O EGÍPCIO

O EGÍPCIO Mika Waltari




Resenhas - O Egípcio


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Carla.Parreira 10/04/2024

O egípcio (Mika Waltari)...
Escrito em 1945, o livro narra a fascinante jornada de um médico egípcio que, abandonado quando criança, foi acolhido por pais adotivos. Mika Waltari, ao compor o personagem central de seu romance, encontrou inspiração em uma das obras mais populares da literatura do Antigo Egito, intitulada "Aventuras de Sinuhe". Essa obra retrata a vida de Sinuhe, um funcionário da corte que teria vivido durante a XII Dinastia, e seus relatos de viagens fornecem a mais antiga descrição conhecida sobre a Síria-Palestina.
No entanto, tanto o romance quanto o filme adaptado dele transferem a trama para a XVIII Dinastia, mais especificamente para a época do Faraó Amenhotep IV. A história de Sinuhe é contada em forma de flashback, começando com sua infância, quando ele foi encontrado em um cesto à deriva nas águas do Nilo e adotado por um médico pobre chamado Senmut. Seguindo os passos de seu pai adotivo, Sinuhe também se torna um médico habilidoso.
Anos mais tarde, Sinuhe tem a oportunidade de sua vida. Junto com seu amigo atlético Horemheb, ele salva a vida de um homem solitário que estava adorando o sol e sendo atacado por um leão. Esse homem é nada menos que o recém-entronizado faraó do Egito, Amenhotep IV. O fato de terem tocado o corpo do "deus-vivo" poderia resultar na morte para os dois amigos, mas, surpreendentemente, eles são recompensados pelo monarca agradecido. Sinuhe se torna o médico da corte e Horemheb se torna um oficial dos exércitos reais.
É durante sua vida luxuosa no palácio que Sinuhe conhece Nefer, uma cortesã ardilosa e luxuriosa que gosta de ser chamada de "Nefer-Nefer-Nefer" (três vezes bela). Nefer é capaz de inspirar ardentes e desastrosas paixões nos homens que a seduz. Para ter algumas poucas horas de prazer ao lado de Nefer, Sinuhe se humilha, mendiga e gasta todos os bens que possui, incluindo a sepultura de seus pais, que é essencial para garantir a entrada deles na eternidade. Ele negligencia seus deveres médicos e acaba perdendo tudo, encontrando-se na sarjeta sem nada para oferecer à cortesã.
Sinuhe deixa o Egito e passa anos vagando por terras estrangeiras, onde seu talento como médico é reconhecido e ele adquire valiosas experiências de diferentes culturas. Essa parte de sua vida no exterior, inclusive em terras como a Síria-Palestina, é a maior parte do romance de Waltari. No entanto, no filme adaptado por Curtis, essa parte da história é apenas brevemente retratada.
Ao retornar à sua pátria natal, Sinuhe enfrenta o Egito em profundo estado de Guerra Civil. O faraó Amenhotep IV, que agora adota o nome de Akhenaton, instaura uma revolução religiosa no país, promovendo o culto monoteísta dedicado à adoração do "disco solar" (Aton) e decretando a ilegalidade de todos os demais deuses. O médico perde a amada esposa, Merit, e seu filho, Toth, e vive seus últimos dias em uma ilha remota, exilado sob a ordem de seu antigo amigo, Horemheb, que se ergue como rei e abafa a iniciativa monoteísta.
O livro interliga fatos históricos e fictícios, traçando um tapete de realidade e invenção. Por exemplo, a sucessão dos faraós é retratada conforme a história, mas a saga do protagonista é um capítulo de ficção.
Melhores trechos: "...Quando fiz sete anos ganhei uma tanga de menino e minha mãe me levou ao templo para assistir a um sacrifício. O templo de Ammon em Tebas era naquele tempo o mais grandioso do Egito. Uma avenida ladeada por esfinges com cara de carneiro e esculpidas em pedra levava ao templo, diretamente, defronte do templo e do lago da deusa Lua. A área do templo era cercada por muralhas maciças e com os seus muitos edifícios formava uma cidade dentro da própria cidade. Do alto dos pilonos, em torre flutuavam galhardetes, e gigantescas estátuas de reis guardavam as portas de cobre de cada lado do recinto. Atravessamos os portões e os vendedores de Livros da Morte puxavam minha mãe pelas roupas e faziam suas ofertas em tom áspero ou sussurrante. Minha mãe me levou a ver as lojas de carpintaria abarrotadas de imagens de madeira de escravos e servos que, depois de consagradas pelos sacerdotes, serviriam para os seus possuidores no outro mundo a ponto destes nem precisarem erguer um dedo para obter qualquer coisa. Minha mãe pagou a espórtula erigida aos espectadores, e eu vi sacerdotes em trajes brancos e de mãos gentis matarem e esquartejarem um touro entre cujos chifres um rolo de papiro trazia um selo testificando que o animal não tinha a menor mácula e nem um único pelo preto. Os sacerdotes eram nédios e santos, e suas cabeças raspadas luziam untadas de óleo. Havia cem ou mais pessoas para assistir ao sacrifício, mas os sacerdotes não prestavam a menor atenção a essa gente e conversavam livremente entre si, durante a cerimônia, tratando de seus negócios. Observei as pinturas de assuntos guerreiros nas paredes do templo e