Lina DC 30/03/2014O livro é narrado em terceira pessoa e inicialmente somos apresentados a Jorge, um homem que teve uma vida rica em acontecimentos, mas que infelizmente a maioria deles não foram felizes. Seu pai, Juan Xavier, de Andaluzia, abandonou mulher e filho quando o Jorge tinha apenas sete anos de idade. Sua mãe o enviou para um internato, onde Jorge teve experiências pessoais terríveis. Muitos anos e muitos tormentos se passam na vida do protagonista e aos 65 anos de idade, ele se encontra em Granada, na Espanha, a procura de um significado em sua vida, uma conexão com algo bom. E é quando ele encontra o manuscrito que conta a história de Abul Qacem ibn Salman al-Qurtebi, do rei Abul Hassan Ali, da sultana Aisha e seu filho Mohamed Abi Abdilleh, a partir do ano de 1527.
Apesar de serem duas histórias totalmente distintas no tempo e no espaço elas apresentam ao leitor a necessidade do ser humano em ser amado, em precisar ter uma conexão com algo no mundo. Fala também sobre fé e a esperança.
O livro é composto de personagens humanos, repleto de fraquezas, dores e tormentos que uma vida pode trazer. Mas também mostram seus momentos de felicidades, mesmo que fugazes. A construção dos personagens foi muito bem elaborada, deixando o leitor indeciso sobre os seus sentimentos em relação aos protagonistas.
Uma história que não se propõe a se tornar um conto de fadas e sim um relato sobre as pessoas que enfrentam o dia a dia com as dores de um passado turbulento.
A escrita do autor é cativante, ela tem um ritmo próprio e as descrições detalhadas enriquecem o contexto, principalmente nos trechos em que é discutido não apenas os sentimentos do escriba, mas também a história de Gharnata.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um ótimo trabalho. Foram encontrados alguns errinhos, mas nada que interferisse na leitura ou no entendimento do texto. Em relação à capa ela contêm elementos da trama e desperta a atenção.
"Sem saber como, a cidade estava linda como sempre. Mas as sedas coloridas, as flores, a feição vivaz da cidade tinham desaparecido". (p. 343)