Estêvão 11/02/2013minha estanteÉ a segunda obra que leio do João Ubaldo, a outra foi A casa dos budas ditosos e, nas duas percebi que ele parece querer mesmo confundir verdade com ficção. Na Casa... ele afirma que a narrativa é fruto de gravações que recebeu anonimamente e que ele transcreve tal qual foi gravado.
Nesse romance ele também causa essa impressão mesmo sendo em primeira pessoa e mesmo ele, constantemente, afirmando ser tudo verdade e imprimindo um tom tão forte que gera essas várias dúvidas que você apresentou.
Além disso, o narrador - um dos mais curiosos que já tive o prazer de ler - sempre afirma se tratar de um relato literário, mesmo ele não se afirmando escritor. Todavia, estamos mais acostumados a encontrar esses relatos 'verdadeiros' em obras realistas, com narradores em 3 pessoa, que descrevem minuciosamente os ambientes buscando dar um tom de veracidade mais próximo possível do real. Só que o narrador de Diário do farol assume postura de autor realista quando assume esse compromisso com a verdade, mas em 1 pessoa e é isso que gera toda essa confusão entre a verdade dos fatos e o que é relatado.
Mas concordo com o Luan que isso seja irrelevante para a obra. Ou esteja em um patamar de importância mais abaixo do que o livro se propõe.
Ah, Cláudia, bem lembrado o Dom Casmurro. Também me lembrei do Machado, mas do Memórias Póstumas, por causa do narrador tão bonachão e sem preocupação em mostrar-se como, de fato, é.