me maravilhei com as gigantescas colunas, não atinando absolutamente com o motivo da emoção de minha mãe quando ela, com os olhos cheios de lágrimas, me levou de volta para casa. Lá, me tirou os sapatos de criança e me deu as sandálias novas que eram incomodas e que magoavam meus pés enquanto não me habituei com elas... Éramos vinte e cinco, entre jovens e meninos; apresentamo-nos para ser recebidos no templo. Depois que nos banhamos no lago do templo, nossas cabeças foram raspadas e vestimos trajes grosseiros. O sacerdote designado para nosso diretor não era tão meticulosamente exigente como alguns outros. A tradição obrigava a sujeitar-nos a toda sorte de cerimônias humilhantes, mas havia entre nós alguns de alta condição social e outros que já tinham passado em exames - homens feitos que entravam a serviço de Ammon apenas para garantir um futuro melhor. Estes trouxeram consigo abundantes provisões e presentearam com vinho muitos dos sacerdotes; alguns chegavam até a sair de noite para casas de divertimentos, já que isso de iniciação para eles não significava nada. Eu me submetia ao regime com grande mágoa, com o espírito cheio de pensamentos amargos, satisfazendo-me com um pedaço de pão e uns púcaro com água - a dieta tradicional dos noviços - aguardando com ânimo discreto e solícito os dias vindouros. Era tão jovem que ainda possuía uma ânsia indizível relativa à fé. Diziam que Ammon aparecia em pessoa durante a iniciação e falava individualmente com cada candidato; ser-me-ia um inefável conforto poder sentir alívio, abstraindo-me de mim e me voltando para qualquer objetivo universal e bem determinado... Na Casa da Vida, que fazia parte do grande templo de Ammon, o ensino era dirigido nominalmente pelos médicos reais, quanto a cada disciplina. Nós, porém, os víamos raramente porque tinham enorme clínica, recebiam valiosos presentes dos ricos e moravam em espaçosas casas fora da cidade. Mas sempre que era recolhido à Casa da Vida algum doente cujos sintomas deixavam embaraçados os médicos habituais, ou se estes não se aventuravam a empreender tais ou quais tratamentos, o médico real vinha ver e tratar o caso e demonstrar sua proficiência diante dos que se estavam especializando em tal setor. Desta forma mesmo o paciente mais pobre podia ter o benefício dos cuidados de um médico real, e isso para a glória de Ammon. O período de prática era longo mesmo para aqueles que dispunham de talento. Tivemos que tomar um curso sobre drogas e poções, aprender nomes e propriedades de ervas, as estações e as horas em que deviam ser colhidas, a maneira de secá-las para fazer os extratos; e isso porque um médico tinha que estar apto a preparar, seus próprios remédios conforme a necessidade. Muitos embirravam não vendo a serventia disso já que bastava uma simples receita para ser obtido o fornecimento pela Casa da Vida de todo e qualquer remédio corretamente pesado e misturado. Tal conhecimento, todavia, me viria a ser de grande proveito, conforme mostrarei mais tarde. Tivemos que aprender os nomes das diferentes partes do corpo, bem como as funções e finalidades de cada órgão humano. Aprendemos a manobrar escalpelos e instrumentos de extração. Acima de tudo, no entanto, tivemos que acostumar nossas mãos a reconhecer a doença tanto através dos orifícios naturais do corpo como ao longo da pele. Observando os olhos, também, tínhamos que depreender a espécie do distúrbio. Habilitamo-nos a partejar uma mulher em trabalho sempre que o serviço das parteiras redundava inútil. Devíamos estimular e aliviar dores conforme o caso requeria. Aprendemos a distinguir as queixas banais das importantes, os distúrbios de origem mental dos de proveniência física. Habituamo-nos a diferenciar a verdade da imaginação na conversa dos doentes, e a fazer perguntas de modo a esclarecer um quadro sintomático. Esse longo período de experiência foi seguido pelo dia em que - após o cerimonial da purificação - vesti um blusão branco e comecei a trabalhar na sala do ambulatório onde aprendi a arrancar dentes das mandíbulas de homens fortes, a fazer curativos, a lancetar inflamações e tumores, a coaptar ossos quebrados. Nada disso era novo para mim. Graças aos ensinamentos de meu pai fiz bons progressos e fui designado instrutor dos meus companheiros... A Cidade dos Mortos era guardada estritamente dia e noite, e impossível me seria encontrar uma tumba sem vigilância onde esconder meus pais a fim de que pudessem sobreviver eternamente em meio às oferendas que eram trazidas para os mortos ricos e ilustres. Levei por isso os corpos deserto adentro, com o sol a queimar minha pele e o percurso a estafar meus membros, até me estatelar, gemendo, certo de que ia morrer. A verdade é que ainda assim consegui transportar a querida carga para além das montanhas, através de atalhos perigosos utilizados apenas por bandidos. Penetrei assim no vale proibido onde jaziam sepultados os faraós... Se as raparigas do templo não eram do agrado do homem, tinha este que