar que as coisas importantes iam ficar para serem resolvidas no segundo livro, vem aquela enxurrada de revelações inesperadas no final!
Ainda assim, faltaram algumas pequenas questões a serem esclarecidas, não sei se por esquecimento ou se realmente ficaram pra mais tarde, rs.
Pode ser cansativo para alguns leitores toda a calma em contar cada desconfiança e susto de Daphne. Fica até uma impressão meio que de repetição das cenas para enrolar até o final. Acho que o livro também peca no quesito de tudo girar em torno da protagonista: isso tem como ser mudado nas continuações, colocando alguma intriga superior que não tenha nada a ver com a Daphne diretamente, mas com o universo criado em si. Seria legal, tem potencial para muitas possibilidades.
"Eu estava de saco cheio de todos esses mistérios, desse jogo de meias palavras, desses segredos de leis, isso pode, isso não pode, de todos eles, sem exceção; de Theos, de Sebastian e de Kaled."
A diagramação do livro está sensacional, bem diferente *-* A autora dá títulos pertinentes para cada capítulo, o que achei bem legal. Preciso destacar também que, pra quem costuma ler romances sobrenaturais, essa história não fica no senso comum. Alguns elementos responsáveis por isso são: o amor pela música, as referências que citei lá em cima, o “quadrângulo” amoroso e a atitude da Daphne em relação a isso, o fato do romance não ofuscar outros aspectos da história...
Recomendo “Os Guardiões: Sombras” pra quem gosta de suspirar com personagens masculinos, gosta do tema de anjos, de música, mitologia, mistério e aventura.
"[...] muitas vezes, o amor cega e pessoas boas podem se tornar pessoas más."
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