spoiler visualizarBreno Vince 02/02/2018
Será que vale a pena ler?
Antes de tudo, e já adiantando que posso dizer coisas pesadas e polêmicas, a presente resenha não tem o intuito de ofender a ninguém. É só uma simples opinião, então, tudo bem discordar! Espero que goste!
Um bom livro. Essa é a minha impressão geral, mas, lendo-o, provavelmente você irá discordar de mim e o motivo é simples: o livro tem, no mínimo, duas partes de qualidades distintas.
A primeira parte do livro, que se estende até o reencontro de Julia Capovilla com Leon é simplesmente muito bom, a autora escreve muito bem (embora o "estilo" dela me incomode em certas coisas que, sem medo, são erros de português) e a história flui. É bem verdade que eu detesto Julia Capovilla, mas não deixa de ser verdade que o ódio que senti demonstra a capacidade da história de ser envolvente e de mexer com o leitor.
A segunda parte, divergindo da primeira, é muito fraca, parecendo até ser escrita por outra pessoa ou feita como que apenas para dizer "tem um final". Achei completamente sem sentido, vazio: a sensação é que a autora quis livrar-se da obra que tão intensamente trabalhou no começo e escreveu qualquer final, sem se importar em manter a qualidade. A primeira parte merece facilmente quatro estrelas. A segunda parte com muito esforço arranca duas estrelas sofridas.
O final em si? Sequer merece comentário. Incompatível com o início da obra, esquecível e praticamente sem sentido.
Vai ser um tanto impopular, mas gostaria de explicar o motivo pelo qual detesto Júlia Capovilla. Numa busca por encontrar similaridades e criar uma identificação, muitos criam certo apreço por Júlia e suas dores, vendo-a com carinho, respeito e elogios. Nisso, acabam por relevar falhas morais, erros e uma série de coisas (quando não encontram justificativas!). Júlia Capovilla é uma mentirosa compulsiva (acredito que seja traço de algum transtorno psicológico - mitomania) que, em seu vazio de vida, casa-se com um homem e tem um caso com o marido da irmã de seu marido. Não fosse pelo primeiro traço que, a meus olhos, a faz ser alguém que merece um médico, diria ser Júlia alguém digna de repreensões, pois a balela de que "foi o grande amor da vida" não me parece ser uma justificativa aceitável para se manter um caso enganando uma outra pessoa dedicada. Isso, para mim, foi mais que errado: foi covarde.
Não estou dizendo aqui que você que agora me lê, que sentiu empatia por ela, é errado, enganador ou covarde! Estou dizendo que não acho justificável a conduta dela e que, em verdade, ela precisa de acompanhamento médico.
Sobre o título, muito bem pensado. Achei bem interessante o título da obra ser o nome do motel de encontro dos traidores: é compatível e me parece ir no coração da obra, pois o coração da obra me pareceu ser, de fato, o "envolvimento" de Júlia e Leon.
Outro ponto que gostaria de tocar é a personagem Ariana, irmã de Klaus, que... Simplesmente me pareceu ser subaproveitada, sendo ignorada quase que completamente, me parecendo servir tão somente a dois propósitos: (I) trazer Leon de volta à história e (II) dramatizar a história com o clichê do caso entre pessoas casadas (que se agrava pelos traídos serem irmãos - o que achei forçado).
Então, pelo conjunto, devo dizer, em resposta ao título da resenha, que sim, vale a pena ler, mas, nem de longe, será um dos livros mais marcantes que lerá em sua vida. Recomendo que não espere muito do fim, o que é difícil em face o começo, pois o final é decepcionante. Caso decida ler, boa leitura! Caso queira uma outra indicação, olha mais minhas resenhas! Tenho certeza que vai gostar de algum deles!