tomar uma esposa ou comprar uma escrava. Todos os dias havia leilões de escravas porque os navios não cessavam de entrar no porto trazendo mulheres e crianças de todos os tamanhos e idades e para todos os gostos. Mas as deformadas e inválidas eram vendidas barato para o sacrifício a Baal em proveito do conselho da cidade cujos membros riam e se davam pancadinhas mútuas comentando a esperteza com que iludiam seu deus. Não deixei de oferecer sacrifício a Baal já que se tratava do deus da cidade. A prudência me levava a lhe render preito. Como eu era egípcio não lhe levei oferendas humanas; dei-lhe ouro. Visitava às vezes o templo de Astarté que se abria de tarde; ficava a ouvir música e a contemplar as sacerdotisas - que não chamarei de donzelas - enquanto elas dançavam voluptuosamente para a glória da deusa. Como era costume, eu me deitava com elas, admirando-me das novidades que me ensinavam; e eu consentia sem grande prazer nem interesse, apenas por curiosidade. Depois que me ensinaram suas práticas me saturei e deixei de visitar o templo. A meu ver não havia divertimentos mais monótonos do que os que ali se praticavam... Uma vez escravo eternamente escravo, mesmo quando envolto em lã fina... Assim, Akhnaton pode ser um médico para o coração humano, mas não pode ser ubíquo, estar em toda parte. Há corações tão duros e tenebrosos que nem mesmo a verdade de Akhnaton lhes poderá valer de nada... A rainha Nefertiti voltou à Tebas para o nascimento do seu próximo filho, pois não tinha coragem de ir para a cama dar à luz sem a ajuda dos médicos de Tebas e dos feiticeiros negros. E lá teve a terceira filha, que se chamou Ankhsenaton e que futuramente seria rainha. A fim de facilitar o nascimento os feiticeiros estreitaram e encompridaram a cabeça da criança, conforme já haviam feito com as outras princesas. Quando a menina cresceu, todas as damas da corte e outras mulheres que queriam se manter na moda e imitar os estilos da corte, começaram a usar fundos falsos em suas cabeças. As princesas, porém, conservaram as cabeças raspadas para mostrar o formato elegante de seus crânios. Os artistas também admiravam isso e fizeram muitas esculturas e pinturas das princesas assim, sem suspeitar que tal diferença tão distinta não passava de uma aberração resultante da arte de mágicos. Depois que Nefertiti deu à luz a criança voltou a Akhetaton e fixou residência no palácio que nesse ínterim já se tornara habitável. Deixou as outras mulheres em Tebas, ficando vexada de haver dado nascimento a três filhas, e não querendo que o faraó gastasse a virilidade no leito de outras mulheres. Akhnaton ficou satisfeito com isso, pois estava cansado de ter que cumprir seu dever no harém quando apenas desejava uma única mulher, Nefertiti: e todos quantos contemplaram sua beleza hão de compreender bem tal preferência; mesmo o seu terceiro parto não prejudicou em nada suas perfeições. Parecia mais jovem e mais radiosa do que antes, mas não saberei dizer se essa mudança era conseqüência da nova moradia na cidade de Akhetaton ou feitiçaria dos negros. Assim, num ano só Akhetaton surgiu das brechas e desertos; palmeiras ondulavam garbosamente ao longo de suas esplendidas ruas, romãs amadureciam muito rubras em jardins, e nos lagos coalhados de peixes flutuavam flores de lótus. A cidade inteira era um jardim florido, pois as casas de madeira eram lindas e frágeis como pavilhões, e suas colunas coloridas alegremente com vergas e palmeiras. Os jardins invadiam até as próprias casas, pois as pinturas das paredes representavam palmeiras e sicomoros agitados por brisas de eternas primaveras. Nos assoalhos havia cenas pictóricas de caniços acamados, de peixes multicores nadando e de patos erguendo vôo. Na cidade não faltava nada para rejubilar o coração humano. Gazelas mansas vagueavam pelos jardins enquanto nas ruas as carruagens mais leves eram puxadas por soberbos cavalos adornados com plumas de avestruz. As cozinhas eram olorosas por causa das especiarias trazidas de todas as partes do mundo. Assim a Cidade Celestial foi terminada, e quando o outono voltou e as andorinhas emergiram do barro para dardejar em bandos imensos por cima das águas que já começavam a subir, o faraó Akhnaton consagrou a cidade e a região à divindade Aton. Consagrou as pedras demarcadoras do norte e do sul, do oriente e do ocidente, e em cada um desses marcos havia a representação de Aton lançando a benção de seus raios sobre o faraó e a sua casa. Inscrições nas pedras recordavam a afirmação do faraó de nunca mais por os pés fora daqueles limites. Para esta cerimônia os operários tiveram que abrir estradas pavimentadas nas quatro direções da região de modo a que o faraó pudesse percorrer os limites em sua carruagem de ouro e a família e os membros da corte o acompanhassem em carros e liteiras. E flores juncavam tal percurso enquanto flautas e instrumentos de corda tocavam em louvor a Aton..."
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Haddie 09/04/2024

