Saleitura 28/05/2017
"Esta é uma história de amor... mas nem toda história de amor é igual", uma verdade com certeza, mas não uma que se encaixe no conteúdo do livro. Mesmo que eu não tenha lido tantos romances assim, posso dizer que o que encontrei nos outros, encontrei nesse. Fiquei até a última página procurando a tão falada inovação. E não a encontrei.
Não me entenda mal, não quero passar uma imagem de quem odiou o livro. Pelo contrário, acabei me surpreendendo com certas partes. Porém, esse é o problema: Apenas certas partes. Este é um daqueles que tem momentos muito bons mesmo (Em especial quando trata de sentimentos e relações entre os personagens), e outros ruins.
A narrativa é boa e rápida, e os personagens, ainda que superficiais, conseguem por vezes atrair sua simpatia (alguns deles). No entanto, o livro mostrou-se problemático ao promover ideologias associadas às barreiras entre os gêneros, friend zone, "ela é bonita porque não sabe que é", ou "elas só gostam dos caras maus". Ideias essas que ainda que sejam reproduzidas até hoje, já começam a mostrar-se falhas.
Friend zone não existe, o que existe é: O fato de eu gostar de você não significa que você é obrigado/a a estar em um relacionamento comigo.
Não existe "Elas só gostam dos caras maus", existe: todos os seres humanos possuem suas preferências, seus "tipos", e acontece de o das mulheres que você conhece serem aqueles caras que você julga como "maus", talvez apenas por não serem você. Você não pode ser "o cara legal" por querer alguma coisa em troca. O fato de você a ouvir enquanto ela desabafa, ou de dar presentes a ela, ou sempre dizer palavras gentis, não são coisas que a obrigam a se relacionar com você. Se você está sendo gentil apenas por querer que ela te beije, então me desculpe, mas você está longe de ser "o cara legal".
"Ela é bonita porque não sabe que é" incita a baixa autoestima, ao colocar o ato de se amar como algo ruim, quando na verdade é extremamente positivo, e raro na nossa sociedade atual, talvez até, em partes, por dizeres problemáticos como esse.
Sem falar, por fim, que personagens aqui não possuem personalidade, eles possuem características que parecem ser copiadas e coladas de um daqueles artigos extremamente estereotipados sobre "As diferenças entre homens e mulheres". Em especial os caras, que definitivamente surgiram de uma superficial pesquisa da autora no Google sobre "O que eles pensam quando elas não estão por perto". Nick é tão vazio e estereotipado que dói em grande parte do tempo, e eu simplesmente não consegui me apegar a ele.
Quando eu digo essas coisas, eu sei que parece que eu odiei o livro. Mas a verdade é que ele tem seus méritos. Consegue ser cômico em certos momentos, e suas situações tão cotidianas acabam trazendo ao leitor uma certa sensação de identificação com os personagens e suas vidas, o que como eu disse anteriormente, te ajuda a se simpatizar com alguns deles.
Outro mérito do livro - eu diria o maior, na verdade - é que ainda que superficial à primeira vista, em momentos sérios e mais emocionais, a autora de alguma forma consegue retratar personagens que vão de bidimensionais para multidimensionais de uma vez, e ela realmente te faz sentir o que eles sentem, se compadecendo por eles e desejando que eles fossem sempre assim: verdadeiros. Pessoas, não falsos padrões.
Por fim, minha avaliação do livro, ainda que abaixada pelas várias críticas que eu já expressei aqui, acabou por aumentar devido à ótima habilidade que a autora demonstrou em descrever emoções. E é por isso: Pela escrita, e pelo potencial (Não tão bem utilizado) que a autora mostrou, que eu vou dar 4 de 5 estrelas para esse livro.
Resenhado pela colunista Ana Carolina
https://www.skoob.com.br/usuario/2583884-ana