Lina DC 15/07/2014"Então, conheci minha irmã" é uma linda história sobre perdas e auto-descobrimento. Como a sinopse explica, Summer é uma adolescente que passou a vida inteira sentindo-se à sombra de sua falecida irmã Shannon.
Shannon, segundo seus pais, era uma jovem brilhante de 17 anos que faleceu em um acidente de carro. Ela era uma aluna exemplar, que estava matriculada nas aulas avançadas e que nunca fazia nada de errado. No presente, a casa ainda tem um corredor repleto de fotos dela e o seu quarto permanece intacto. Um perfeito santuário intocado pelo tempo.
Apesar dos pais não conversarem abertamente com Summer sobre a vida deles na época em que sua irmã estava viva, Summer sempre sentiu-se sufocada pela tentativa de perfeição que sua mãe impõe. Então, ela decide agir exatamente ao contrário: mesmo sendo muito inteligente, ela não é uma das melhores alunas e nem demonstra interesse na escola.
A única pessoa que é capaz de alcança-la é o seu melhor amigo Gibs, um nerd assumido, preocupado com os estudos que é incrível.
Summer é uma personagem maravilhosa. É impossível para o leitor não se identificar com ela ou querer protegê-la. Ela se faz de forte, durona, mas ao acompanhar a vida de Shannon no diário vemos a necessidade dela de se conectar com a família, de se sentir amada e desejada e não apenas uma substituição.
Gibs é o melhor amigo de todo o mundo! Ele é compreensivo, inteligente, engraçado e um pouco sem noção em relação ao seu charme (Leah Rollins e Kendall Popwell que o digam!).
A relação entre os dois é bonita de se observar. É genuína, pura e tão natural que chega a emocionar.
É inimaginável o que os pais de Summer passaram. Perder uma filha e ainda tentar seguir em frente não é uma tarefa fácil. Por isso, mesmo a mãe apresentando uma certa rispidez em alguns momentos e o pai se tornando uma pessoa apática, o leitor ainda quer acalentá-los.
Um dos grandes destaques do livro é o próprio diário da Shannon. A autora conseguiu através desse diário tornar Shannon uma personagem presente o livro inteiro. Acompanhamos suas dores, desilusões, amores e esperanças e concluímos que como todo mundo, ela era imperfeita, ingênua, às vezes estúpida e em outros momentos brilhante.
A interação de Summer com o diário é impactante. A maneira como ela absorve as palavras e começa a conhecer a sua irmã demonstra que mesmo aqueles que já nos deixaram tem um grande impacto em nossa vida.
A escrita de Christine Hurley Deriso é apaixonante. Ela consegue ser emocional sem ser exagerada e através de seu texto consegue conectar o leitor as duas irmãs.
O enredo é muito bem desenvolvido, claro e lógico, mas ao mesmo tempo consegue trazer algumas surpresas e revelações que tiram o nosso fôlego.
A história fala de relacionamentos. Sobre como recomeçar uma família que foi atingida por uma grande tragédia. Fala de perdão e a necessidade de nos sentirmos conectados as pessoas que amamos e convivemos. É uma história de segundas chances...
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um excelente trabalho. A capa, que à primeira vista é tão simples, chama a atenção e representa tanto da história.
"- Às vezes, no diário, ela é tão incrível, sabe? Engraçada, real e perceptiva. Outras vezes, porém, ela é essa garotinha apaixonada sem juízo e ridícula, o tipo de garota para quem reviro os olhos na escola. E se a tola acabou ganhando no fim?" (p. 201)