Bom
Um bom livro, meu primeiro do autor , confesso q demorei a ler pois teve partes muito cansativas mas depois ficou extremamente interessante
Vale a leitura
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Grazi.ela 07/04/2024

Uma história épica
Livro denso, com vocabulário rebuscado, o que traz estranheza no começo, mas depois de um tempo, tudo flui.

Confesso que não consegui me conectar 100% com a história, mas certos personagens fizeram a leitura valer a pena.

Para quem curte um calhamaço, é uma boa pedida.
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Daiani.Cris 28/03/2024

Épico!
Já adianto que a leitura é lenta, difícil, porém recheada de história.
O início é calmo e muito devagar, chega a ser chato, mas não pare!

Sinuhe conta sua história, desde sua vinda ao mundo, até seu exílio ao final de sua vida.
Todas as guerras, deuses e faraós são contados. Todas as trapaças, as felicidades e as decepções de sua vida também.
Todos os segredos nos são trazidos.
Kaptah, seu fiel escravo, é um querido e se tornou meu personagem principal e Sinuhe sabe disso kkkkkkkk ele tbm o considera o personagem principal, e nós sabemos disso!
Adorei saber mais sobre o Egito e sobre as batalhas travadas na época. Não mudou muita coisa, mas descobri mais sobre o início de tudo.
Vale a pena o esforço e as palavras difíceis.
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Zé - #lerateondepuder 13/03/2023

