Fajopa 25/12/2015
MAIS DO QUE COMPLETA
Conheci a música dos Smiths depois que eles já tinham encerrado a carreira, mais precisamente por volta do começo dos anos 90, quando o meu primo Renato me emprestou uma fita cassete com uma coletânea das melhores músicas deles.
Foi paixão a primeira vista, a ponto de em menos de um mês eu já ter em mãos todos os Lps deles lançados no Brasil e sair devorando um a um, decorando as músicas e até usando um velho caderno para colocar todos os títulos das músicas, os Lps onde as elas aparecem e outras informações pertinentes, como traduções das letras. Eram tempos sem excel e internet e um trabalho muito mais árduo, mas prazeroso para um jovem em estado de êxtase.
Essa biografia de Tony Fletcher, "The Smiths, A Light That Never Goes Out" aborda diversos aspectos na trajetória da banda, desde a mais tenra idade de cada um dos membros, principalmente Morrissey e Johnny Marr. A infância, a adolescência, a característica dos bairros de trabalhadores de Manchester onde viveram, suas influências musicais, os movimentos pré início da banda, a obstinação de Morrissey em ser reconhecido, concentram boa parte do livro, por isso aqueles que talvez não sejam tão fãs podem ficar "de saco cheio" de tanta informação, tantos detalhes.
Mas esses detalhes são importantes para o entendimento do que aconteceu de revolucionário nos 5 anos em que a banda durou, com músicas que estarão para todo o sempre no imaginário dos antigos fãs e dos mais atuais, pois eles se multiplicaram com a intensa produção dos Smiths tendo grande importância como trilha sonora de filmes, trilha de propagandas, servindo de inspiração para novos fãs e outras bandas de renome que surgiram, como James, Oasis, Housemartins, Libertines, Stone Roses, Legião Urbana (apesar do Renato Russo sempre ter negado a influência), entre muitas outras.
Já me perguntei algumas vezes sobre o que ocorreu comigo quando ouvi os Smiths pela primeira vez, um daqueles dias em que você de certa forma se encontra com algo que fará parte de sua vida até o final dos seus dias. Terá sido o vocal fora do normal de Morrissey, a melodiosa guitarra de Johnny Marr, a cozinha mais do que perfeita (bateria + baixo) entre Andy Rourke e Mike Joyce, as letras poéticas e profundas de Morrissey ou será um pouco de cada um desses elementos?
Creio que seja essa junção perfeita de todos esses componentes, pois se pegarmos as carreiras de cada um dos membros pós Smiths, veremos que nenhum deles chegou nem ao menos próximo da riquíssima produção entre 1982 e 1987, apesar de Morrissey ter tido uma carreira solo de relativo sucesso e um primeiro disco muito bom.
Certamente não veremos o grupo se reunindo para uma turnê mundial para angariar algumas libras como muitas bandas costumam fazer, pois no fundo eles sabem que o momento mágico já passou e uma das características mais marcantes é que no fundo eles nunca estiveram atrás da grana que a fama traz, algo muito raro nos dias de hoje. Queriam apenas divulgar sua arte por meio de canções e fizeram isso com extrema maestria.
Vida longa aos Smiths!!!