@aangeladani 19/07/2015
Um suspense diferente...
Para Daniel, seus pais aposentados levavam uma vida tranquila e viviam bem numa fazenda na Suécia. Por nunca ter presenciado brigas ou discussões entre seus pais, ele fica bastante confuso quando recebe a estranha ligação do pai, informando que sua mãe está tendo alucinações e imaginando coisas. Assim que conversa com seu pai, Daniel decide dar um jeito e providenciar uma passagem para a Suécia já para a próxima manhã. Porém, quando ele já está no aeroporto, prestes a embarcar, seu telefone toca novamente, mas agora é sua mãe, que parece bastante enfática ao afirmar que não precisa de médico nenhum, mas sim da polícia. A partir daí, Tilde chega e começa a relatar tudo o que ela afirma ser verdade. Em sua bolsa, ela trás diversos objetos que fazem parte do que ela chama de "provas", inclusive que podem incriminar Chris - pai de Daniel -, aos quais ela vai recorrendo em ordem cronológica, conforme os fatos aconteceram, de acordo com seu relato.
Esse foi um suspense diferente de tudo o que eu já tinha lido. Um "diferente" bom, porque mostrou uma história bem concisa e, ao mesmo tempo, cheia de lacunas que foram sendo abertas (e só depois preenchidas) ao longo da narrativa. Eu me senti como se estivesse ouvindo toda a história contada por Tilde, junto com Daniel. E acho que o propósito era realmente esse: fazer com que o leitor se sentisse meio que "jurado" diante das revelações contadas pela personagem, como um banco de juri mesmo, que escuta atentamente as versões dos réus. Durante boa parte da trama eu fiquei com o pensamento fixo em cada fato que a mãe do personagem contava e já estava, de fato, acreditando em tudo. Tentei imaginar como seria estar na pele dela, vivendo tudo aquilo que relatava com tanta certeza. E também tentei me colocar na posição de Daniel, que estava ali, sentado como se fosse um juiz, tentando organizar os pensamentos e assimilar as coisas que sua mãe dizia e, ao mesmo tempo, recebendo constantes indícios de seu pai, de que nada daquilo era real ou verdadeiro. Era como estar no meio de um fogo cruzado. Ter que decidir entre o pai e a mãe não parece ser tarefa fácil. Ainda mais diante da situação pessoal do próprio Daniel, que ainda não havia se sentido seguro para assumir para os pais a sua homossexualidade e o seu relacionamento fixo de três anos com seu companheiro, Mark. Não tenho como dar maiores detalhes nesta resenha, pois corro o risco de soltar algum spoiler, já que essa é uma trama que vai se desenvolvendo por si só, a cada novo capítulo, a cada nova revelação. Só posso dizer que lá pela metade ou mais, eu, como "leitora-juri" rs, já tinha até "tomado o meu partido" da situação, e já tinha me convencido do que, pra mim, era a verdade. E aí (eu adoro livros assim!) tudo simplesmente mudou e eu fiquei boquiaberta, não querendo acreditar. Só que ainda não tinha sido o "veredicto" final não, senhores, rs. Houve uma explicação para tudo da trama (e eu adoro mais ainda quando as histórias terminam assim, bem "amarradinhas", sem nenhuma ponta solta); e o desfecho conseguiu ser bem satisfatório e até inesperado.
Nota: 3/5 (bom)