O Egípcio
É bem certo que todo o livro agrega e traz aspectos que, provavelmente, irão aumentar nosso conhecimento, nossa visão de mundo ou, até mesmo, mudar nossa forma de pensar. Entretanto, alguns fazem esse papel com muito mais maestria do que outros. Este é o caso de ?O Egípcio, de Mika Waltari.
Se alguns livros tratam de certos assuntos é, realmente, impressionante a quantidade de temas que Waltari irá se concentrar. Se fosse somente pela detalhada história do Egito, que é contada com todos os requintes de seus pormenores e da forma mais agradável possível, como romance ficcional, por si só já valeria a pena.
Mas é sobre a medicina em suas peculiaridades de sua prática histórica; da vida e do pós morte, com a rica apresentação da minúcias do embalsamamento; da crença religiosa de um povo e o papel de um Deus para uma sociedade; do destino e as razões para se viver, com a visão existencialista; das questões da desigualdade e escravidão imposta; das ambições dos governantes sempre tripudiando os governados; das políticas diplomáticas e interesses entre as nações; da guerra em seu emprego tático pormenorizado; dos relacionamentos que vão da amizade, amor e desamor; até da juventude e velhice, passando, também, pelos aspectos mitológicos históricos.
Esse Best Seller publicado no ano de 1945 e traduzido para o Brasil em 1954, é de autoria do magnífico escritor finlandês Mika Toimi Waltari, falecido em 1979. Extremamente produtivo, além de seus romances, criou poesia, contos, romances policiais, peças teatrais, ensaios, histórias de viagens, roteiros de filmes, dentre diversas outras peças literárias. São mais de 30 só os romances publicados e pelo menos o dobro em termos de contos.
A história se desenvolve no Egito antigo e acompanha a vida de Sinuhe, um médico, desde a sua infância até a sua velhice. Esse protagonista é um homem que busca constantemente a verdade e a sabedoria, viajando pelo Egito, Núbia, Mitanni e Hatti em sua jornada de autoconhecimento. Nessa jornada eletrizante, ele presencia grandes eventos históricos, incluindo a vida e morte de vários faraós, como Amenófis IV ou Aquenáton e o reinado de Tutancâmon, dentre outros.
Adotado por um médico sem expressão e que só atendia os mais pobres, Sinuhe acaba seguindo a profissão do pai adotivo, mas se insere na corte dos faraós, aprendendo técnicas médicas específicas que são elucidadas com toda maestria. Por ser um clínico que frequenta a corte dos poderosos, não só pratica a medicina, mas incide politicamente nos destinos de reis e suas nações.
Sinuhe é um ser que vive questionando seu papel no mundo, ao mesmo tempo, trazendo a reflexão sobre as clássicas questões da vida, como a (des)igualdade, a miséria que pode viver a maioria e a iniquidade dos homens, principalmente, dos dirigentes do povo. É uma trama mostra uma pessoa simples e extremamente sincero, por vezes, com poder e dinheiro, que desdenha desses, sempre que pode.
Interessante destacar o ponto de vista dos relacionamentos mais íntimos. Todas as pessoas que Sinuhe ama acabam morrendo de forma trágica, de seus pais, a seu filho, com destaque para as suas companheiras, com as quais nunca tem um relacionamento pleno. Talvez seja por conta da sua primeira paixão aterradora, que o faz perder tudo que tem, deixando um legado de desconfiança para com as mulheres.
Uma obra de quase 80 anos, tem mais de 500 páginas, com uma linguagem que flui e prende o leitor, mas que necessita de muitas consultas ao dicionário, pela grande quantidade de termos rebuscados, uma vez que retrata a escrita formal das primeiras décadas do século passado. Lê-la em um leitor de livros digitais vai tornar a consulta às palavras não tão usuais em nossa escrita atual, bem mais dinâmica.
O Egípcio" é uma leitura incrivelmente enriquecedora e um exemplo perfeito de como uma obra de ficção histórica pode ser tão divertida e, ao mesmo tempo, ter um caráter informativo. É mais que notória a pesquisa pormenorizada que o autor fez sobre o Egito, nações vizinhas, seu povo e seus hábitos, de civilizações que viveram há mais de 3000 anos.
Abordando questões filosóficas profundas e temas de todos os tempos, como a busca pela verdade, a natureza da existência e a relação do homem com os deuses, deixa um verdadeiro legado de reflexões ao leitor, independentemente de qualquer idade ou época em que será lido, uma vez que acerta em cheio nos valores mais universais do ser humano. Diria que é um livro, obrigatoriamente, a ser lido por qualquer pessoa, pelo menos uma vez na vida.
#lerateondepuder
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Luciana.Viveiros 19/04/2022

Amei a diferença
Uma reconstituição total de uma era até hoje não devassada pela ficção, e como tal, enriquecem-na veias túmidas de fascinante erudição. Inteiramente autêntica, está escrita num estilo literário de que pouquíssimas novelas históricas podem gabar-se. Passa-se no Egito, mais de um milênio antes de Cristo, e abrange tudo do mundo conhecido de então. Vem narrada por Sinuhé, médico do Faraó, e é a história de sua vida.
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Max 06/10/2021

