Fernanda631 05/01/2023
Real, Louco, Mortal
Real, Louco, Mortal foi escrito por Hannah Jayne e foi publicado em 1 janeiro 2014.
Quando penso em thrillers alguns livros vem a minha mente, mas poucos são os que tem protagonistas e um cenário juvenil. E é despontando com essa aspecto inovador que "Real, Louco, Mortal" mostra que é sim possível criar uma história com elementos adolescentes, mas que consegue surpreender a quem ler.
Sawyer Dodd é uma adolescente que ficou popular na escola por causa de seu namorado, tudo por ter namorado um atleta da escola. Agora que Kevin está morto ela divide os sentimentos de tristeza e alívio. Para todos, eram o casal perfeito, mas Sawyer e mais alguém sabe que nem tudo eram flores.
Todos nós temos segredos. O problema se torna grande quando pensamos que podemos guardá-los para sempre. Na vida, haverá, por todo tempo, grandes olhos em volta das suas ações. Estejam eles ali para julgar ou para, simplesmente, fazer-se palanque para que ninguém fique de fora. Quem nunca fez algo que se arrependeu e torceu para que a história morresse ali? Todos nós já fomos adolescentes.
Nada disso é diferente para Sawyer Dodd. Ela é uma garota normal, numa vida normal, com um namorado popular. Ela, também, tem os seus segredos. Tudo se torna insuportável quando, um dia, o seu namorado morre (ou é assassinado) em um acidente de carro e, então, em seu armário, há um bilhete com a mensagem: “de nada”.
A mente da menina começa a ficar atordoada. O que queriam dizer com aquilo? Será que sabiam do seu segredo? Alguém matou o seu namorado?
Sawyer Dodd poderia ser uma adolescente qualquer se a sua vida não estivesse no ápice da dor e desespero. Após ter que superar a separação dos pais e ter que se acostumar a uma nova vida ao lado de seu pai e da sua madrasta que está grávida de um irmão que ela não sabe se quer ter, ela precisa encarar uma dura perda: a morte do seu namorado Kevin.
Há muito tempo as coisas já não eram boas com ele e se ela pudesse apenas sentir aquilo que deveria, o seu sentimento seria de alívio, já que não suportava mais as dificuldades e os abusos desse relacionamento. Mas quando um estranho bilhete é deixado em seu armário, a morte dele que antes parecia ser apenas um acidente de carro logo passa a ganhar ares de um homicídio.
Após o funeral de Kevin ela recebeu o misterioso bilhete com a mensagem "De nada", ficou intrigada, mas deixou para lá. Só que este bilhete é o primeiro de muitos, além de alguns fatos assustadores que irão acontecer e apavorar a Sawyer e nós, sim, pois a autora nos envolve a ponto de sentir que acompanhamos lado a lado a mocinha.
Com a polícia fazendo perguntas que ela não quer responder e mortes ocorrendo sem explicação alguma, ela sente o cerco se fechando à sua volta de tal forma que um assassino calculista pode estar mais perto dela do que ela mesma imagina.
Narrado em terceira pessoa por Sawyer e tendo como cenário principal a escola na qual ela estuda, vemos a sua vida já com o caos que se estabeleceu quando o seu namorado foi encontrado morto no carro. Tendo que lidar com a pena de alguns e o desprezo de outros, sua mente parece estar em um turbilhão.
Revelando aos poucos todas as nuances que permearam a sua relação com Kevin, vemos que muitas vezes a violência vem escondida em forma de máximas como "eu não vivo sem você" ou "sou loucamente apaixonado por você", bem como, de um desejo de dar segundas chances a fim de recuperar uma época em que tudo estava na mais completa normalidade.
Confesso que fiquei sem entender os sentimentos dúbios que ela nutria por seu namorado, já que mesmo sentindo na pele tudo o que ele fez, ela continuava presa a uma resistência de viver a sua vida por achar que isso seria um desrespeito a memória dele.
