Yasmin V. 04/10/2023
História de vó
Isso nem é uma resenha, na verdade
Comentei com minha mãe sobre esse livro e ela lembrou de uma história que minha vó contou uma vez e, coincidência ou não, era sobre Santo Antônio também: uma moça quebrou a cabeça do tal santo em mil pedaços quando descobriu que o homem que ela amava em segredo, se casaria com outra. No caminho pro casamento, o rapaz parou em uma casa pra pedir um copo d'água e, por força do destino (ou do santo), era a casa da moça desolada. Ele a viu chorando e viu o que tinha sobrado do santo. Já sabendo da situação toda, disse que se o santo ficasse inteiro de novo, ali na sua frente, se casaria com a moça desolada. O santo se reintegrou na hora como mágica e o rapaz cumpriu a promessa após tal milagre. Fim.
Quando terminei o livro, juntamente relembrando a história anterior, um pensamento me veio à cabeça: acho que amo realismo mágico porque tem muito de história de vó nisso. E eu, que convivo com uma avó que viveu e criou os filhos na roça no interior de Minas, cresci ouvindo histórias fantasiosas dos mais diversos tipos. E contadas, sempre, na maior naturalidade. E quem sou eu pra discordar? Aconteceu com a bisavó da comadre Zezinha que contou pra vó da minha vó e que chegou até mim. É privilégio ouvir. Entender que a vida é boa assim, com magia. Por que a realidade sozinha, é pouco. É tediosa.
E "A Cabeça do Santo" me fez perceber isso. É história de vó na melhor forma possível. Tem tristeza, mistério, peleja, bom humor, magia e milagre. Aliás, milagre não pode faltar. Avós sempre acreditam em milagres. Agora, se eu acredito, já não sei. Mas sei que acredito nas histórias da minha vó.