O que estar Sozinho.
No início lembra David Copperfield de Dickens. De maneira geral é uma leitura agradável pena q apartir da metade a narrativa fica melancólica, mas acredito q isso não faça o leitor abandonar o protagonista, Sinuhe.
Nosso protagonista é muito carismático, e através dele conheceremos camadas tangíveis de ilusões e desilusões. Conheceremos também a natureza humana a sua repugnância e grandeza, e a luta de homem tentando compreende-las, e quase se tornado louco por isso...
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Nivia.Oliveira 19/12/2020

Sinuhe, filho adotivo de Senmut e Kipa conta-nos a história que se passa em Tebas. Como Moisés, ele nasceu no Egito e chegou num cesto pelo rio. Fator comum na época cujos bebês eram frutos de relações proibidas.
O contexto histórico é o momento em que Amenotep IV rompe com os costumes da tradição (mais ou menos 1348 A.C): para ele não havia vários deuses e sim um único Deus chamado Aton, representado pelo Sol com raios em formato de mãos. Construiu a cidade de Aketaton, a nova capital do Egito, hoje Tell el-Amarna.
Assim a história gira em torno dessa transformação que será combatida pelos sacerdotes por questões religiosas, políticas e econômicas.
O significado do nome das pessoas no Egito era muito importante e “Sinuhe” significa, “o que está só” e a história se revela coerente com seu epíteto.
Sinuhe queria ser guerreiro, mas se tornou médico. Ele me lembra o Rob do livro “O físico” de Noah Gordon (cujo título fora traduzido errado. O correto seria O médico!) Em suas viagens vai curando pessoas, conhecendo lugares e apreendendo muito sobre a cultura local. Diferindo, entretanto, quanto à ética... ☹
Sinhuhe vai para Esmirna na época na Síria (hoje Turquia) e Ilha de Creta (Grécia), porque esses povos estavam envolvidos na expansão territorial da época. O bacana é que ele sempre retorna à terra natal!
A Cidade dos Mortos é uma espécie de funerária onde os corpos eram mumificados e algumas vezes profanados. Há relatos de técnicas de embalsamento como retirar o cérebro pelo nariz com pinças.
A Cidade da Vida: uma espécie de hospital e faculdade de Medicina. Inclusive os egípcios nos deixaram um legado medicinal: no infográfico conto tudo. (piscadela)
Thothmens, amigo de Sinuhe é uma alegoria ao artista que queria inovar: no Egito a arte era restrita às regras. Veja mais detalhes no infográfico.
Meu pavor de infância era MINOTAURO após assistir O Sítio do Pica-pau Amarelo do Monteiro Lobato! E ele aparece no livro para mostrar a influência da Mitologia Grega nos povos precedentes. Sinue incorpora Teseu...e esse capítulo vale o livro!
As MULHERES que passaram pela vida do nosso protagonista são alegorias para os vários tipos femininos: Nefernefernefer faz o tipo mulher fatal dominada pela vaidade. Nefertiti, a Monalisa do Egito é bela, super-mãe e astuta. Kipa, representa a mulher sonhadora e resignada. Bat, deusa do amor tem a configuração de um gato: “patas macias que escondem unhas”. Mineia: a atleta focada; o espírito livre, porém casto. Mérito: o dom da maternidade. Taia, Rainha-mãe: a feiticeira. Baketaton: a vingativa. Muti: a generosa.
Para relatar a importância da MORTE para os egípcios, Sinuhe provoca algo terrível para sua família... :(
Quando uma pessoa morria normalmente já havia preparado todo um ritual funerário para entrar na imortalidade. Porque morrer no contexto da época, era passar para outra vida (Terra do Poente). Daí a inclusão de alimentos, riquezas e objetos pessoais nos túmulos. Mas os criminosos eram jogados no rio ou para as feras.
Apesar de vários dramas que transpassam a vida de Sinuhe, há uma pegada cómica principalmente com o escravo e amigo Kaptah.


site: https://www.instagram.com/niviadeoliver/?hl=pt-br
Deivi.Lucio 30/12/2020minha estante
Maravilhosa resenha , lendo o livro também lembrei do Físico.




