Quem Vai Ficar Com Morrissey?

Quem Vai Ficar Com Morrissey? Leandro Leal




Resenhas - Quem Vai Ficar Com Morrissey?


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Daniel 20/03/2014

Músicas que salvaram sua vida

Tentar classificar um livro é sempre complicado, por todas as limitações que as definições demarcam. Mesmo correndo o risco, Quem vai ficar com Morrissey poderia ser classificado como um romance de formação: acompanhamos o dia a dia de Fernando, que tem um relacionamento estável com Lívia, um emprego que não lhe exige muito, e seus hobbies: rock e futebol. A partir do rompimento imposto por Lívia, Fernando começa a questionar a vida que ia levando (ou empurrando), e a partir daí voltamos no tempo e acompanhamos de sua adolescência até o ponto de onde partimos o caminho percorrido para chegar ao que ele se tornou, ao o que ele é hoje.

O texto é leve, bem humorado, tem boas sacadas como a jukebox interna, sempre pronta a adicionar a trilha sonora adequada para cada momento. Acho que o que faz a coisa toda funcionar é o poder de identificação com o leitor, principalmente com quem viveu os anos 80/90 e reconhece imediatamente hábitos e objetos que faziam parte do nosso dia a dia - tênis Adidas, mochila da Company, sebos que vendiam discos de vinil, fitas cassetes, revista Bizz, etc.
Incontestável era a qualidade das músicas que se ouvia então, distantes galáxias dos funks popozudos e sertanejos universitários de hoje... O leitor roqueiro, e mais especificamente fã do Morrissey e dos Smiths (como é o personagem principal e, é claro, o autor Leandro Leal) vai curtir ainda mais as dezenas de referências relacionadas ao grupo.

Acho que não existem fãs mais dedicados que os fãs do Morrissey. No prefácio assinado pelo jornalista português Pedro Gonçalves, ele declara que quem tem os Smiths na sua vida tem mais do que os outros, e ele está coberto de razão. Todo fã dos Smiths se lembra a primeira vez que ouviu tal disco, da procura incansável por singles esgotados, etc, etc. É impossível não citar o próprio Morrissey:

Não se esqueça das músicas
Que fizeram você chorar
E das músicas que salvaram sua vida
Sim, você está mais velho agora
E você é um porco esperto
Mas elas foram as únicas coisas
Que sempre estiveram ao seu lado.
Arsenio Meira 20/03/2014minha estante
Mandar esse trecho pro Laub (vai ver ele tá dormindo, ou não quer acreditar, parafraseando...) Rubber Ring na veia. Sempre. Identificação plena, eu um produto dos anos 80, com orgulho. É isso. Certeiro, principalmente na parte pertinente aos fãs do Morrissey. Abraços




Helena 18/03/2020

Admirável
Gostei da leitura fácil e rápida que o livro tem. Obviamente é um livro de fã para fãs, mas quem não conhece nada de the smiths ou do morrissey também pode ler.
Livro bastante nostálgico, apreciei a leitura. Porém não recomendaria para quem não é fã de the smiths.
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Gloria Ferreira 05/03/2017

Eu que queria ficar com o Morrissey.
Essa leitura me lembrou bastante o Alta Fidelidade, do Nick Hornby, que, assim como Leandro Leal escreve em sua história, mistura episódios do relato à músicas. Gosto desse estilo literário porque, além de ser envolvente, sempre nos apresenta algo novo. No caso de Alta Fidelidade, foi Let's Ge It On, do Marvin Gaye. Já em Quem Vai Ficar Com Morrissey, foi Gigant, de Pixies e um reforço adicional ao meu amor por The Smiths.

O livro relata conflitos da vida pessoal e amorosa de Fernando, um jornalista de 32 anos, que vive o dilema de empurrar com a barriga um emprego ruim e de se adaptar às mudanças causadas pelo término com a sua ex-namorada, Lívia. Acompanhamos, no inicio, o pico de todo o problema, quando Lívia vai embora do apartamento de Fernando por estar sobrecarregada e cansada da rotina monótona do casal, e depois, flashes aleatórios ao longo da vida de Fernando.

Esses reflexos mostram desde a adolescência de Fernando, até a sua juventude e vida adulta, enfatizando os fatos mais marcantes, como o primeiro amor, o primeiro emprego e o primeiro contato com a sua paixão: a música. É como um flash back até os seus dias atuais. Tudo acontece com associações musicais da sua ''junkie box'' que, pra mim, é o que torna o livro mais divertido.

Fernando vai nos mostrar o seu amor íntimo, ciumento e grandioso por The Smiths, tanto que condenava até o sonho de Lívia, que era o de entrar no altar ao som There Is a Light That Never Goes Out. Para ele, se isso acontecesse, essa música tão preciosa seria desgastada. E isso fica mais provado ainda, quando ele pede pra ela parar de ouvir The Smiths depois do rompimento dos dois, quando diz ''Smiths e Morrissey eram coisas minhas, que eu dividi com você, tipo a minha cama [...] Quero que você pare de usar a minha cama''.

É emocionante a parte que relata a separação do casal, quando ele insere trechos de I Know It's Over no texto, ou quando, em outra cena, ele se encontra sozinha em uma festa e lemos pedacinhos de How Soon Is Now. Ou ainda, nos últimos capítulos, quando ele já está quase recuperado de todos os ''backs'' de sua vida e associa Every Day is Like a Sunday ao seu recomeço.

São 26 capítulos levinhos e confortáveis de se ler. Achei o estilo de escrita do Leandro Leal parecido com o do Gabito Nunes, por ser descontraído e um pouco ácido. É uma ótima recomendação pra quem é fã do Morrissey e de The Smiths, pois nos sentimos familiarizados com Fernando.

ps; não curti muito essa capa, sabemos que Morrissey é uma puta homem, mas, como sou católica, não gosto de comparações como essas da ilustração. Deus é Deus e Morrissey é Morrissey. Sem misturar os dois.
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