Mas não foi só isso que me deixou estarrecida, fiquei completamente chocada com a maneira que os pais dela eram completamente ausentes. Para eles era mais fácil mandá-la para a terapia e culpar seu comportamento arredio pelo luto do que pelo total desleixo que eles tinham com ela. Essa nuance de realidade, deixou a personagem muito mais palpável e eu consegui sofrer e ansiar junto com ela.
Eu passei todo o livro na torcida para que ela conseguisse descobrir quais circunstâncias terríveis estava se apoderando de sua vida. E quando os assassinatos começam a rodeá-la e todos passam a ser suspeitos, cada pista instiga o leitor a formar hipóteses de quem estaria por trás de tudo aquilo.
Com a escrita fluída da autora, as páginas parecem passar em um piscar de olhos e a ansiedade vai se prolongando até o desfecho.
E foi justamente com relação ao final que senti um misto de admiração e decepção. Isso porque a autora segurou o suspense sobre quem era que queria exercer tanto poder na vida de Sawyer até os momentos finais da história.
Fiquei ansiosa que sequer percebi que algumas das características que eu havia notado ao longo do enredo eram determinantes para revelar a identidade dessa pessoa tão doente. Mas passado o período de ficar boquiaberta quis saber o porquê dessas atitudes e olha, fiquei querendo mais, muito mais. Ainda não me contento com as explicações que foram dadas porque senti que tudo foi muito corrido, a autora poderia ter trabalhado muito melhor esse aspecto para que ela fechasse de forma triunfal essa trama que trata de sentimentos – principalmente daqueles que são levados ao extremo.
As páginas se fazem ler rápidas e o leitor não quer, de forma alguma, perder. Não podemos ficar afastados, por muito tempo, do livro para que as conexões continuem fazendo sentido. Quando menos esperamos, mais uma pessoa é assassinada. E, por intermédio do destino (talvez), a pobre Sawyer está lá novamente.
Rodeada pela sua melhor amiga (que não a deixa na mão por nada), um garoto que está apaixonado por ela, uma ex-amiga (também ex-namorada do seu namorado morto), dois policiais, seu pai e a madrasta (grávida) do seu pai, Sawyer começa a perceber que precisa, realmente, tomar a sua medicação e voltar a ver o seu médico.
Sawyer foi bem trabalhada, ela é uma mocinha que após o trauma tornou-se um tanto neurótica, desconfia de todos. Para desestressar, recorre aos treinos de corrida. Tem dois rapazes interessados nela, além do admirador secreto.
Sawyer Dodd, pequena garota infeliz, está atrás de quem está fazendo da sua vida um filme de drama e terror muito bem elaborado. A sua perspicácia faz com que chegue à conclusão que não parecerá óbvia pro leitor. De maneira inteligente, descobrimos o que está acontecendo. Os segredos vêm à tona. A garotinha assustada percebe que mais pessoas sabem sobre a sua verdade (mesmo que ela não a tenha contado a ninguém).
Então quem está cometendo esses crimes tenta proteger ou destruir Sawyer Dodd?
Hannah Jayne é um nome novo para mim, porém após a leitura deste título desejo que publiquem outros títulos da autora. Ela escreve de maneira envolvente, passa bem os sentimentos e situações, você realmente viaja para a trama que ela criou.
Os personagens secundários são igualmente utilizados e cada um com seu peso. Chloe, a melhor amiga de Sawyer que tem uma mãe ausente e sempre tenta animar a garota. Logan, que chega de mansinho e acabamos simpatizando com ele e o fato de ser o "esquisito" da escola. Cooper, o novato que me conquistou logo de cara, é um fofo e se mostra legal com Sawyer. A Maggie, líder de torcida que adora perturbar a mocinha.
O livro trata de bullyng, de amizades que sofrem mudanças no período escolar, as festas de adolescentes e arremata com o mistério sobre quem é o admirador secreto, e por que ele faz tudo pela Sawyer.
A autora surpreende bastante com o final e de maneira positiva.