Graci 02/07/2020

Uma nota sobre O Egípcio
Um livro cheio de encantos, desde o tempo, cenário, contexto histórico, até os personagens, que são fortes, marcantes e imortais.
O Egito sempre me fascinou e ler esse romance foi uma aventura bonita pelas terras dos faraós. É muito bem ambientado, o ritmo é bom, leve e a narrativa, apesar de muitas vezes triste, é tão humana que não cansa quem está lendo.
Tem mistério, tem reviravolta, tem amor, tem aventura, tem viagens, tem valores...uma versão crua e portanto um pouco cruel das questões sociais, de classe e de desigualdades..
É um livro antigo, que retrata uma história ainda mais antiga, há 2000 mil antes de Cristo e ainda assim, tão atual!
Tão atual a brutalidade dos poderosos, o lugar dos pobres e escravos e a resistência, até mesmo deles, de ocupar novos lugares sociais. Afinal, o desconhecido traz medo.
Que medo vislumbrar uma sociedade onde a terra é de quem a cultiva, onde não há escravos e senhores e onde não há guerra. Pois a paz, deve ser conquistada sem sangue.
Akhnaton sempre foi o meu Deus favorito do Egito. Pela sua coragem, pela sua audácia, e aqui entra uma parte da ficção, pelo seu coração.
Que esse livro se perpetue assim como seus deuses retratados, pois a luz de Aton, a verdade de Sinhué, e as palavras de Mika Waltari são dignas da eternidade.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 17/07/2018

No Tempo Dos Faraós
Mika Waltari (1908-1979) é o maior escritor finlandês. Entre seus sete romances históricos, O Egípcio destaca-se como o mais conhecido e já foi traduzido para mais de 40 idiomas.

Abordando a corrupção e a decadência dos valores morais, esse livro foi publicado em 1945, no final da Segunda Guerra. Indubitavelmente, uma ocasião bastante propícia, porém, a atemporalidade do tema mantém o interesse e garante frescor à narrativa.

Mediante um exaustivo trabalho de pesquisa, Waltari se inspirou numa das obras mais populares da literatura do Antigo Egito, Aventuras de Sinuhe, um funcionário da corte que teria vivido no tempo dos faraós da XII Dinastia e cujos relatos de viagem forneceram a mais antiga descrição sobre a Síria e a Palestina. No entanto, o autor resolveu transferir sua história para a XVIII Dinastia, particularmente, para a época do Faraó Amenófis IV, um importante período da história da Antiguidade.

Seu protagonista também se chama Sinuhe e é um médico. Já velho, ele vai contando sua vida, desfiando um rosário de intrigas, mortes e guerras, entrelaçadas a uma boa dose de ódio e paixão. A narrativa mescla ficção e realidade e eviscera com crueza o dia a dia dessa misteriosa civilização, aliás, o escritor é mestre na reconstrução do passado: O Anjo Negro, considerado sua obra-prima, exibe um importante retrato da Queda de Contantinopla em 1453.

O Egípcio foi adaptado para o cinema em 1954, mas o filme, dirigido por Michael Curtiz, deixa muito a desejar. Merece destaque apenas a atuação de Peter Ustinov como Kaptah, o servo do protagonista.

Finalmente, essa história marcou profundamente minha formação como leitora. Foi uma divisora de águas entre as adaptações dos clássicos para o público infanto-juvenil e os policiais de Agatha Christie que marcaram minha adolescência. Cinco estrelas e das mais saudosas.
Carlos Nunes 21/12/2020minha estante
Esse livro é excelente! Acabei de publicar um vídeo falando de dois outros livros dele: O ROMANO e O SEGREDO DO REINO.


Leila de Carvalho e Gonçalves 22/12/2020minha estante
Não li. Seu vídeo foi publicado no YouTube?


Carlos Nunes 22/12/2020minha estante
Tá aqui o link: https://youtu.be/1taBCszZeQE


Leila de Carvalho e Gonçalves 22/12/2020minha estante
Grata, vou assistir.


Leila de Carvalho e Gonçalves 22/12/2020minha estante
Grata. Assisti-o vídeo e já me inscrevi no canal.




