Leitora Viciada 08/06/2014Não conheço a série televisiva Resurrection da ABC, portanto não posso apontar as semelhanças entre livro e adaptação. O que realmente me fez ler Ressurreição (The Returned), romance de estreia de Jason Mott, foi a sinopse e a premissa criativa. A ideia de mortos diferentes de zumbis ou fantasmas me atraiu.
Porque estamos rodeados por pessoas retornando da morte na mídia. Então esta já é uma história atraente, pois aqui os mortos retornam como eram em vida, aparentemente como sempre foram: Pessoas comuns.
O livro é vendido / divulgado como thriller. Embora aja suspense e ação, não classificaria o livro desse modo, devido ao desenvolvimento muito lento. Intenso, mas lento.
É uma história dramática e a ação lenta é mais psicológica que física.
Ressurreição é ficção carregada de mensagens básicas sobre as questões íntimas e próprias do ser humano, principalmente com base no medo, no preconceito e na espiritualidade.
Se o leitor não captar todas as insinuações do autor certamente encontrará defeitos na abordagem da história em seu meio.
O fato da imagem da capa estar invertida verticalmente mostra que o mundo está de cabeça para baixo. É por causa do curioso e assustador fenômeno mundial das pessoas estarem ressuscitando sem explicação.
O mundo despreparado para o acontecimento se perde em loucura e desordem. Governos, militares, religiosos, cientistas e civis: Ninguém encontra o padrão de como os Ressurgidos aparecem e nem os motivos. Eles simplesmente surgem. Por que alguns dos mortos retornam, mas não todos?
Jacob vivia em uma cidade pequena do sul dos Estados Unidos, mas em 15 de agosto de 1966, exatamente no dia de seu oitavo aniversário, faleceu. É o menino da capa e o Ressurgido protagonista do livro. Ele retornou misteriosamente quase cinquenta anos após seu falecimento. Com a mesma idade, aparência e lembranças do dia em que morreu.
O livro possui algumas fraquezas, porém o final as encobre (ao menos para mim). Principalmente com o fato de ser uma história que faz sentido quando se fecha o livro. Pensei por horas após termina-lo. Não apenas nas reflexões, mas também nas micro histórias que somente fazem sentido após uni-las ao elo central. É um enredo com vastas mensagens e interpretações.
O clímax não é criado a partir do desenvolvimento da trama, próximo ao término do livro. O clímax já existe desde o princípio, e então cresce exponencialmente - o que pode acarretar uma série de problemas na interpretação, absorção e aceitação do tema e da história. Nem todos gostarão do método utilizado. Não é um livro para todos os leitores, nem para todos os momentos.
Confesso que este livro é muito estranho: Pensei mais nele depois do que durante a leitura! Confesso também que enquanto o lia, principalmente ao alcançar a metade da história, o achei chato e entediante por várias páginas. Então, inexplicavelmente mudei minha opinião. Bastou um encaixe ali, uma resposta acolá e pronto: Eu gostei muito do livro, embora não o recomende para uma pessoa sem conhecê-la.
Sem a união das micro histórias às mensagens centrais, o leitor corre o perigo de perder quase toda a leitura. De certo modo, é uma falha, porque quando as coisas não se encaixam com facilidade, o autor pode ser incompreendido pelo público.
Não recomendo o livro para quem busca apenas ação; leitura leve; explicações fáceis; é uma leitura pesada, às vezes maçante, e para adultos. É uma trama para filosofar, não exclusivamente divertir. É mais complicado que aparenta.
Para ler toda a resenha acesse o Leitora Viciada.
Faço isso para me proteger de plágios, pois lá o texto não pode ser copiado devido a proteção no script. Obrigada pela compreensão.
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http://www.leitoraviciada.com/2014/06/ressurreicao-jason-mott-e-verus-editora.html