Paulo.Cesar 31/01/2017

Seria Aton o Deus de Abraão
A história de Akenaton é um "aposto" na história do Egito antigo. O que teria levado um faraó a mandar derrubar todos os deuses do Egito, fechar os templos politeístas e instituir o monoteísmo a religião oficial das duas terras? Se tivesse dado certo talvez hoje o Egito estaria dividido em antes de Aton e depois de Aton; assim como nosso era cristã! rsrsrsrsrsrs
Diferente de Geralds Messadié e Christian Jacq, Waltari e rico no texto no que diz respeito a Literatura; mas dizer que as coisas aconteceram daquele jeito... Sei não.
Há um documentário do History Channel sobre Nefertiti muito mais interessante e belo do que a narrativa histórica do "O Egípcio". Ah! E o filme não chega perto da riqueza literária que Waltari trata o livro.
Eu pessoalmente creio que Aton é Deus - numa espécie de sincretismo, mas a deificação doença comum aos que chegam no poder - levou Amenófes IV a querer ocupar o lugar de Aton, assim como Lúcifer queria pegar o próprio lugar de Deus; daí a queda. rsrsrsrs
Vale ser lido para quem gosta do gênero Romance Histórico ou gosta do Antigo Egito.
Beijos
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Bruce 21/12/2016

Muito bom
Muito bom o livro o personagem parece um Forest Gump egípcio no sentido que de alguma forma se via envolvido nos maiores acontecimentos do seu tempo.
Existe a versão cinematográfica que conheci inclusive antes do livro, apesar de relativamente bem adaptado para o cinema o livro é ainda muito melhor.
Nath @biscoito.esperto 14/04/2017minha estante
HAHAHAHA melhor comparação! Forrest Gump egípcio kskasjasjasja adorei!




natygs 26/06/2016

O melhor livro
Eu gostei tanto, mas tanto desse livro, que depois que o li, comecei a ter uma fascinação incrível pelo Egito. A leitura é deliciosa. Aqueles livros que te deixa triste quando acaba. Aquele livro que vc indica para todos, porque acredita que todos deveriam ter a experiência de lê-lo.
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Nélio 20/06/2016

Terminado: O EGÍPCIO, de

Mais um livro sobre o Egito! Não me canso da temática! E não sei explicar muito bem o porquê disso! Mas posso afirmar que gosto muito!
E este não foi muito diferente, apesar de a época retratada na obra (o reinado do faraó Akhenaton, aquele que no auge do Egito politeísta resolveu instituir o culto a um só deus, Aton) já ter sido retratada em outros livros que li.
Entretanto, a obra é sobre Sinuhe, um egípcio que lutou para sobreviver, venceu e correu mundo buscando conhecimento, além, claro, de fugir de seu passado. Tornou-se médico e não se restringiu ao exercício da medicina com o desejo de se enriquecer. Ele ganhava dinheiro e o perdia com naturalidade (rsrs)... Seu intuito maior se mostrou como sendo o de ajudar quem precisava, no desejo de aprender sempre mais sobre a medicina e sobre as pessoas.
“Vivi em todos aqueles que viveram antes de mim, e viverei nos que vierem depois de mim. Viverei nas lágrimas e nos risos humanos, no medo e na mágoa humana, na bondade e na torpeza humana, na justiça e no erro, na fraqueza e na força. Não desejo oferendas na minha sepultura e nem imortalidade para o meu nome.”
Destaco do livro alguns temas cuja análise foi se aprofundando ao longo do texto: a relação entre o povo e seus governantes e os deuses; a escravidão; respeito às tradições e o enfrentamento com o novo; desejo de vencer e acertar etc.
As mulheres são um capítulo à parte na obra. Força, determinação, coragem, abnegação são alguns dos valores que elas traziam em si, mas houve também muita maldade por parte de outras. Nada além do que é o ser humano: aquele ser que age segundo seus interesses ao mesmo tempo que é permeado ou não por seus valores. Cito uma das passagens enigmáticas do livro:
“A mulher é como um gato e por que motivo, também se assemelha a um gato, a paixão. Suas patas são macias, mas escondem unhas que arranham, dilaceram e que entram sem dó nem piedade pelo coração adentro. Ah! Deveras a mulher é como um gato, pois um gato também se entretém em atormentar a sua presa e em torturá-la sem jamais se cansar de tal brinquedo. Só depois que a criatura fica tolhida é que ele a devora e trata depois de procurar outra vítima.”
Foi uma leitura que fluiu, que cativou tanto pela ação quanto pelas personagens.
Muito bom, o livro!
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Dioneia.Rios 14/01/2016

O Egípcio é um livro ótimo, apesar de não ser um documento histórico, quando se lê têm-se a nítida impressão de que tudo que está ali descrito foi exatamente assim que aconteceu. A linguagem é agradável, tornando a leitura dinâmica e fluente.
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